Voltei para o hotel após essa conversa um tanto quanto esclarecedora, não fiquei nem três horas na rua e já tive bastante informações. Fui direto para o quarto bastante pensativa mas feliz.
-Onde você estava? - Will perguntou quando me viu entrando pela porta.
-Eu fui procurar vocês e acabei me perdendo. - Fale enquanto pensava no que eu poderia compartilhar com ele.
-Aconteceu alguma coisa? - Ele se aproximou e tocou meus braços gentilmente.
-Nós precisamos achar um cara chamado ninguém. - Falei com convicção.
-Ninguém? - Ele me olhou como se eu fosse maluca e notei ele segurando uma risada.
-Isso! Ninguém! - Sorri para ele tentando amenizar a maluquice que eu transbordava.
-Ele pode estar na cidade dos esquecidos. - Dei um pulo de susto ao ouvir a voz do Sam vindo do outro lado do quarto. - A frase na entrada é: Aqui ninguém governa. Pode ser uma mensagem subliminar.
-Desde quando você estava aqui? - Perguntei ainda assustada.
-Eu estava aqui o tempo todo. - Ele sorriu e eu voltei minha atenção para o Will.
-Acho que estou ficando louca. - Sussurrei para ele que abriu um sorriso.
-Então vamos embora, esse lugar já deu o que tinha pra dar. - Sam se levantou e passou pela gente.
Will e eu o seguimos, em cinco minutos estávamos todos acomodados no carro e prontos para ir pra estrada novamente. Como antes, Will não deixou Sam dirigir, aparentemente ele não confiava muito assim no Sam.
Chegamos no nosso destino no fim da tarde, no meio de uma floresta enorme, não tinha nada ali, nem mesmo uma casinha para nos acomodarmos.
-Esquecido será e na estrada estará, a cidade está perdida e você não pode entrar. Somente aqueles que realmente precisam se lembrar, podem encontrar. - Sam recitou em uma voz calma e eu revirei meus olhos.
Sai do carro sem avisar e comecei a adentrar na floresta. Se é para achar esse lugar então temos que começar a procurar, mesmo depois que escureça. Escutei passos atrás de mim e olhei para ver quem me seguiu, era Will, Sam não tinha se dado o trabalho de sair de lá.
Continuei andando por lá, observando a vegetação e tudo em volta. Foquei mais no que estava no chão e percebi uma parte da grama bem mais verde do que a vegetação morta em volta, um verde mais vivo e menos real. Olhei para frente e vi duas árvores perfeitas uma ao lado da outra, com um espaço perfeito para uma pessoa passar entre elas.
-O que foi? - Will perguntou vendo minha expressão confusa.
-Não achou estranho? - Apontei para a grama e para as árvores. - Duas árvores perfeitas no meio de uma vegetação totalmente morta.
-Para falar a verdade, não. - Ele olhava para o local mas não parecia ver o mesmo que eu. - Mas já que falou. - Ele parou de frente para as duas árvores sem estranhar a existência delas ali.
-Passa no meio. - Parei atrás dele e cruzei meu braço.
-Tá bom. - Ele falou um pouco relutante e parecia com medo.
Will passou no meio e eu não vi nada mudar. Fiquei esperando por algo mas nada acontecia.
-Oh, meu Deus! - Ele me olhou com um sorriso fascinado. - Você precisa ver isso!
Atravessei as árvores e travei assim que vi a cidade enorme que se escondia ali.
-Ótimo disfarce, só quem passa no meio consegue ver. - Eu rodei no lugar olhando tudo aquilo, para uma cidade abandonada aquela está bem inteira. Isso é incrível e triste ao mesmo tempo. - Só tinha alguns pontos destruídos.
-O que aconteceu aqui? - Sam apareceu do nada.
-Se você que é o cérebro da equipe não sabe, quem dirá eu. - Olhei para o Will inconformada. - Eu pensei em falar time, mas equipe soa muito melhor. - Ele falou logo ao ver minha cara.
-Ok, vamos achar logo esse tal de ninguém para podermos dar o fora daqui. - Comecei a me afastar deles e ir para o meio de uma das ruas. - Alguma ideia?
-A única pista que temos é: Você não encontra ninguém, e ninguém te encontra. - Sam repetiu o que eu disse mais cedo. - Estamos na cidade dos esquecidos, acho que devemos nos separar e nos perder.
-Nos perder? - Will perguntou confuso e eu fiquei observando aquilo tentando ter uma ideia.
-Sim, entrar em ruas aleatórias e não gravar o caminho. - Sam falou como se fosse óbvio.
-Você é maluco. - Will riu e se aproximou de mim.
-Quietos! - Falei perdendo a paciência. - Mas faz sentido, não dá para encontrar alguém que não quer ser encontrado, então, cada um entre em uma rua e caminhe sem olhar para trás. - Will me olhou e balançou a cabeça como se dissesse que é uma péssima ideia.
Ignorei ele e comecei a andar sem rumo, apenas andar e olhar em volta, observar as construções mal acabadas, as que estavam caindo, os bares abandonados e os prédios que ainda dariam uma bela moradia. Fiquei andando por horas e horas e em um momento vi uma pessoa andando na minha direção, ao chegar mais perto eu percebi que não era ninguém novo, era o Will.
-Sério? - Perguntei dando uma risada e sacudindo minha cabeça. Aquilo era impossível.
-Essa coisa de andar não deu em nada. - Ele parou e se sentou na calçada. - Resultou nos meus pés doendo.
-Will... - Parei de falar ao ouvir um estrondo seguido de uma voz.
-Vocês são bem insistentes, devo dizer. - Era aquela mesma voz, vindo de todos os lados. - Eu teria desistido a muito tempo.
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A BRUXA
FantasíaEsconder o passado não é fácil, agora esconder o passado estando dentro da realeza é mais difícil ainda. A jovem Lisa encara esse desafio com todas as suas forças quando se vê obrigada a casar com o Principe Will. Em meio a descobertas sobre sua lin...