Trinta

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Melina Martins

Estar frente a frente com o homem que provavelmente é meu pai foi desgastante. Ouvir Tábata me diminuindo naquele banheiro foi humilhante.

Mas ter me permitido transar com Deon foi uma viagem até o fundo do poço. Não estou arrependida do ato, mas de ter sido com ele.

Deixei que a atração que eu sinto por ele se misturasse com o calor que meu corpo emana e agora estou aqui, trancada no banheiro e pensando no que fiz.

Foi o momento mais incrível que tive nos últimos anos. Eu realmente queria experimentar a sensação do prazer, do desejo desenfreado. Eu quis dar ouvido a voz que pedia que eu vivesse essa experiência.

Em uma noite eu digo que só me entregaria a alguém que amasse e na manhã seguinte eu transo com Deon. E agora? Será que a convivência vai se tornar insuportável?

Ele exigir que eu sente e converse sobre o que houve é terrível para mim. Eu não quero viver com Deon. Não quero viver dormindo com ele. Não quero que nosso casamento seja real. Eu simplesmente não posso esquecer de tudo.

Deon quebrou alguma coisa dentro de mim muito difícil ou até impossível de ser consertada. Como esquecer todo mal que me causou?

Não, eu não esquecerei. Simplesmente terminarei com essa loucura toda e sumirei com meus pais. Incentivo a venderem a fazenda e sumirmos no mundo.

– Melina, preciso falar uma coisa urgente com você. Não demora.

Deon grita me fazendo pular assustada. Fiquei sentada por quanto tempo nesse vaso?

Tomo um banho pouco demorado e saio enrolada no roupão. Ele já está vestido e se encontra atacando seu relógio ao pulso. Ele está bonito.

– Vista-se. Vou levá-la até o restaurante do hotel. Seu irmão está ai.

– Murilo? – Tenho certeza que estou de olhos arregalados. – Onde você achou esse imprestável?

– Não importa muito, mas sei que você quer falar com ele. – Ele passa por mim e entra no banheiro. – Você está sentindo alguma coisa, Melina? Precisa de um analgésico, chocolate, sei lá?

Estranho a pergunta, mas segundos depois me toco sobre o que ele está falando. Nego com a cabeça e vou escolher uma roupa.

Depois de vestida e louca para que ninguém veja as marcas vermelhas do meu pescoço, saímos do "quarto" e entramos no elevador.

– Você combina com vermelho. Principalmente no pescoço.

– Sem gracinhas, Deon. – Escondo minha face ruborizada abaixando levemente a cabeça. – Murilo está sozinho? Por que foi atrás dele?

– Porque ele é seu irmão. Você com certeza quer falar com ele. Só tome cuidado com o que fala para não colocá-lo em maus lençóis. – Olho para ele questionando apenas com o olhar se ele está mesmo me ameaçando. – Calma. Não sou eu que posso ir atrás dele. Calma, Melina.

As portas se abrem e seguimos para o restaurante. Esse hotel é realmente muito belo e enorme. Deve ser legal ter algo para se orgulhar. Ele deve ter estudado bastante para manter isso funcionando.

– Ali está ele. – Deon aponta para um homem sozinho em uma mesa para dois. – Você terá direito de pedir o que quiser. Fique à vontade. Coloquei pessoas para vigiar vocês. Qualquer coisa é só fazer qualquer sinal que indique perigo.

– Ele não vai tentar me matar.

– Ele que nem ouse. – Ele me puxa rapidamente e beija minha testa. – Assim que terminar, Cristine irá até você. Logo ela chega. Boa sorte!

Fragmentada (DISPONÍVEL ATÉ 01/12/24)Onde histórias criam vida. Descubra agora