Michael:
Acordo com uma sensação estranha. Parece que eu levei uma paulada na cabeça, mas não é sobre isso que estou falando. Nada maior do que a ressaca moral de ter sido um tanto desagradável ontem.
Eu geralmente faço isso com as pessoas, assim elas não precisam me conhecer de verdade. Eu sei, é completamente errado, mas tem vezes que eu não consigo evitar.
Não entendo por que sou assim.
Na verdade, eu sei. Eu não sou desse jeito, eu fiquei desse jeito.
Noite passada eu senti medo da intensidade. Não sou acostumado com o novo, não gosto de sair da minha zona de conforto.
Quer dizer, não mais.
E ela me tirou da zona com apenas um olhar, eu nem sabia o seu nome.
Agora, algo em mim diz que eu tenho que me desculpar. Ela não merecia ser tratada com meias palavras, maldita inconstância.
Balanço a cabeça afastando qualquer pensamento que quer me levar para outra direção, dizendo que eu preciso ser diferente, mas eu não consigo, é muito difícil ouvir minha voz no meio da minha própria bagunça.
Sim, lembro de tudo. Não bebi tanto assim. Depois que cheguei em casa, coloquei aquela bendita garrafa dentro do frigobar em meu quarto. Já comecei a sentir a dor de cabeça, e a voz de Luke estava um tanto quanto piorando a situação.
- Michael, sério, o que foi aquilo? –Luke se joga na minha cama.
- Aquilo o que, Luke? –Sento na cadeira, logo meu corpo começa a escorregar nela e começo a encarar o teto.
- Sério Clifford? A cada dia que passa você está mais distante do que era! –Havia impaciência em sua voz, e eu entendo. Realmente estou longe de ser o que fui.
- Não precisa me dizer o óbvio.
- Preciso sim! Você mesmo não se escuta. Cedi várias vezes achar que você estava tentando se reencontrar, mas não vou mais fazer isso. –Meus olhos se abaixam para onde Luke está, ele apoia os braços na sua perna e respira fundo. – Foi uma fase ruim, mas não precisa ser uma vida ruim, Michael.
Ele tinha razão.
Luke sempre tem razão.
Madison:
Mais um dia é menos um dia para mim. Conto dessa maneira. Pareço uma presidiária que não vê a hora de sair da cela, eu sei, e é exatamente como me sinto todos os dias.
Já no caminho da faculdade eu tomo meu café, geralmente faço isso para economizar o pouco de tempo que tenho. Mentalizo que em poucos meses as coisas vão mudar, é só um TCC para finalizar meu período da faculdade e realmente ser quem eu sou de verdade. Meu contrato de trabalho acaba, eu me mudo, começo a trabalhar na minha área, tudo o que eu sempre sonhei.
Não há nada pior do que estar preso em si mesmo e não poder se libertar. Foi assim que me senti a vida inteira e o único momento que posso ser eu é quando estou escrevendo, que é o momento no qual a minha essência se aflora.
Chego na faculdade para mais uma aula com meu orientador, ao entrar na sala vejo meu professor com mais uma aluna, provavelmente a menina que eu ajudaria na monitoria. Peguei a monitoria de uma matéria, que coincidentemente era a mesma matéria que o meu orientador dava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lonely Heart
FanficCertas coisas não são para acontecer. A nossa história era uma delas, nós não deveríamos ser, estava escrito assim. O par mais perfeito e imperfeito, quebrados por dentro, tentando se encontrar aonde não nos perdemos. Desde o momento que o vi pela p...