07 - todos nós nos apaixonamos

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OLIVER KELLEHER

Ficar perto de Megan O'Neill está sendo uma das coisas mais complicadas que eu já fiz na vida.

Após obedecer ao meu pai e de Violet — a caçula — ter conseguido ganhar meu apresso, comecei a pensar que talvez os irmãos mereciam uma segunda chance, que eu estava sendo egoísta e que eles não têm relação com os comportamentos de meu pai.

É a maldita lua.

Quando entramos na lua nova são quando os hormônios entram em ebulição e — em muitas das vezes — perdemos o controle de nossa forma lupina. Como no caso de Violet que, por causa da força da lua, está perdendo o controle de si, ainda mais com tantas alterações emocionais que ela está sofrendo.

— Como o seu pai lidou com isso? — Megan me tira de meus devaneios e consigo levantar os olhos para suas írises cinzas.

Malditamente cinzas, como a da mulher que roubou o coração de Thomas muito antes de ele me adotar.

— Ele não conversa muito conosco sobre o assunto... Se alguém sabe de algo, esse alguém é o George — ela balança a cabeça positivamente.

— E como ela era? — seus olhos somem em direção aos livros nas estantes.

Será que eu digo que Megan tem o cheiro doce e forte de sua mãe? Será que eu digo que elas têm os mesmos olhos? Que Lucy tem o mesmo sorriso? Ou que Charles tem as mesmas boas maneiras da mãe?

— Ela é parecida com Kelsey... Nas fotos — dou de ombros. — Loura, jovem e sorridente.

Eloise O'Neill é malditamente igual a sua filha. Eu pude ouvir as batidas do coração de meu pai aceleradas quando colocou os olhos sob a menina.

— Qual desses livros posso levar pra ler? — sussurra passando os dedos suavemente por eles e eu já imagino como o seu cheiro vai impregnar lá.

— Quais você quiser — respondo e ela move seus olhos até os meus, curiosos e calmos.

Megan poderia ser mais fácil de lidar ao invés de ser uma mulher cujo pouco demonstra seus sentimentos. Eu a encaro e vejo o meu reflexo quando me encaro no espelho: alguém que tenta ter controle sob tudo, calma, ponderada e madura demais para perder tempo com pessoas que sequer conhece.

É como se tudo que eu fiz as pessoas sentirem estivesse voltando para mim.

— Por que eu posso levar quantos eu quiser? Estou na casa do xerife que, além disso, é o... Líder... Disso tudo... Por que eu posso?

— Porque ele me deu a biblioteca depois que soube que ela partiu. Passei muito tempo da minha vida estudando aqui dentro e ele entende o símbolo que é pra mim.

— E por que permite que eu bagunce isso?

— Você não vai bagunçar.

— Como sabe?

— Por que você faz tantas perguntas, Megan? — ela franze o cenho.

— Curiosidade.

Mentira.

— O que é, então?

— Outra pergunta — reviro os olhos, respiro fundo e lhe dou as costas antes de pegar um livro escrito por um de nossos ancestrais.

— Responda, Oliver. O que é?

— Você não confia em ninguém.

— E por que diabos de motivo em confiaria?! — grita e eu consigo ver o medo em seus olhos.

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