Julie não demorou a sair da sala assim que a aula acabou. Ela manobrou entre as pessoas no corredor com maestria, mas distribuindo algumas desculpas pelo caminho.
Não é como se ela não gostasse daquela aula, até porque ela mesma tinha selecionado a matéria de desenho como parte de seu primeiro ano. E, em dias normais, ela conversaria com a professora e tiraria dúvidas depois do horário. Mas ela tinha um compromisso e já estava atrasada.
Ela foi recebida por uma lufada de ar fresco quando saiu do prédio. O calor agradável do sol matinal e a leve brisa fria de novembro eram muito bem vindos e faziam um belo trabalho em acordá-la, junto com o copo de café em sua mão. Ela esperava não precisar de um refil. Seu corpo já tinha aguentado cafeína o suficiente nas últimas semanas para valer pelo ano inteiro.
Julie atravessou o campus em tempo recorde. Não demorou para encontrar Willie esparramado em um dos bancos. Seus longos cabelos castanhos estavam soltos e o moletom crop top estava manchado de tinta, como quase todas as roupas dele.
— Você passa mais tempo aqui do que muitos alunos. — Anunciou sua presença e se jogou do outro lado do banco. O homem abriu um sorriso preguiçoso e se sentou. — Eu fico surpresa que você ainda não tentou invadir alguma aula só pra ver se te descobrem.
— Aulas não são muito pra mim, você sabe que eu já tentei. Minha arte evolui por si mesma, livre como um pássaro. — Esticou os braços acima da cabeça, espreguiçando-se. Tirou um dos fones do ouvido e a ofereceu. — Começou não tem muito tempo.
— Eu tenho quinze minutos até ter que correr pra próxima aula. Vinte se eu chegar atrasada.
Aceitou de bom grado o fone. Empurrou os óculos mais para cima e passou uma mão nas tranças gêmeas antes de puxar os pés para cima do banco. Seu cabelo já estaria um desastre se ela não o tivesse prendido na noite anterior.
Julie fechou os olhos e deixou que as vozes a envolvessem.
— ... uma semana livre antes do Panic! At The Disco se reencontrar com a gente no Reino Unido. É sempre divertido, porque nós não tínhamos saído dos Estados Unidos antes, só o Reg. E ter uma semana pra conhecer um lugar é uma coisa que a gente mal pode esperar. — Bobby disse.
— E quais os planos de vocês nesse tempo? — O entrevistador perguntou.
— Viajar, conhecer as cidades.
— Conhecer pessoas. — Reggie complementou a fala de Alex. Se ela conhecesse o irmão bem, e conhecia, ele estava mexendo as sobrancelhas de forma sugestiva.
— E tocar por aí. A gente sempre tá pronto pra fazer a nossa música ser ouvida. — Luke, como sempre, estava animado para falar sobre a própria música.
Julie lembrava de quando ele a contou sobre a entrevista. Não era a primeira da qual a Sunset Curve participava, mas ainda era uma novidade para a banda. Ele estava quase radiante porque, nas palavras dele: "são entrevistas que a gente não teve que implorar pra ter, Jules. Sem conexões, sem bajulação. É assim que a gente consegue ver o tamanho do nosso reconhecimento.".
Ele não estava errado. Essa entrevista em uma rádio de Los Angeles abiria muitas portas para a banda.
— Para quem caiu de paraquedas aqui, permitam-me apresentá-los à Sunset Curve, uma banda de pop punk e rock em ascensão da nossa maravilhosa Los Angeles. — O entrevistador introduziu e um pequeno sorriso surgiu no rosto de Julie. — Composta por Luke, Reggie, Bobby e Alex, o nome Sunset Curve começou a aparecer no cenário musical por volta de quatro anos atrás. Como foi passar por esse processo quando vocês tinham, o quê, dezesseis anos?
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Long Distance
FanfictionQuando Sunset Curve recebe uma proposta irrecusável e Julie é aceita em uma faculdade, ela e Luke devem descobrir como lidar com um relacionamento à distância.