Capítulo 1

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Não podia passar tudo apenas de um pesadelo?

Não podia começar tudo do início? Do 0?

Iria ser bom de mais se algum dia alguém me viesse salvar, como nos filmes da Disney o príncipe vir salvar a princesa que está em perigo. Sinto que algum dia irei por fim à minha vida, não quero ser um puta como aquelas que estão na rua à noite. Por dinheiro.

A minha vida já não faz sentido nem para mim mesma, eu não passo de uma boneca, uma boneca de trapos, em que cada dia tem de acontecer algo: ou uma perna é arrancada e a mãe tem de arranjar, ou apenas anda esquecida no meio de tantos brinquedos numa caixa de papelão velha.

"Chegamos amor." Conor coloca a mão na minha perna e eu no mesmo instante a retiro.

"Já percebi." a minha voz soa fraca.

"Pareces cansada, hoje te darei uma espécie de dia de folga. Estás dispensada." ele sorri dando-me nojo. Como é que ele consegue ser tão... Nem há palavras para descrever!

"Vamos entrar na casa?"

Por incrível que pareça a casa, é uma casa normal. Não parece que vou ser sequestrada nem nada. Deveria estar feliz? Não, sim.. Não interessa.

Ao que parece a casa é enorme com pelo menos 3 andares?! Bem, deve ser isso. Tem um jardim em torno da mesma o que me faz sorrir de lado, eu amo a natureza e estar sentada no jardim a ler, ou apenas fechar os olhos e esquecer tudo em volta.

"Gostas do exterior?" escolho os ombros. "Não vais falar? Nunca? Pensa assim: Vamos ser felizes hã! Ótimo, como eu sempre imaginei." olho para ele com desprezo.

"Porquê tão longe?" questiono.

"Bom assim ninguém nos poderá interromper em nada. E ninguém nos conhece." diz óbvio. "Por falar nisso, o teu telemóvel?" abano o mesmo na minha mão. "Dá-me."

"Não!" escondo o telemóvel atrás das costas.

"Agora!" ele levanta o tom de voz e eu dou um passo atrás.

Tenho um mau pressentimento.

"É a única coisa que eu te peço. É só um telemóvel."

"Um telemóvel pode fazer com que os teus amiguinhos descubram onde estamos. Dá-me." nego com a cabeça. " Vamos entra!" ele olha em torno e depois agarra o meu braço com força entrando assim dentro da minha prisão.

"Agora o telemóvel." volta a mandar.

"Deixa-me em paz!" grito.

"Isto é assim." ele agarra a minha cara só com uma mão e encosta-me à parede. "Tu aqui obedeces-me." gemo de dor. "Pela última vez, o telemóvel." dou-lhe finalmente o telemóvel. "Linda menina."

"Onde é o meu quarto?" pergunto.

"Correção, o nosso quarto."

O nosso quarto.
O nosso quarto.
O nosso quarto.
O nosso quarto.

Essa frase se repete no interior da minha cabeça. Eu vou dormir na mesma cama que ele? Não.

"Eu quero um quarto e uma cama, só para mim." exijo.

"Bem, se assim queres. Segue-me." ele começa por subir as escadas. Enormes escadas.

Conor pára à frente de uma porta. "Aqui está o teu lugar onde só irás sair quando eu mandar. Tens casa-de-banho dentro dele." ele abre a porta. O quarto não é grande mas também não é pequeno, uma cama de solteiro, uma mesa de cabeceira, uma cômoda com um espelho em cima, um pequeno sofá ao canto e por fim, um guarda-fatos onde irei guardar a pouca roupa que trouxe.

"Espera, grades na janela? Mas eu estou em alguma prisão?" falo incrédula.

"Apenas a diminuir a possibilidade de fugires."

"Agora sai, deixa-me sozinha." peço.

"Só porque eu hoje estou de bom humor. Bom descanso." ele sai e começa a trancar a porta. Espera trancar?

"Abre a porta! Conor!" não.obtive resposta. "Conor!" dou vários pontapés na porta e continuo sem ter nenhuma resposta. "Conor.." começo a chorar deixando o meu corpo cair apoiado na porta pálida.

(...)

"Já acordas-te?" ouço a voz rouca de Conor. Eu adormeci?

Limito-me a estar calada sem pronunciar nenhuma palavra, ou som. Por quanto tempo vai ser assim?

"Quero que faças jantar hoje. Eu não cozinho, por isso."

"Eu não sei cozinhar!" olho para ele.

"Aprendes! Tal como as outras pessoas." responde arduamente.

"Tu-não-mandas-em-mim." digo pausadamente.

"Vê-la como falas com o teu namorado."

"Tu não me és nada." atiro e levanto-me confrontando-o.

"Não me faças frente Ariel." avisa.

"Eu não tenho medo de ti."

"Mas devias sabes..."

"Como é que não tens vergonha na pessoa que te tornas-te? Ninguém, mas ninguém te vai amar tanto como eu te amei anos atrás. A polícia um dia vai apanhar-te, espero que saibas disso e quem ri por último ri melhor. Não te esqueças."

"Cala-te!" ele leva a sua mão até à minha cara e após um segundo sinto a mesma a arder. "Tu não sabes nada!" ele empurra-me e eu caio no chão. Gemo. "Nada!" volta a gritar, dando um pontapé na minha barriga seguindo de outro e mais outro. Conor pára quando me vê sangue a sair de dentro da minha boca.

"Isto é só um aviso!" dito isto sai do meu quarto, trancando a porta.

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Desiludi-vos? Desculpem...

Comentem o que acharam, é mesmo muito importante.

A 2° temporada será praticamente porrada, abusos e claro muita "Zayn's p.o.v.".

Bj

Returning into the Past || z.m [P. Sequel]Onde histórias criam vida. Descubra agora