02 - muitas pessoas novas

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MEGAN O'NEILL

— Você é parente da Jane? — solto sem pensar e ele abre um sorriso devastador.

— Ela é minha prima.

— É um prazer conhece-lo também, mas...

— Qual é, Megan, nós estamos atrasadas! — Lucy abre a porta do sininho só para gritar dentro da cafeteria e minhas bochechas coram novamente.

— Desculpa novamente — não espero uma resposta e viro as costas, Lucy está me fitando igual um touro bravo quando me encontro com ela.

— Depois você namora, agora eu preciso chegar no horário certo. Pelo menos no primeiro dia — exclama no banco do carona e pega seu cappuccino.

Em poucos minutos eu deixo uma Lucy completamente ansiosa na porta da faculdade e dirijo até o hospital. Tão ansiosa quanto a minha irmã.

Estaciono e sou recebida pela equipe quase inteira logo na recepção.

— Oi! Você é a nova médica? — uma mulher, um pouco mais velha do que eu, questiona e eu concordo. — Seja bem vinda. Eu sou a encarregada de te mostrar tudo, de te apresentar as regras do hospital e de virar sua melhor amiga!

— Será um prazer — digo com um sorriso e ela passa o braço no meu.

— Eu sou Charlotte — se apresenta.

— Megan — ela abre um sorriso e suas bochechas grandes quase cobrem seus olhos negros.

— Nós vamos nos divertir muito — diz animada e eu abro um sorriso.

Charlotte me apresenta a quase todos do hospital, todas as salas, o meu consultório e me entrega uma folha com as normas do lugar. A coordenadora do hospital também aparece para me dar as honras e dizer o quão feliz fica por terem mais médicas mulheres do que homens.

Eu entendo a felicidade dela.

A luta contra o patriarcado é dura e contínua.

A hora do almoço se aproxima e eu pego Lucy na faculdade, assim como as meninas na escola. O combinado com a diretora foi que elas almoçariam comigo até que se estabilizassem e fizessem amizade.

Perder os pais é ruim, mudar de cidade é péssimo, agora fazer novas amizades para Violet é horroroso.

Enquanto Kelsey parece ter sorte por ter feito amizade com Jane rapidamente, minha irmã caçula está começando a criar problemas por onde passa. Violet sempre foi a mais séria e compenetrada, até mesmo mais do que Charles, entretanto após a morte de nossos pais, ela tem ficado pior. Parece que não existe sensibilidade dentro dela e a única coisa que a faz provar que está viva são seus livros.

Que, inclusive, eu tenho que comprar mais ou achar uma biblioteca urgente.

Eu tenho consciência de que cada um de nós está vivendo o luto, cada um de uma maneira diferente. Lucy, que já era um pouco indomável, se tornou pior, Kelsey só tem usado preto e chorado a noite sozinha, Violet se fechou para mundo e Charles está em negação.

E eu, bom... Eu não posso me dar o luxo de viver o luto.

Nós entramos em uma lanchonete e mais uma vez há um sino na maldita porta.

— Eu vou atear fogo em todos os sinos dessa cidade — Lucy ameaça passando por mim.

— Eu sempre odiei também — Jane desabafa rindo.

— É uma droga — Violet resmunga e seus olhos rodam pelo local. Ela, rapidamente, encontra uma mesa para nós cinco e se acomoda.

— Coma conosco, Jane. Eu pago a conta — peço e a garota abre um sorriso em agradecimento.

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