Minha Tentação

I

Quatro Anos Depois

Muitas coisas haviam mudado desde o primeiro beijo de Theron. A começar pela quantidade de beijos que ele já havia dado. Não era possível contar mais. Outra coisa é que ele não precisava mais fazer competições para conquistar um beijo. Na verdade, muitas vezes era praticamente o contrário, pois havia sempre muitas garotas querendo beijar o príncipe herdeiro, que não se fazia de rogado e aproveitava cada momento.

Só que Amber, percebendo isso, a cada vez se mantinha mais distante daquele que já considerou um de seus melhores amigos. A paixonite de infância passara, mas ela não podia negar, com a chegada da adolescência, que a atração apenas aumentara.

Os hormônios tinham aparecido junto com a mudança de seus corpos. Ela tinha se tornado uma jovem com um corpo bem desenhado, cintura fina e quadril largo, seios fartos e rosto bem harmônico, com traços que amadureceram já bem jovem. Enquanto Theron tinha ganhado muitos músculos por conta de seus treinamentos intensos. Bem alto, sendo apenas poucos centímetros mais baixo que Tristan e um rosto bem desenhado, queixo quadrado e um sorriso malicioso que completava o seu visual de bad boy.

Amber passara a odiar bad boys por conta disso. Não queria se sentir atraída por ele, mas a implicância de infância se tornou muito maior com o tempo, pois ela queria negar qualquer sentimento que pudesse ter.

E Theron, vendo a jovem que Amber havia se tornado, não conseguia negar que queria repetir o beijo. E quem sabe mais.

Tudo nela atraía o jovem Dragscale. Desde o seu olhar intenso, seu sorriso fácil, seu corpo extremamente atraente, até mesmo sua língua afiada. Quanto mais ela devolvia as farpas que ele jogava — disfarçando seu desejo por ela —, mais Theron a desejava. Um eterno ciclo, que ele tinha certeza que terminaria quando a tivesse. Ela era a única que ele queria e não conseguia com o seu charme e o desafio era tentador.

Theron pensava naquilo enquanto a olhava conversando animada com sua irmã e Hillary, sentadas em um único sofá da sala em que toda sua família e amigos estavam. Seus pais viviam dando aquele tipo de reunião, o que fazia com que os laços se tornassem inquebráveis.

— Se você a olhar por mais tempo, ela vai perceber e logo vocês vão estar discutindo de novo — disse Tristan, parando ao lado do amigo com um copo em mãos. Theron espiou o que ele bebia e fez uma careta ao notar que não era nada alcoólico. — Por que não chega nela e tenta algo?

— Porque ela vai me cortar como sempre faz e vamos acabar discutindo, como sempre — respondeu Theron, rindo. — Amber é como... uma succubus.

— O quê? — Tristan quase se engasgou ao ouvir a comparação do amigo.

— Gostosa pra caralho, mas a gente sabe que é uma entidade do mal, mesmo a desejando — explicou Theron, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Cara, não deixa ela te ouvir falando isso... — murmurou Tristan, olhando na direção da loira, como que para garantir que ela não tinha ouvido. Seu olhar encontrou com o de Ruby apenas, que sorriu, fazendo o rapaz entender que não tinham sido ouvidos. — Ela vai querer te matar.

— Talvez não hoje... Mas em breve ela vai saber o apelido. — Theron deu dois tapinhas nas costas do amigo e saiu da sala. Precisava de algo que fosse mais forte do que as batidas de frutas que Nerida tinha feito para os jovens. Talvez misturasse, afinal, todos sabiam que a mãe do amigo era ótima com aquelas bebidas.

Theron, porém, acabou não voltando para a sala, ficando sozinho com algumas garrafas que tinha pegado no escritório do pai em um outro cômodo da casa. Normalmente ele não evitaria estar com todos, mas as palavras de Tristan ainda estavam em sua mente e ele se questionava, de verdade, o que o impedia de chegar em Amber. Não era pela resposta dela, muito menos por conta das discussões, isso fazia parte deles desde a infância.