Eu estava com a cabeça no mundo da lua. Quase que tomava multa por ultrapassar o sinal vermelho. Foi por pouco que não atropelei uma senhora.
Eu preciso me concentrar ou Deon irá notar meu estado. Ele me parece muito bom em leitura corporal. Não desejo que ele descubra que encontrei o Jonas. Não agora.
Preciso antes entender o que eu preciso fazer. Claramente eu não tenho saídas. Preciso entregar todo meu dinheiro ou esse verme irá não só mexer com Deon, mas com pessoas que amo.
Não quero perder mais ninguém. Principalmente por um motivo tão ridículo quanto dinheiro. Mas há uma coisa...
Que garantias eu tenho que ele irá pegar esse dinheiro e ir embora?
Nenhuma!
Mas não sei o que fazer. Eu estou sem opções agora. Não consigo pensar em nada. Meu sangue ferve e eu só sinto vontade de chorar ou de bater em alguém.
Estaciono o carro e procuro por Deon dentro do restaurante. Ele está sentado ao canto, com uma expressão aflita. Meu peito se aperta ao ver essa cena.
Quando conseguiremos alcançar a paz que sonhamos para ficarmos juntos?
– Você me deixou assustado, Mel. – Ele levanta e me abraça. – Fiquei pensando mil coisas e nenhuma eram boas.
– Tudo bem, tudo bem... Estou bem. Apenas houve um acidente no percurso e aquele verme me fez de idiota desmarcando tudo. – Sento à mesa e chamo o garçom. – Vamos almoçar. Não quero me aborrecer com essas coisas. Vamos fingir que eu me atrasei para nosso encontro, mas já cheguei e estou morta de fome. Essa última parte é bem real, inclusive.
Ele sorri parecendo aceitar o que foi dito e logo estávamos fazendo nossos pedidos. O meu filho está bastante agitado, como se entendesse que a mamãe aqui está numa situação difícil.
Por várias vezes coloquei a mão na barriga, exprimindo um pouco de dor e Deon sempre muito preocupado. O Mattew hoje estava mais inquieto do que o normal. Estava me causando dores incômodas.
– Melina, não quer ir ao hospital? Você ainda irá fazer 8 meses. Tenho medo.
– Ele não vai nascer. É que hoje fiquei muito estressada e acho que passou pra ele. – Sorrio após beber um pouco de suco. – Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.
Almoçamos conversando bobagens. Deon precisará viajar amanhã logo cedo para ver como anda a empresa. Provavelmente voltará em alguns dias. Só de saber que vamos ficar distantes me bate um desespero. Mas procuro respirar fundo.
– Se Jonas remarcar o encontro não compareça sem mim, por favor. Não me faça vir em alta velocidade de lá até cá. – Implora. – Posso contar com isso, Melina?
– Fica tranquilo. Faz o que tem que fazer calmamente e depois volta para nós. – Faço carinho em seu rosto. – Não quero sobremesa. Vamos voltar?
Ele assente e então chamo o garçom e pago a conta. Deon questionou o motivo de eu ter pago e eu expliquei que como tenho muito dinheiro quero pagar alguma coisa para nós também. Ele entendeu.
Deon tinha ido de táxi, então voltou comigo no carro. O clima estava pesado e eu não conseguia pensar em nenhum assunto para amenizar isso. Ligo o rádio baixinho.
– Eu não queria ir para longe de vocês. – Declara me fazendo olhá-lo por poucos segundos. – Você não acha melhor se mudar para mais perto, Melina? Eu não conseguiria vir para cá sempre devido ao meu empreendimento e isso me deixaria muito triste. Eu quero ficar bem perto de vocês.
– Estava pensando em voltar para a fazenda. – Minto. Eu não queria voltar para lá, mas é o que eu tenho agora. Sem dinheiro e com um bebê eu não vou conseguir pagar aluguel. – Lá é bom pra você?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fragmentada (DISPONÍVEL ATÉ 01/12/24)
Storie d'amoreSem luxo ou qualquer dinheiro sobrando, Melina Martins leva uma vida simples, morando no campo e cuidando dos pais. Nunca teve maldade em seu coração ou ambição em nada que não fosse seu. Contentava-se com a realidade que vivia; tirando leite da vac...