06 - meus irmãos não são os únicos

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MEGAN O'NEILL

— Como foi isso? — Charles questiona abraçado à Violet em meu quarto e ela fica em silêncio. — Você sabe que pode me contar, Let.

— Eu soube o que o xerife era quando eu o cumprimentei. Fiquei com medo de que ele fizesse algo a você, mas depois que ele me mostrou o Charles... — seus olhos verdes se movem até os meus. — Charles confia nele, então eu posso confiar também.

— O cão? — meu irmão pergunta e ela acena positivamente. — Como sabe que o cão confia nele?

Ela dá de ombros agora.

— Tudo bem, e aí? — questiono.

— Uma menina da minha sala descobriu dos nossos pais — eu mordo os lábios. — Ela ficou me chamando de "órfã" no diminutivo.

Eu coloco a mão na testa agora e vejo os olhos de Charles mudarem da água para o vinho.

— Eu não aguentei por muito tempo e liguei para a emergência, pedi para falar com o xerife Thomas e logo disse o que houve. O seu filho Oliver estava ali próximo e foi o primeiro a chegar, me ajudou, me ensinou algumas técnicas que eu não sabia e depois o xerife foi nos buscar — completa. — Se aquela menina continuar implicando comigo, Megan, eu vou arrancar os cabelos dela com as presas.

— Não vai — nego andando pelo quarto. — Eu vou até a sua escola.

— Eu também vou.

— Não, Charles. Você perderá a sua cabeça — respiro fundo encarando a lua pela janela. — Se você me passar o nome da aluna, eu vou conversar com a diretora sobre o assunto. Qualquer coisa até te mudo de sala.

— Eu gostaria de mudar de escola — ela murmura saindo do abraço do nosso irmão. — Eu gostaria de sair da cidade, Megan! Eu não aguento isso! Eu não quero sumir! Não suporto isso, não suporto essa pressão, não...

Violet cai de quatro em minha frente e eu dou dois pulos para trás quando Charles se abaixa ao lado dela.

Ela está ofegante, suas garras negras tornam a surgir agora e eu nem imagino o quanto isso deve doer por acontecer a todo instante, mas me mantenho afastada de minha irmã. Foi o combinado de nós duas.

— O que está acontecendo? — ouço as batidas suaves de Lucy na porta. — Ouvi uma coisa estranha.

— Megan, vá lá para fora. Deixe que eu e Lucy lidemos com isso.

— Charles, eu...

— Vai e fique com Kelsey — ele está calmo agora e por isso saio do quarto.

— Ajude ela — peço para a minha outra irmã e ela acena positivamente antes de trancar a porta em minha cara.

Desço as escadas correndo, com a respiração ofegante tentando não me sentir abalada com o psicológico desornado de minha irmã.

— Ei, você deixou? — Kells surge colocando um moletom e eu noto seu visual de botas e jeans.

— Deixei o que?

— Lucy não falou? — balanço a cabeça em sinal de não e a loura revira os olhos. — Jane me chamou para uma noite das meninas. Posso ir?

Escuto algo quebrando lá em cima e o cão, Charles, sobe correndo as escadas sem curiosidade.

— Eles estão brigando?

— Deve ser uma brincadeira boba de Charles e Lucy. Vamos. Eu te levo até Jane — pego as chaves do carro e Kells franze o cenho. — Vamos, Kelsey. Pegue minha bolsa na cozinha e vá para o carro, já estou indo.

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