A estação

Capítulo 1

Vocês já sentiram como se algo faltasse? Algo tão importante, ao ponto que esse simples algo fosse o motivo do seu sorriso? O motivo da sua risada? O motivo que te faz pensar em chegar em casa depois de um dia cansativo, com a cabeça cheia, e ver esse simples algo sorrir pra você, fazendo todos os seus problemas desaparecerem por completo? Estou certa de que as coisas simples importam, como sorrir com o pôr do sol ou o nascer do mesmo, observar uma flor se abrir, tomar uma xícara de chá observando como gotículas de chuva escorrerem pela janela. Essas coisas simples importam, importam mesmo, mas vocês já sentiram que faltava algo? Algo ou no caso alguém que deseja compartilhar essas coisas simples com você?

Desvio meus olhos por um segundo do meu diário para olhar o relógio em meu punho e perceber que estou em cima da hora ao ver como exatas horas no relógio da parede e perceber que o meu estava completamente sem bateria. - "Relógio idiota!"- Penso. Enfio a caneta e o diário de qualquer jeito na bolsa, pego o bilhete da minha passagem, tomo o resto de café que tinha na xícara, jogo o dinheiro em cima da mesa e levanto andando um pouco mais rápido do que o normal, mas com um pouco de dificuldade por ter que carregar minha mala. Assim que começar a passar por algumas pessoas, como começar a me reconhecer ea querer conversar comigo. Me sinto mal por não dar a eles a atenção que eles queriam, mas infelizmente estava atrasada, algo que detesto estar, e precisava pegar esse trem o mais rápido possível. Ainda não me acostumei com o fato de ser uma modelo conhecida. Dentro de mim, não me sinto como a "modelo Lena Luthor, filha dos maiores empresários de tecnologia de Paris", me senti apenas como Lena e me assustava as vezes com a quantidade de gente que me conhecia.

- Ai meu Deus! Me desculpe! - falo começando a juntar como minhas coisas que pegaram caído da minha bolsa.

- Tudo bem - escuto uma voz feminina com sotaque britânico e só estão levanto o meu olhar, encontrando com o seu. Era uma mulher loira de olhos azuis penetrantes atrás de astes finas em um óculos simples preto, extremamente bonita. Ficamos nos observando por um tempo até que a mesma desvia do meu olhar sorrindo e corando. Ao voltar seu olhar pra mim, ainda sorrindo, me estende algo e só então olho pra baixo e percebo que a mesma segurava o meu diário.

- Obrigada - falo sem graça pegando-o. A mesma mesma ajuda a levantar e só agora tenho uma visão privilegiada de seu corpo e suas vestimentas. Não tenho certeza, mas pelo que pude perceber, parece ter um corpo atlético, usava uma calça jeans preta, uma blusa cinza de gola alta perfeitamente dobrada e alinhada, um cinto marrom, sapatilhas de bico fino marrom e para completar um trench coat de textura que parecia ser uma combinação de marrom, cinza e preto. Linda. Simplesmente linda.

- Eu sou ... - começo a falar estendendo minha mão, mas a mesma me impedir.

- Eu sei quem você é - fala sorrindo e apertando minha mão. Levanto minha sobrancelha em sinal de questionamento.

- E você é ...? - falo

- Kara, só Kara - sorri

- Ok "Kara, só Kara" - olho para trás novamente e percebo que o grupo de pessoas aumentaram - eu sinto muito, mas tenho que ir ... - pego minha mala e olho novamente pra ela - realmente me desculpe por ter esbarrado em você

Kara para me olhar e olha pra algo atrás de mim e em seguida fala - eles estão atrás de você não é? - apenas assinto com a cabeça. - vem cá - fala me puxando pelo braço para uma espécie de corredor na estação onde dava para os sanitários. Me encosta na parede e se inclina um pouco para o lado para ver, o que penso ser, o grupo de pessoas que estavam atrás de mim.

- Ok, eles estão vindo - fala pra mim - desde já, peço desculpas ...

- Pera, desculpas? desculpas por q ... - Kara não me deixa concluir e me beija com tudo. - "Que ousadia!" - Penso em sair do beijo, mas acabo me rendendo. Não foi mais do que um longo e demorado selinho. Ela tinha os lábios tão macios e uma de suas mãos feitas um carinho quase que imperceptível em minha bochecha. Descola sua boca da minha e se aproxima do meu ouvido - eles já saíram? - pergunta. Ainda estava me recuperando desse beijo tão doce e inusitado e acabo demorando uns segundos pra processar o que ela havia me dito. Olho para os lados e não vejo aparentemente ninguém.