PRÓLOGO

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Luka, 8 anos de idade.

Estou escondido dentro do guarda-roupa, esperando o papai me achar. Mamãe e as minhas irmãs foram passear e eu fiquei em casa brincando de esconde-esconde com o meu pai.

A porta do quarto abriu e eu prendi a minha respiração, não movi um músculo e fechei os meus olhos para o meu papai não vê o preto no meio do branco dos meus olhos. Os passos dele ficaram silenciosos e isso era uma tortura para mim.

— Cadê o meu garotão? — vi pela fresta da porta o meu pai abaixando para olhar debaixo da cama — O papai vai te encontrar.

Ele chegou perto da porta e eu me encolhi todo, meus cabelos loiros caíram no meu rosto e eu balancei a cabeça para tirá-los, perdi o equilíbrio e caí nos pés do meu papai.

— Então é aí que você estava?

— Não valeu, eu caí.

O rei papai me pegou no colo e fomos para fora do quarto, ele parou em frente à grande parede de vidro da cobertura. Olhei para baixo e vi o parque onde o papai e a mamãe levam eu e as minhas irmãs para passear com o Kairos, o Ravy e a Bela.

— Quer levar o Kairos, o Ravy e a Bela para passear? — encarei os olhos escuros do meu pai e assenti.

Meu pai me colocou no chão, sai correndo até a lavanderia, os cachorros vieram correndo para o meu lado, mas eu virei e sai correndo para a segurança dos braços do meu pai. Ele me ergueu do chão e os três cães pularam na perna dele.

— Você não pode correr, senão eles vão correr atrás de você.

— Eles são enormes.

— Vou te colocar no chão, está bem?

— Sim, rei papai.

Meu pai me colocou no chão e pegou as guias penduradas na parede, ele me entregou a guia do Ravy. O cachorro veio correndo para o meu lado e se sentou na minha frente, passei a mão no sei pelo preto e prendi a guia na coleira.

Papai saiu na minha frente e eu o segui com o Ravy me puxando, saí pela porta e apertei o botão do elevador. Ravy balança a rabo freneticamente enquanto olha para a porta de metal. Olhei para o meu pai que me deu um sorriso enorme.

A porta do elevador abriu, entrei junto com o meu pai e ele apertou o botão para o térreo. Meu pai faz tudo que eu e as minhas irmãs queremos, mas não podemos deixar os brinquedos espalhados pela cobertura, senão não podemos assistir TV e nem mexer na Internet.

— Oi, Pedro, estou indo passar com os cachorros — cumprimentei o porteiro do nosso prédio.

— Tenham um bom passeio — Pedro me respondeu com um sorriso no rosto.

Pedro é o senhor que os meus pais contrataram para trabalhar na portaria, quando eles compraram o prédio inteiro. Meu pai segurou a minha mão para atravessar a rua, entramos no parque e como está cheio, o meu papai não deixou soltar os cachorros.

— Luka? — olhei para o meu pai — Segure o Ravy com força para não o deixar fugir.

— Pode deixar comigo! — olhei para um lado e tem um homem vendendo sorvete — Papai me dá um sorvete, por favor?

— Quando foi a última vez que você tomou sorvete? — ele me encarou com uma cara séria.

— Semana passada, quando a mamãe levou eu, a Tifane e a Gabryelle.

— Então vamos lá comprar, mas depois temos que comprar para as suas irmãs.

— Tá bom.

Dei um monte de pulinhos de alegrias, a guia do Ravy quase se soltou da minha mão, meu pai me olhou pelo canto do olho e eu dei um sorriso tímido. Segurei a guia com força e fui correndo para o homem do carrinho de sorvete.

— Luka Garcia, me espera!

Parei de correr e esperei o meu papai chegar perto de mim, eu sei que ele não vai brigar comigo, mas eu sempre o obedeço. O rei papai passou a mão nos meus fios loiros e longos.

— Luka, eu já disse para não correr para longe de mim. Agora vamos comprar sorvete.

Meus pais não gostam que eu e as minhas irmãs saímos de perto deles quando estamos passeando. Meu pai pediu dois sorvetes de amendoim, retirou o dinheiro do bolso e pagou para o homem de camisa vermelha e boné azul.

Meu pai me entregou o pote com sorvete e fomos para um banco perto do lago, ele prendeu os cachorros no banco e me colocou sentado, papai sentou ao meu lado e começou a comer o seu sorvete.

Dei a primeira colherada e meu cérebro congelou, coloquei a mão na cabeça e o meu pai deu uma risada baixa. Acabei o meu sorvete e o meu pai me chamou para ir embora, passamos no homem do sorvete e compramos um pote grande de sorvete.

Voltamos para a cobertura e as minhas irmãs estão sentadas no tapete conversando, fui até elas e me sentei ao lado da Tifane. Coloquei o pote de sorvete no meio de nós três e as duas olharam para mim.

— Isso é sorvete? — o azul dos olhos de Gabryelle ficaram claros.

— Sim.

— A gente pode comer? — Tifane olhou para mim e arrumou a sua postura.

— Claro.

Mamãe chegou na sala segurando três colheres, dei um sorriso alegre para a minha mãe que se prendeu nos braços dos papai, os olhos azuis da mamãe analisaram cada um de nós e depois se aproximou de onde a gente estava.

— Aqui as colheres para vocês comerem — ela entregou a colher para a Tifane, outra colher Gabryelle e uma para mim.

Abri o pote de sorvete e começamos a comer, meus pais foram para o quarto e eu e as minha irmãs ficamos comendo e assistindo o desenho animado que está passando na TV.

Entregue a Você (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora