11 anos atrás, 2006.
Camila POV
Mais uma vez eu me encontro sentada na minha roda de amigas, me sentindo a pessoa mais excluída do planeta terra, a verdade é que eu acreditava que com o passar dos anos, enquanto fôssemos ficando mais velhas, as coisas iriam ficar mais fáceis, mas eu estava completamente errada ou eu que estou sendo muito apressada, afinal, eu só tenho 15 anos ainda, mas desde que nos conhecemos, isto é, desde os meus nove anos, o roteiro de conversas são sempre os mesmo, garotos, garotos, garotos e mais garotos e eu sequer aguento os garotos, imagine ficar falando sobre eles o dia inteiro.— Camila. - Ouvi Hailee me chamando enquanto ao mesmo tempo me chuta por debaixo da mesa, olhei pra ela. — Não olhe agora, mas aquele gatinho que vive te dando bola, tá vindo em nossa direção.
Fiz exatamente o que ela disse pra eu não fazer, tive que me segurar pra não fazer uma careta, ao ver ele com um sorrisinho idiota no rosto e o cabelo ensopado de gel, vindo em direção a nossa mesa. Agi rápido, e antes que ele estivesse perto o suficiente, peguei minha mochila de cima da mesa e me levantei em uma velocidade fora do normal, com os olhares de indignação das minhas amigas sobre mim, sai apressada por entre as pessoas que estão no pátio, que por sinal está lotado, visto que é horário de almoço, e a maioria almoça aqui, sim, eu estudo em um colégio de ensino integral. Já na metade do pátio, olhei pra trás, pra me certificar que o encosto não veio atrás de mim, sorri agradecida ao notar que não, continuei andando no mesmo passo apressado que estava, até chegar no auditório, essa hora ele está sempre vazio, quando cruzei a porta meu corpo colidiu com toda a força contra o de alguém, a pessoa caiu pra trás, e acabou me levando junto quando tentou se segurar em mim.
— Seu hálito tem cheiro de balinhas. - Falou a pessoa que eu me encontro deitada em cima.
Eu que ainda estava com os olhos cerrados, os abri imediatamente, uma garota, loira e com os olhos tão verdes que hipnotiza, ou são cinzas? Definitivamente não estou sabendo diferenciar, talvez a queda tenha me causado alguma espécie de daltonismo.
— Desculpa… hã… eu… eu não te vi. - Eu disse, olhando nos olhos dela, parece impossível desviar.
— Tá tudo bem, mas se você sair de cima de mim eu vou ficar bastante agradecida, porque você está bem em cima do meu braço machucado.
Me levantei de sobressalto, ela realmente está com o braço machucado, inclusive ele está engessado, ofereci uma mão para ajudá-la a se levantar e ela se levantou rapidamente.
— Ai meu Deus, a sua boca. - Eu disse, ao notar um filete de sangue.
— Eu acho que se um trem tivesse me atropelado o estrago teria sido menor. - Disse divertida e levou uma mão até a boca.
Acabei rindo, mas de nervosismo, abri a minha mochila e comecei a mexer dentro, a procura de uns comprimidos que eu sei que estão soltos lá dentro.
— O que eu estou fazendo? - Perguntei pra mim mesma, e interrompi a procura. — Comprimidos não ajudam com cortes na boca.
— Não mesmo, mas se você beijar eu acho que passa.
Analisei o rosto dela, a procura de algum resquício que ela está zoando com a minha cara, mas aparentemente ela falou realmente sério.
— Você quer que eu beije você? E na boca? - Perguntei um pouco incrédula e ela assentiu com a cabeça.
— Veja bem, eu estou com o braço machucado, você acabou de cair por cima dele e agora ele voltou a doer, na queda sua cabeça bateu na minha boca e agora além do braço machucado eu estou com a boca machucada, eu acho que você poderia ao menos me dar um beijo. - Sorriu de lado. — Pra ajudar a curar o corte, claro. - Completou.
— Você é uma garota, eu sou uma garota, garotas não beijam outras garotas.
— Estranho, porque eu sempre beijo garotas. - Disse e fingiu pensar sobre.
— Mas… talvez isso...
— Quanto mais você fala, mais as chances que eu tenho de ser curada diminuem, eu acho inclusive que meu corpo já está desenvolvendo algum tipo de câncer raro, talvez eu só tenha mais alguns minutinhos de vida, você realmente vai me deixar mo…
Interrompi a fala dela, juntando nossos lábios em um selinho, bom, era pra ser um selinho, mas ela abriu a boca e eu acabei indo na dela, aproximei o meu corpo do dela o máximo possível, já que o braço dela entre a gente atrapalha um pouco, a língua dela encostando na minha estava me deixando mais excitada do que eu gostaria, ela ia finalizar o beijo, mas levei uma mão até sua nuca, a impedindo de se afastar de mim, só deixei ela se afastar quando o ar me faltou.
— Uoooouu! - Ela disse, puxando o ar para os pulmões. — Acho que sempre que te ver vou me jogar na sua frente, pra ganhar um beijo desses.
— Por que eu nunca beijei uma garota? - Perguntei e ela riu.
— Não sei, mas sempre que quiser vou estar a sua disposição. - Sorriu. — A propósito, meu nome é Cara Delevingne. - Estendeu uma mão pra mim.
— Camila Cabello. - Sorri e apertei a mão dela.
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Inalcançável Você
FanfictionUma é um livro aberto, a outra tem todo um passado guardado dentro de si, uma está disposta a amar, a outra está disposta a afastar, e tudo fica pior quando o passado ainda comanda o presente. 1 Aposta. 1 Passado. 1 Tragédia. 1 Promessa. Várias...