Mês 2

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— Nós vamos em uma aventura hoje! — A voz de Reggie soou no ouvido de Julie como se ele estivesse ao lado dela e a menina estremeceu. Ele ainda não tinha aprendido a falar a uma distância do telefone.

— E você precisa falar longe do telefone. — Alex o repreendeu e a boca da menina se ergueu no canto em um sorriso. — Francamente, Reg, você ainda vai deixar alguém surdo.

— Só se for depois de arrasar no baixo com o amplificador nas alturas. — O homem respondeu e Julie podia apostar que ele tinha mostrado a língua para Alex. Ela conseguia imaginar quase de forma perfeita o rosto de desagrado do loiro, mas não era capaz de ver no momento. O celular dela estava do outro lado do balcão e ela estava ocupada o suficiente para poder checar.

— Isso não... Ok — disse Alex e cacheada precisou morder o lábio inferior para evitar a risada. Era uma cena tão comum que aqueceu o coração dela. — Por que você não fala o que a gente vai fazer?

— É uma surpresa, Alex. — Foi a vez de Bobby falar. A voz dele estava um pouco mais distante, e ela assumiu que ele estivesse atrás de Reggie. Era possível ouvir o barulho de carros e buzinas do outro lado, por pouco não sobrepondo a voz do homem. — Se a gente falar, não vai ter o mesmo efeito.

Julie desviou sua atenção da voz dos meninos por um momento para se concentrar no que fazia. O copo na mão dela já estava cheio e quente o suficiente para ser um pouco incômodo, então ela voltou a se mover. Terminou o café e tampou o copo, voltando para a frente do balcão. Ela passou o pedido para a mulher do outro lado, que apenas pegou o copo e saiu sem se dignar a olhar para a menina.

— Yikes! — Willie disse, olhando para Julie do outro lado do balcão e com o outro fone do par dela na orelha. — A educação é uma dádiva, né. — A cacheada agradeceu por ter pouca gente na cafeteria e nenhuma fila, então ninguém ouviria a crítica do amigo. Mas não pôde deixar de concordar.

Julie tinha conseguido um emprego em uma cafeteria perto da USC duas semanas antes e tinha sido uma experiência interessante, para dizer o mínimo. Era um estabelecimento não muito grande, mas bem cuidado e confortável. Tinha poucas mesas, rodeadas por sofás vermelhos que lembravam uma estética dos anos 80 e até uma velha jukebox no canto, que ela ainda não tinha conseguido fazer funcionar.

Ela tinha gostado até então. Era um bom ambiente e ela esperava que não fosse só um emprego de verão. O dinheiro do pagamento, mesmo que não tão alto, era sempre bem vindo e ela conseguia aguentar alguns clientes antipáticos.

— Ele tá tão bonito — choramingou o homem, olhando para o telefone dela. Um sorriso surgiu no rosto de Julie e ela se inclinou contra o balcão para ver a tela também, sendo agraciada pela visão de Reggie e Alex. — Ele não tem o direito de ser tão bonito.

— Nós estamos atualmente em Nova York e vocês podem nos ver tocar no show do Panic! At The Disco hoje a noite. — O irmão dela promoveu, acompanhado por uma piscada.

Os olhos de Julie se desviaram de forma automática para a contagem de audiência na live e o coração dela aqueceu de orgulho. O alcance da banda nas redes sociais tinha crescido muito com a turnê. Luke devia estar tão orgulhoso. E, ao pensar nele, ela percebeu que ele ainda não tinha aparecido.

— O que a gente tá achando da cidade? — Reg leu um comentário e franziu o cenho, pensando. — Bom, ainda não sei, na verdade. A gente chegou faz pouco tempo e é a primeira vez que a gente tá saindo. O que você diz, Alex?

— Cheio. — A câmera virou para o loiro, que encolheu os ombros. Um carro passou buzinando perto dos meninos e Alex torceu o nariz. — E barulhento.

— Como se Los Angeles também não fosse — zombou Bobby e Reg parecia ter levantado o celular, porque ela conseguiu ver o primo de Carrie atrás do baixista. Um pedaço do braço nu de Luke também pôde ser visto, ao lado de Bobby.

Long DistanceOnde histórias criam vida. Descubra agora