PRÓLOGO

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Sallesburg, INDIANA

14 ANOS ANTES

— Você vai embora quando? — questiono curioso e ela abre um sorriso gentil.

— Logo, não posso deixar minhas filhas sozinhas por muito tempo... Elas têm a tendência de tentarem se matar — Eloise acaricia minha barba e eu suspiro decepcionado.

— Como elas são? — insisto. Ela dificilmente me fala sobre suas filhas, o quê faz e onde mora. Geralmente, eu tenho que tentar arrancar as informações de modo indulgente e no final nós sempre discutimos.

— Há os dois mais velhos, Megan e Charles — começa e eu abro um sorriso. — São diferentes de forma surpreendente. Em seguida Lucy, extremamente temperamental e, por último, Kelsey. A mais nova tem seguido os passos de Lucy fielmente, temo por minha sanidade quando estiverem mais velhas.

— Por que não posso conhecê-los? — ela se apoia no cotovelo agora e eu acaricio seu rosto.

— Já conversamos sobre isso, Thomas — reviro os olhos. — Você sabe que eu tenho uma vida, um marido, eu não deveria nem estar cedendo e vindo agora.

Dito isso ela começa a puxar o lençol para sair da cama, mas eu a impeço.

— Por favor, fique mais — seus olhos cinzas brilham em satisfação e seus dentes apertam os lábios carnudos com incerteza.

Acaricio seu rosto delicado mais uma vez e pouso a mão em sua nuca, a trazendo para um beijo em seguida. Nossos lábios roçam delicadamente e eu vejo seu peito subir e descer pesadamente.

Eu tenho consciência dos seus sentimentos, entretanto nunca fez sentido o fato dela ter se mudado de estado de maneira abrupta. Além de ter casado com um humano.

A verdade é que eu nunca vou entender ela. Tempestade seria o apelido perfeito para Eloise. Por onde passa, destrói.

Assim como tem destroçado meu coração durante todos esses anos.

Dona de cabelos cor de ouro, lábios escarlates, olhos cinza atraentes e uma personalidade extraordinária. Eloise se aproxima de qualquer um docemente. Em um primeiro momento qualquer um cai em seu feitiço e se apaixona pela mulher, em um segundo momento a vítima sequer raciocina mais.

Eloise é uma mulher encantadoramente destruidora.

— Volte para cá. Volte para mim, Elô — peço e roço meu nariz em seu pescoço enquanto inalo seu cheiro. Esse cheiro... Jamais serei capaz de esquecer. — Eu prometo que vou proteger você, seus filhos... Nada de ruim afetará vocês.

— Thomas, eu... — não deixo que termine e tomo seus lábios nos meus.

Ela me empurra para a cama e eu puxo uma de suas pernas para que sente em meu colo. Mais uma vez dentre tantas nessa noite, eu me perco em seu cheiro delicioso e suas curvas suntuosas.

Já é a terceira vez que Eloise aparece em dez anos. Todas às vezes eu temo que seja a última, temo por nunca mais ser capaz de ver o seu sorriso ou ouvir sua voz melodiosa cantando alguma música enquanto acaricia meu rosto.

Nós caímos exaustos nos lençóis de seda e ela parece verdadeiramente feliz e satisfeita, como se existisse somente esse mundo e que ele nunca acabaria. Como se somente nós fizéssemos parte dele e não existissem todas essas dúvidas.

— Pai! — uma batida desesperada soa na porta do quarto, seguida por outras muito piores.

Saio da cama em um rompante e visto minhas roupas o mais rápido que sou capaz, Eloise não se encontra muito atrasada e por isso eu abro a porta. Meu filho torce o nariz e eu sei que ele está sentindo o cheiro dela, mas nada diz.

— É a tia Tessa — eu arregalo os olhos e, em um ato imprudente, deixo o quarto e sigo atrás do meu menino pelos corredores.

Chegamos a meu escritório e eu encontro meu cunhado, meu beta, completamente desolado.

— O que houve? — questiono e ele levanta o olhar.

— Ela sumiu. Tessa sumiu — lágrimas descem como cachoeiras pelos seus olhos e eu corro até a área externa da casa.

— Tessa!! — um grito escapa de meus pulmões e eu flagro todos da alcateia me fitando desolados.

Mais uma vez meus pés se movem e eu corro até a saída do condomínio. Olho em volta, vasculhando cada canto, cada ponto de escuridão, em busca dos olhos verdes e da boca suja de minha irmã caçula.

Meus joelhos perdem a força e batem no chão assim que tenho a certeza do quê houve: minha irmã sumiu.

Tessa Kelleher desapareceu.

Mas, não somente ela, nessa noite eu perdi as duas mulheres que eu mais amo no mundo.

O amor da minha vida e minha única irmã.

O amor da minha vida e minha única irmã

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