storm.

• 🌧 || 35. não me faça de boba

COLE SPROUSE

Hoje é o dia do jogo e eu nunca estive tão tenso. Em casa foi o inferno de sempre, Tiera agora que era minha namorada praticamente morava comigo... e minha mãe adorava.

— Você sabe Mel! — Tiera exclama sentada na mesa da cozinha. Respiro fundo, com raiva por ter acabado de acordar e coloco um sorriso no rosto. — Ei, amor...

Tiera sorri para mim e se levanta, me seguindo em direção a geladeira.

— Estamos combinando de sair para jantar um dia. Todos juntos, o que acha? — Tiera passa o braço em volta do meu e sorri. Ergo as sobrancelhas e lavo as mãos.

— Ótima ideia... já acabou de comer? Quero chegar cedo hoje...

— Por causa dos jogos, eu sei! — Tierra vai até minha mãe e a beija na bochecha, as duas trocam palavras baixas e eu tenho vontade de vomitar de tanta falsidade. Lolla já tinha saído de casa junto a Gary. — Até mais! Obrigada!

Consigo escutar Tiera falar antes de aparecer no hall de entrada com sua mochila nos ombros. As vezes eu me perguntava se essa animação falsa não a cansava. Eu costumava gostar mesmo dela, era realmente uma pessoa ótima de ficar junto mas foi só entrarmos no ensino médio, onde só a popularidade importa, que virou a idiota que é.

— Vamos?! — Tiera fala animada e sai na minha frente, pegando a chave do meu carro e apertando o botão para abri-lo.

— Vamos...! — Falo baixinho, a imitando com a animação e contorno o carro, entrando no banco do motorista.

Não temos nem 10 minutos no carro que Tiera começa a reclamar, como sempre.

— Ah, você não sabe o ódio que eu estou daquela ruiva tingida! — Franzo as sobrancelhas e dou uma olhadinha para Tiera, que se encara pelo espelhinho do carro.

— Quem?

— Madelaine!

Ah sim, a ruiva. Lembro dela no primeiro dia de aula, toda atirada para cima dos jogadores. Era uma líder de torcida boa, qualquer um via.

— Aquela sem noção resolveu sair do time ontem no ensaio! Quando já tínhamos toda a coreografia pronta! — Ela diz e bufa.

— Não é só ajustarem a coreografia? — Pergunto algo óbvio para quem visse de fora.

— Não é só isso! — Tiera fala olhando para as unhas tingidas de vermelho, a cor do uniforme das cheers. — Falou que tem mais haver com um tal de jornal da escola! Isso é ridículo! Eu vou matar quem criou essa merda.

Bufo, impaciente pelo drama exagerado e coloco minha mão em sua coxa, fazendo um carinho.

— Vocês conseguem... — Falo sem muita convicção. Não porquê não acreditava nas cheers, mas sim porquê tenho que dar esse mesmo discurso toda vez. — E se não conseguirem, eu acalmo você... você sabe.

A única coisa. A única simples coisa que ganhei com o término com Lili e a volta com Tiera fora que... que eu voltei a ser bajulado, se é que falar assim faz sentido. Parece que o tempo que fiquei longe dela só a fez ficar mais sedenta por tudo.

— Calma ou irritada você me daria isso... — Tiera diz colocando a sua mão em minha coxa e a apertando. Respiro fundo e me inclino, no momento em que o sinal fica vermelho, e beijo a bochecha de Tiera, tirando sua mão.

— Sei disso, anda meio insaciável... — Digo e volto a dirigir. — Assim que a aula acabar me encontre no vestiário...

Tiera sorri e me rouba um selinho. Sorrio e entro no estacionamento na escola, achando uma vaga rapidamente e estacionando.

A loira não me espera e desce do carro correndo, apressada para entrar logo e encontrar suas colegas de campo. A escola tinha essa brecha, em dias de jogos os jogadores e as cheers tinham direito a dois períodos no campo e quadra para ensaiar e treinar.

Como sei que meus períodos fora serão os dois últimos entro tranquilo na escola, com calma.
As pessoas tinham voltado a me cumprimentar e falar comigo e eu estava estranhando isso.

— Ei, Sprouse! — Charles fala animado quando me junto a rodinha típica no corredor. Bato em suas costas, o cumprimentando. — Viu que o capitão dos Hammers lesionou o joelho e não vai jogar? Minhas preces foram escutadas!

— Isso é perfeito! O cara carregava o time nas costas. — Colby, um menino que havia entrado na escola a pouco tempo e tinha dado a sorte de entrar no time, fala extremamente animado.

— Temos uma porta aberta para a vitória! — Um dos jogadores falam e todos comemoram, antecipando a vitória.

Eu sorrio forçadamente e tento me distrair com algo que estava ali ao redor. Conversas sobre estatísticas do jogo ou criar teorias sempre me irritava, isso só me fazia criar expectativas de algo que talvez nem aconteça.

Estava distraído, pensando em Lolla e o que faria com ela no final de semana quando sinto trombarem em meu ombro. Pisco rapidamente, meio tonto pela batida forte e abaixo a cabeça.

— Lili...? — Pergunto tentando evitar a animação em minha voz e vejo seus olhos esverdeados olharem para mim. — Está com pressa?

— Ahn, sim. Um pouquinho. — Ela tenta passar por mim mas seguro seu pulso fazendo-a voltar. Me seguro para não abraçá-la na frente de todo mundo. — Cole...

— Por favor... eu só preciso olhar para você por um tempo. — Passo minha mão levemente em seus braço. Vejo ela fechar os olhos e erguer a cabeça em minha direção, deixando-me ter a visão dos olhos da qual me apaixonei.

Sinto um sorriso atacar minha boca e mordo o lábio, o que chama a atenção de Lili e no mesmo minuto tenho seus olhos em meus lábios.

Tento me aproximar, tentar passar meu braço por sua cintura mas ela me empurra, parecendo enjoada.

— Não. — Ela nega. — Você não vai me ter nunca mais. Soube disso no momento que resolveu dormir com Tiera.

— Não me faça parecer o errado. Eu tenho motivos que vou te contar... não agora, mas vou. Não tenha essa visão horrível de mim.— Tento segurar sua mão mas cruza os braços e olha para baixo, dando uma risada.

— Eu conheço esses seus motivos, tá? — Ela me olha com raiva e vazios e me culpo imediatamente porquê sei que o culpado deles estarem assim fui eu. — Estava tanto tem sem dar uma transada que resolveu fazer uma rapidinha com a garota do corpo perfeito para depois de saciado voltar para a menina estranha da aula de artes. Não me faça de boba.

Fecho os olhos, sem argumento.

— Se me der licença tenho que terminar de escrever uma redação. — Ela bate com mais força no meu ombro e passa.

— Merda... — Falo baixinho. — Isso vai ser mais difícil do que pensava.

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