Ternura Trágica

River

"Shut your mouth, baby, stand and deliver
Holy hands, will they make me a sinner?
Like a river, like a river
Shut your mouth and run me like a river
Choke this love 'til the veins start to shiver
One last breath 'til the tears start to wither
Like a river, like a river
Shut your mouth and run me like a river"

Nick

Uma coisa é certa, eu não aguentaria perder outro melhor amigo, essa angústia eu não desejo a ninguém. Saber que você não pode fazer nada é a pior coisa. Tudo que podia fazer era ir visitá-lo todos os dias e torcer por sua recuperação e assim o fiz.

Durante aqueles dois meses foi tudo o que fiz, as vezes ia sozinho ou com Will. Mike meu novo irmão também me deu muito apoio, sempre que podia ia no hospital e aproveitamos esse tempo para nos conhecermos, afinal foram quase 20 anos sem saber de sua existência.

Willian foi o meu maior pilar para não desabar, ele esteve comigo todo esse tempo como amigo e também como namorado, apesar ninguém, além de nossos amigos, saber disso. Ele se dedicou de corpo e alma em nossa apresentação, tomou a frente do projeto e preparou todos muito bem, eu não poderia estar mais orgulhoso do meu garoto.

Em casa a única coisa que mudou era mamãe que estava mais alegre devido ao encontro com meu irmão, nunca tinha visto ela assim tão radiante, é claro que na frente de papai ela disfarçava sua alegria, para evitar conflitos com o velho. Falando em papai, ele não gostou nenhum pouco de me ver visitando Leo todos os dias. Simplesmente o ignorei, não sairia ao lado de meu amigo por causa dele. Na escola mantive as boas notas, afim de evitar problemas com papai, igual na época do Lucas. Sobre minha moto eu recebi o dinheiro do seguro, mas isso era o de menos.

Em uma terça qualquer e fomos todos ao hospital ver meu amigo, mas só dois por vez eram permitido, então Will e eu entremos primeiros. Conversava com Leandro como de costume, dizia que quando ele acordasse poderíamos ir visitar a amiga de Willian, afinal ele estava muito ansioso para me apresentá-la. Foi quando percebi meu namorado distraído na janela.

Tinha alguma coisa de errado, não era do feitio dele ficar assim tão distante. Mas ele não quis me contar o que estava acontecendo, então usei minha velha tática para fazê-lo falar. Já estava quase conseguindo quando Leo acorda dizendo.

- Que viadagem é essa?

Não podia acreditar no que via diante dos meus olhos já em lágrimas.

- Tampinha, não acredito você acordou.

- É acordei, mas quem é você?

Aquilo fez minha felicidade ir embora novamente, não é possível que ele tenha perdido a memória.

- Leo, sou eu, seu melhor amigo, não está me reconhecendo? – Dizia em lágrimas, mas dessa vez de tristeza.

- Sinto muito... Não sei quem é você.

Foi inevitável as lágrimas não caírem ainda mais. Me vendo naquele estado, meu amigo fala.

- Will não vai consolar esse bebê chorão? – Falou aos risos.

- O que? Você se lembra de mim? – Perguntou Willian confuso, assim como eu.

- É claro que eu lembro pô, acha que eu ia esquecer o cara que pegou de jeito meu melhor amigo? – Ele ria igual criança quando tinha feito alguma gracinha.