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Luka, 24 anos de idade.

Acordei com o sol entrando pela janela do meu quarto, me espreguicei na cama e peguei o meu celular em cima da minha mesa de cabeceira. As mil e uma mensagem não respondidas no dia anterior ainda estão me esperando para responder, mas não estou com nem um pouco de vontade de conversar com as pessoas.

O liquidificador começou a fazer barulho na cozinha, minhas irmãs devem estar preparando alguma coisa para o café de aniversário de casamento dos meus pais. Me levantei da cama em um pulo e vesti a minha camisa e fui para a cozinha.

— Bom dia, irmãs lindas — peguei uma maçã e dei uma mordida.

— Bom dia, Luka — Tifane me estendeu uma faca.

Minha função no café da manhã de aniversário dos meus pais é cortar frutas e pães. Com todas as coisas prontas, montamos a mesa. Gabryelle foi chamar nosso pai.

— Então, vamos sair — Gabryelle voltou do quarto dos nossos pais.

— Trigêmeos do mal atacam novamente — Tifane pegou a sua bolsa em cima da bancada.

— Para onde vamos esse ano, irmãs do mal? — peguei a chave do carro do meu pai no chaveiro.

— Estava pensando em ir para CornorWood e depois ir para o Plaza beber — disse Gabryelle pegando a sua bolsa.

Eu e as minhas irmãs somos conhecidos como os trigêmeos do mal, já que o Alfredo tinha vendido a alma dele. Meu pai sempre diz para a gente não ligar para essas coisas e a gente não se importa com esses boatos, mas usamos para comandar tudo ao nosso redor.

Entramos no carro e eu me sentei no banco do motorista e Gabryelle sentou no banco do carona e a Tifane sentou no banco de trás. A gente ia para CornorWood, mas nunca passamos na casa dos nossos avós. Porque tiramos o dia para nós três. Quando estávamos na faculdade, não nos encontramos muito. Só nós vimos à noite.

O dia passou rápido e eu e as minhas irmãs ficamos na cabana da minha mãe. Ficamos andando de quadriciclo e velejando pelo lago. Agora estamos no Plaza bebendo e dançando.

— Luka, estamos indo para casa — Tifane me avisou.

— Está bem, daqui a pouco eu vou.

Dei um beijo na bochecha das duas e voltei para o bar, me sentei ao lado de uma garota. Pedi um copo de uísque, olhei pelo canto do olho para ela. Está usando um vestido vermelho curto e justo, uma maquiagem chamativa e um salto alto.

Se eu julgasse as pessoas pela aparência, falaria que essa mulher é uma garota de programa. O garçom colocou o copo de cristal na minha frente, colocando dois cubos de gelo e serviu o uísque.

Um senhor se aproximou da garota e estendeu a mão, ela aceitou e foi com ele para dentro de um dos elevadores. Virei para o bar e chamei o André que não está servindo ninguém.

— Quem é aquela garota? — perguntei apontando para o elevador.

— E uma garota qualquer que vem beber aqui.

Eu sei que ele está mentindo, aquela garota não é uma pessoa qualquer, ela está aqui para algum propósito e eu irei descobrir nem que seja do jeito mais difícil.

— É melhor me contar a verdade, André.

Ele engoliu em seco e se abaixou atrás do balcão. Quando levantou, me entregou um papel e foi atender um cliente que o chamou. Peguei a minha carteira e retirei cinco notas de duzentos e deixei em cima do balcão.

A cobertura dos meus pais fica a poucos metros de distância do Hotel Plaza. Morar com os meus pais sempre foi a única opção, mas eles não deixam que a gente tenha um minuto de paz. Cada um tem uma função na casa, a minha, por exemplo, é limpar a biblioteca, lavar a louça no meu dia e arrumar a sala principal.

Abri o portão da portaria com o código e fui direto para o elevador, disquei o código e as portas se fecharam. Enfiei a mão dentro do meu bolso e peguei o cartão. Meus instintos estavam certos, ela é uma garota de programa.

Kamily Moreira, esse deve ser o nome artístico dela, as pessoas que trabalham nessa profissão preferem deixar seus nomes escondidos. O número do celular dela está logo abaixo do nome. Uma das coisas que me chamou atenção foi as pequenas letras no canto do cartão.

Atendimento em domicílio.

Meu pau entendeu essa pequena frase como um convite para eu ligar para ela e a contratar por uma noite inteira, mas não sei se uma noite só ia ser o bastante pelo tempo de celibato que eu estou.

As portas do elevador abriram, olhei para o hall de entrada e tudo está diferente. Olhei na lixeira e vi o vaso de vidro que deveria estar em cima do aparador. Balancei a minha cabeça impedindo que a minha cabeça imaginasse os meus pais transando no hall de entrada.

Digitei o código na porta e entrei para dentro, o silêncio domina todo o ambiente. Segui o meu caminho para o segundo andar caminhando na ponta do pé, as luzes dos quartos estão todas apagadas e só a iluminação noturna do corredor está ligada.

Entrei no meu quarto e fechei a porta devagar, tirei a minha roupa e fui para o banheiro. Joguei as peças no cesto de roupa suja e entrei no box, liguei o chuveiro e jatos de águas começaram a molhar os fios loiros do meu cabelo.

Tirei o cabelo do meu rosto e acabei de me enxaguar, me sequei e peguei uma cueca da gaveta do armário e vesti, saí do bainheiro e fui direto para a minha cama. Ficar bêbado não é do meu tipo, ter que acordar com ressaca é uma das piores coisas e também não posso abaixar a minha guarda em momento algum, ainda mais se isso resultar em decepcionar os meus pais, que sempre me deram tudo.

Olhei para o espelho em cima da minha cama e fiquei me encarando. Eu sou uma cópia quase perfeita do meu pai, a não ser pelos cabelos loiros que eu herdei da minha mãe.

Passei a mão nos fios dourados, medindo o seu tamanho. Nunca tive a ideia de cortar o meu cabelo estilo militar, deve ser por conviver com o senhor Aaron Garcia que tem o cabelo grande, não vejo graça em ter o meu baixo.

Me virei de bruços enfiando a mão debaixo do travesseiro, fechei os meus olhos e com o cansaço do dia corrido de hoje, não demorou para o sono me consumir por inteiro.

Entregue a Você (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora