Capítulo 6

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— Então filha, o que vai decidir? — escuto a voz de meu pai

Encontrava-me em um debate interno. Uma semana havia se passado depois do reaparecimento de Jack, os eventos naquela noite, minha parcial manhã com Kara. O que deveria fazer? Eu realmente não fazia a mínima ideia.

Deveria esquecer meu inoportuno encontro com Jackson e começar a prestar serviços para o hospital que acabei de assinar um contrato, que irá me ajudar muito em meu crescimento profissional? Ou deveria desistir deste contrato, me livrar da possibilidade de encontrar Jack em alguma reunião com assessores do hospital, porém acabar com a chance de crescer, tanto a empresa quanto meu conhecimento?

Escolhas... escolhas... escolhas...

Olho para meu pai e encontro o seu olhar esperançoso, ansiando por uma resposta. Bebo todo o conteúdo de uísque que estava em meu copo e me levanto. Me viro de costas e passo a observar a vista da minha grande e linda parede de vidro. Respiro fundo e sinto uma mão em meu ombro.

— Cariño... — começa e seguro sua mão.

— Pai, não consigo decidir isso agora nesse momento, me sinto sufocada, preciso sair daqui — falo já sentindo um aperto no peito e lágrimas se formando em meus olhos. Me viro para ele e ele toca delicadamente em meu rosto.

— Tudo bem minha pequena, mas preciso dessa decisão ainda hoje ok? — me pergunta e eu assinto.

Deixo um beijo em sua testa, pego meu casaco e bolsa e saio da sala imersa em pensamentos. Chegando na calçada, levanto a mão e chamo um táxi.

"Preciso comprar um carro se pretendo ficar aqui por muito tempo... não posso ficar dependendo o tempo todo de táxis e caronas de Sam"

Lhe desejo boa tarde e lhe passo o endereço. Novamente me pego pensando o quanto toda essa situação é desgastante pra mim. Achei que nunca mais o veria. Depois de todos esses anos, ter que ser surpreendida e ter de volta todos aqueles sentimentos em que lutei tanto para não ter e esquecer.

Pago o moço e caminho pelo deck a anos conhecido por mim. Me apoio no parapeito e fecho meus olhos sentindo o aroma do mar trazido pelo vento. Fico assim por alguns minutos até sentir o cheiro de torta de amora proveniente do estabelecimento aqui perto. Sorrio com as lembranças que esse lugar me traz.

Escolho um lugar com vista pro mar e me sento. Volto meu olhar para o mar até ser tirada de meus devaneios.

— Olá, seja bem-vinda, o que deseja? — escuto uma voz e me viro. Sorrio com a pessoa à minha frente que ainda não se deu conta de quem eu era.

— Uma torta de amora com uma pitada de canela. Espero que essa torta ainda tenha o mesmo gosto de anos atrás... — sorrio e a pessoa a minha frente finalmente tira os olhos do papel e me olha, abrindo um sorriso enorme.

— Lena! Meu Deus você está tão grande! Quanto tempo minha filha! — Fala me abraçando apertado

— E a senhora não mudou nada Mary! — Falo para a senhorinha enquanto retribuo seu abraço caloroso

Se afasta e segura meu rosto com as duas mãos. Seus olhos marejaram enquanto me analisava.

— Está tão linda minha filha! — sorri e sinto lágrimas em meu olhos

— Senti saudade da sua torta! — exclamo e rimos

— Me conte minha querida, o que te aflige? — me pergunta ao se sentar na cadeira à minha frente

— Como sabe que algo me aflige? — arqueio as sobrancelhas surpresa

— Ora meu amor, todas as vezes que veio aqui depois da morte de seu irmão, você veio com o olhar distante, ficava calada, como se algo te incomodasse, ou simplesmente precisasse pensar — sorri e segura minhas mãos

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