Quarenta e sete

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Melina Martins

Eu só poderia estar em começo de um surto ao ter chamado o Deon para ficar sob o mesmo teto que eu. É praticamente me ver tentada o tempo inteiro a me jogar nos seus braços.

Mas o que me impede realmente de fazer tal coisa?

Não sei ao certo, mas ainda existe um trava. Por mais que bem enfraquecida.

Assim que Apolo e Cristine praticamente fugiram para nos deixar à sós, senti um frio na barriga esquisito. Eu me senti uma garotinha que iria fazer coisa errada com o namorado.

Ao ver que ele se importou de passar em um supermercado para comprar coisas que me agradam, não evitei sorrir. Era fofo demais!

Assim que guardei as coisas, o guiei até o quarto de hóspedes. Abro a porta e peço que ele entre e fique a vontade. Ele o faz, timidamente.

– O que precisar só é falar.

– Preciso de você. – Ele vira-se para mim. – O que você pode fazer a respeito?

– Te indicar tomar um banho pra abaixar seu fogo. – Resolvo ser evasiva e ele gargalha. –Quer comer algo? Ainda tem almoço, mesmo tendo passado e muito da hora de almoçar.

– Se é pra ficar perto de você eu aceito.

Aviso que estou indo para a cozinha e ele apenas diz que vai trocar a roupa por uma mais leve. Meu coração está batendo tão mais rápido. Acho que esse momento à sós é perfeito para dizer sobre a escolha do nome do nosso filho.

Esquento a comida dele e coloco em um prato. Organizo a mesa e logo após ele surge. De bermuda, camisa polo e um sorrisão no rosto. Ele está de fato curtindo estar em minha companhia.

– Quer suco? – Ele afirma. – Conta melhor essa história de você ser enxatado do hotel em que estava.

Coloco um pouco de sorvete pra mim enquanto ele almoça e conta sobre o ocorrido. Na verdade eu queria ganhar tempo. Ainda não estou com coragem suficiente para dizer sobre a novidade.

– Você me disse que nosso filho já tem nome. – Bebe um pouco do suco. – E ai? Não vai me dizer? Já quero planejar fazer minha primeira tatuagem usando o nome dele.

– Você é louco? – Ele nega sorrindo. – Teria coragem?

– Por que não? É meu filho, oras! Agora me diz, qual nome escolheu? Você está me deixando ansioso. Não é nenhum nome de difícil pronúncia não né?

Nego abaixando a cabeça e sorrindo. Eu estava morrendo de vergonha e nem sabia o porquê direito. Ergo a cabeça e ele está lá, parado e me olhando com altas expectativas. É nítido que ele está amando ser pai. E isso mexe comigo de uma forma diferente. Uma forma boa.

– Nosso filho se chamará Mattew Jordan. – Encaro seus olhos, que começam a lacrimejar. – Você... Você gostou?

– Se eu gostei? – Ele passa o dorso da mão nos olhos. – Tá brincando né? É esse nome mesmo? – Assinto. – Acho que você não sabe, mas Jordan é o nome do meu pai biológico. Isso... Isso significa tanto pra mim. Obrigado.

Ele levanta e vem até mim abraçar-me. Mesmo surpresa, retribuo o abraço querendo muito chorar. Ah, esses hormônios...

Ele se afasta, pede desculpas pelo ato repentino e volta a sentar. Sinto o Matt começar a mexer e começo a sorrir.

– O que foi? – Questiona.

– O Mattew está mexendo. Quer sentir?

Ele assente de uma forma tão exagerada que me lembrou o momento em que alguém oferece chocolate a uma criança. Impossível rejeitar.

Fragmentada (DISPONÍVEL ATÉ 01/12/24)Onde histórias criam vida. Descubra agora