Michael:
Eu estava realmente disposto a tentar.
Havia guerra dentro de mim, e mesmo uma grande parte ainda falando que tudo ia dar errado, existia uma pequena parte que dizia que poderia dar certo.
E eu estava me esforçando para acreditar nela, então decidi tentar ignorar todo o resto. Não posso viver a vida preso em fantasmas do passado.
Só não sei por quanto tempo eu conseguiria, nem se realmente estava preparado.
Pensar muito nisso me deixava ansioso, não gostava de sair da zona de conforto, onde eu me sentia extremamente acomodado e bem.
Bem na medida do possível.
Comodidade é uma droga às vezes.
A questão era que sair da zona de conforto me dava vontade de beber.
- Tudo te dá vontade de beber, Michael.
Luke disse, sentado em minha cama, dedilhando alguma música aleatória no violão. O chamei ontem, depois que saí do bar, pra contar tudo o que havia acontecido, e também, por que eu precisava falar com alguém, e com ele é a única pessoa que consigo me abrir realmente.
Já tentei terapia, mas não me sentia confortável o suficiente para conversar com ela. Paguei várias sessões adiantada e só fui na metade, e nas que fui, não falei totalmente a verdade.
Errado, eu sei, mas eu tenho esse maldito bloqueio.
- Claro que não. -Revirei os olhos para ele, escorreguei na cadeira e comecei a observar o teto. - Eu tenho controle, eu posso parar quando quiser.
- A gente já teve essa conversa antes, e enquanto você não admitir a si mesmo, nada vai mudar. Presta atenção em tudo o que aconteceu em dias!
Não falei mais nada. Coisas acontecem todos os dias, e não havia nada a admitir para mim mesmo.
Era complicado.
- Você complica as coisas. -Luke falou após um longo silêncio da minha parte, parando de tocar e me encarando. Que droga, ele parece que consegue ler meus pensamentos. Intimidade é um problema. - De qualquer jeito, Mads é uma ótima pessoa, e pelo que você disse, ela já tem problemas o suficiente, não seja mais um na vida dela.
Essa doeu bastante. Normalmente Luke é bem descontraído, e sua amizade é tranquila, mas quando ele quer falar sério, ele sabe muito bem usar as palavras.
Eu não quero ser um problema na vida dela, mas sabia que eu seria.
Madison:
Não prestei nenhuma atenção nas aulas hoje, minha cabeça estava longe.
Me sentia novamente no auge dos meus 16, com os sentimentos à flor da pele, ansiosa com os próximos segundos. Andando com o celular para cima e para baixo, esperando uma mensagem, uma ligação, um sinal de vida.
Sendo sincera, nunca vivi um sentimento intenso dessa maneira. Tive poucas experiências na adolescência, sempre tinha algo mais importante do que isso para me preocupar.
Nunca dei atenção o suficiente para o que eu realmente queria ou para sentimentos que precisavam serem sentidos.
Talvez seja por isso que arde tanto, né?
Não paro para refletir muito sobre isso, não agora, nem sei o que realmente vai acontecer, deixaria o tempo decidir se era ou não era pra ser. Um pouco de clichê faz bem.
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Lonely Heart
FanficCertas coisas não são para acontecer. A nossa história era uma delas, nós não deveríamos ser, estava escrito assim. O par mais perfeito e imperfeito, quebrados por dentro, tentando se encontrar aonde não nos perdemos. Desde o momento que o vi pela p...