Deon Castilho
Já passaram-se bons dias e o idiota do Maximilian não deu retorno. Preciso chamar a atenção desse idiota.
É hora do plano B.
Enquanto caminho pelos corredores do hotel, ligo para Jared, um advogado que contém coisas que juntei sobre meu inimigo, e peço a ele para enviar o primeiro arquivo.
Fiz um dossiê do início da carreira dele, antes do meus pais morrerem. Todas falcatruas que se meteu, as pessoas que enganou... Tudo que pude conseguir.
Gastei muito dinheiro pra conseguir o que tenho em mãos. Pra mim, do que valia matá-lo sem deixar seu legado manchado? Sem escancarar a verdade por trás do homem honrado que ele demonstra?
Enviar uma cópia desse documento via email solicitando amigavelmente sua vinda até mim é meu plano B.
Parece que usar Melina não surtiu o efeito todo que pensei. Ou ele está à espreita...
Entro no elevador e peço para que chequem mais uma vez se ele não desembarcou em aeroportos locais ou vizinhos. Todos os dias isso é checado, mas não confio tanto porque sei da astúcia daquele homem.
– Senhor Castilho, com licença. – Uma funcionária surge na minha frente. Altamente assustada por simplesmente dirigir a palavra a mim. – Eu... Eu sou a funcionária que acolhi Melina, quando... O senhor sabe. – Assinto. – É que... Eu queria saber se ela está bem. Ela não me pareceu muito legal quando precisei deixá-la ir.
– A senhorita Martins está bem e descansando das perturbações da cidade. Agradeço a preocupação por ela. Algo mais? – Nega. – Avisarei que perguntou por ela. Com licença.
Dou as costas e sigo para o estacionamento. Depois que entrei no meu carro, tranco a porta e sigo para a saída. Logo estou dirigindo em rumo ao esconderijo de Melina.
Preciso dos documentos dela para dar entrada no casamento. Quero casar o quanto antes. Depois só fica faltando o maldito vir até mim e brincarmos de fazer um exame de DNA. Melina precisa ter a paternidade confirmada através de um documento legalmente inquestionável. Faremos o teste em três laboratórios diferentes para nos assegurarmos.
Ao olhar para o retrovisor, vejo que dois carros esquisitos estão me perseguindo. Noto que estão sem placa. Droga!
Mudo a faixa, já que estava no acostamento, e sigo tranquilamente como se não tivesse notado. Pego o celular e ligo para Rael.
– Estou sendo seguido. Preciso de ajuda. Dois carros pretos e sem placas. – Falo logo depois a localização mais aproximada que pude, já que estou em movimento.
– Estou desarmado. Tentarei enrolá-los o máximo que puder. Voa!– Entendido.
Jogo o celular no banco ao lado e continuo aparentando estar despreocupado. Logo vejo uma das janelas do carro mais perto abaixando e uma arma sendo apontada para o pneu do meu carro. Desvio a tempo do tiro não acertar.
Droga! Sem arma sou um completo inútil.
Outros tiros começam a ser disparados em minha direção. Não miram mais no pneu, é em mim mesmo. Um dos tiros acabam com o retrovisor direito. Merda!
Acelero mais afim de tentar ganhar tempo. Não posso deixar com que se aproximem muito ou um desses tiros espatifará meus miolos em segundos.
Quando eu ia pegar o celular para ligar para o lento do Rael, ele começa a tocar. Número desconhecido. Atendo rapidamente.
– Estou começando a achar que você está apaixonado por mim, querido Deon. – E lá estava ele, Maximilian Hartmann. – Está gostando das pessoas que mandei me representar? Sou um homem ocupado, me libere desses compromissos obrigatórios. Não tenho tempo para chá da tarde com você.
– Mesmo sem tempo, você terá que tomar chá comigo. – Sorrio. – Uma hora ou outra. E, querido Maximilian, eu só te dou uma semana. É bom me procurar, chanceler da Áustria. Estou ansioso pra matar de vez essa saudade.
Encerro a ligação e jogo novamente o aparelho. Só então percebo outros dois carros surgindo e esses eu sei que são meus. Suspiro aliviado.
A troca de tiros entre os carros faz com que eu ganhe mais velocidade e me afaste rapidamente. Sem retrovisor nenhum, olho para trás através da janela e vejo que não tem mais ninguém no meu encalço.
Assim que volto a olhar pra frente, vejo uma carro atravessado na faixa em que eu estava. Antes da colisão total, abro a porta e me jogo para fora do carro. Enquanto embolo, ouço meu carro e o outro explodindo.
Meu corpo inteiro doi, principalmente meus braços. Acabei indo parar no acostamento. Vejo dois homens vindo em minha direção com armas nas mãos. Tento levantar, mas não consigo.
Eles miram em mim, ainda de longe. Fecho os olhos e ouço disparos. Mas não sinto nada no meu corpo. Nem o impacto e nem a dor de nenhum projétil.
Torno a abrir os olhos e os dois homens estão caídos com os olhos abertos. Vejo Rael andar até mim com mais cinco homens ao lado. Ele sorri.
Como ele pode tá sorrindo?
– Você parece mal, chefe. – Ele dá duas batidas nos meus ombros e eu gemo de dor. – Foi mal.
– Me ajuda a sair do chão. Preciso de um hospital.
Eles me carregam até o carro e me levam para o hospital mais perto. Graças a Deus tinha vários médicos de plantão. Fui rapidamente atendido.
Logo a imprensa estava na porta do hospital querendo uma entrevista sobre o que aconteceu comigo. Sempre vazam essas informações de dentro do hospital. Ainda bem que Rael me deixou na porta do hospital e foi embora. Ordenei que se desfizessem dos carros, sumissem com os corpos dos caras e voltassem para o esconderijo.
Depois de ter o ombro esquerdo enfaixado, o calcanhar engessado, sutura na testa e no queixo e ter tomado boa dose de analgésico, fui liberado. Liguei para Tábata vir me buscar.
– Eu avisei, Deon. Cassete! Você realmente acha que vale a pena morrer por isso? Acho que agora sou eu que quero ligar para um psiquiatra.
– Não enche, Tábata. – Me ajuda a entrar no carro. – Isso dói muito.
– As minhas palavras?
– Não, louca. Esses ferimentos todos. – Bufo. – Vamos para o hotel.
Eu estou sem celular e isso me deixa estressado. Pedi que ela parasse em uma loja e comprasse um novo para mim.
– Você abusa muito da sua irmã mais velha. Respeitar não quer. – Joga em meu colo uma caixa com o aparelho dentro. – Vai, agora liga pra saber da sua futura esposinha. Deve tá doido pra isso.
– Farei agora mesmo. Obrigado, Tabi.
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Fragmentada (DISPONÍVEL ATÉ 01/12/24)
RomansaSem luxo ou qualquer dinheiro sobrando, Melina Martins leva uma vida simples, morando no campo e cuidando dos pais. Nunca teve maldade em seu coração ou ambição em nada que não fosse seu. Contentava-se com a realidade que vivia; tirando leite da vac...