Mês 6

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Julie nunca achou que fazer compras fosse relaxante. Mas, Deus, Carrie tinha razão. Era terapêutico de uma forma um pouco estranha.

— Uh, esse aqui ia ficar ótimo em você. — Carrie ergueu um cabide e o colocou em frente ao corpo de Julie, analisando-a.

Ela não podia negar que a peça era muito bonita. Um vestido sem mangas e em tom azul petróleo que descia até um pouco antes de seu joelho. As contas no decote a lembravam bastante do vestido de sua quinceñera, mas com a saia bem menos bufante.

— Querida, eu acho que você encontrou o ouro. — Flynn concordou. — Vai ficar perfeito com o meu salto preto de tira ou aquela bota de couro. Junta isso com uma jaqueta e você tá pronta pro natal de família. Ainda vai acontecer, né?

Ah, sim, o natal Molina-Sánchez, uma tradição da mãe dela.

Rose acreditava que o natal era sobre vida e nada era melhor do que ficar com a família. Então ela fazia questão de unir os Sánchez e os Molina que moravam nos Estados Unidos em uma grande festa. Unir as partes mexicana e porto-riquenha de sua família era um caos e um pouco exaustivo, mas também divertido.

Sem Rose, o natal tinha sido difícil. Ainda era, mas estava melhorando aos poucos. Seria a segunda festa sem ela.

— Vai e esse vestido é lindo. — Julie correu os dedos pelo tecido liso e macio, mas parou ao ver a etiqueta de preço. — E totalmente fora do meu orçamento. Que roubo é esse? Quem sabe em outra vida.

— Ótimo, vai ser o seu presente de natal.

Sem deixar espaço para discussão, Carrie jogou o vestido junto aos outros pendurados em seu braço e saiu andando. Julie não sabia porque estava surpresa. Elas estavam em uma das lojas chiques que a Wilson gostava, era de se imaginar que ela faria algo do tipo.

— Isso foi tão sexy. — Flynn murmurou e Julie a olhou desacreditada. — O quê? Eu sou só humana. E você é a última pessoa que pode me julgar.

— Por quê? Eu não fiz nada pra ser atacada assim.

— Ah, não? Eu vou te lembrar isso da próxima vez que eu tiver que ficar no mesmo ambiente que você e o garoto apaixonado enquanto ele tem algum instrumento nas mãos. Você emite faíscas.

Ela fez um movimento de explosão com as mãos e saiu atrás da namorada com um sorriso arrogante no rosto. Julie ficou boquiaberta por um momento antes de se apressar para alcançá-las.

— Willie ainda vai encontrar a gente? — Carrie perguntou.

— Sem mudanças de planos até agora. Ele disse que, se a reunião com a galeria atrasasse, ia avisar e encontrar a gente lá em casa. — Julie afirmou, dando uma conferida no telefone. Nenhuma mensagem de Willie.

— Eu ainda não consigo acreditar que ele pode mesmo conseguir essa exposição. E sem a minha ajuda. — Ela não sabia se Flynn estava feliz ou indignada. Talvez um pouco dos dois.

— E eu não acredito que ele vai de boa vontade sair daquele ambiente fino e se submeter aos mandos da sua tia tirânica.

— Care, você prometeu que ia se comportar. — A loira revirou os olhos para a repreensão da namorada e voltou ao caixa para pagar as compras.

— E Tía Victoria nem sempre é tão ruim. É a primeira vez que a festa de natal vai ser lá em casa em anos e o Reggie não tá aqui pra ajudar ela a organizar. Ela só tá um pouco estressada demais.

— Então ela fica controladora quando tá estressada. Não é nada que a gente não consiga lidar. — Flynn concordou com a amiga. — É só se encher de espírito natalino.

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