Capítulo 23

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Naquela mesma noite Toni e eu ficamos conversando por várias horas no sofá até que eu emprestei um dos meus pijamas e uma escova de dentes. Após isso, nós ainda ficamos conversando por vários minutos deitadas em minha cama até que o "clima" começou a esquentar após vários beijos de tirar o fôlego.

Quando me dei conta, Toni estava em cima de mim e horas mais tarde, nós duas estávamos nuas, suadas, ofegantes e satisfeitas deitadas na cama completamente bagunçada. Foi automático para que eu abraçasse Toni para que pudéssemos dormir. E assim aconteceu.

Na manhã seguinte acordo me sentindo nas nuvens mas sinto falta de um segundo corpo na cama. Abro meus olhos lentamente e olho para o outro lado da cama vendo que Toni não estava ali.

Junto minhas sobrancelhas confusa e procuro meu celular vendo que eram quase nove horas da manhã. Salto da cama me lembrando de que havia passado da hora de Ellen mamar, procuro uma calcinha e uma blusa pelo chão e as visto apressadamente.

Vou para o banheiro e lavo as mãos, escovo os dentes e lavo o rosto antes de sair em disparada para o quarto de Hévora. Percebo a porta fechada, estranho o fato de estar tudo quieto demais e a porta fechada. A porta do quarto de Hévora jamais ficava fechada, a não ser quando o ar condicionado estava ligado mas esse não era o caso.

Ao abrir lentamente, ouço uma voz angelical cantando uma música em um tom baixo. Meus olhos param sobre Toni com Hévora no colo que estava de costas para a porta cantando e dançava com ela em seu colo com um macacão rosa com morangos espalhados pela roupa.

Um enorme sorriso cresce em meus lábios e me encosto no portal da porta observando aquela cena tão adorável. Por um segundo, sinto meus olhos ficarem marejados vendo o sorriso de Hévora para Toni.

- Amo você. - Toni diz antes de beijar o topo da cabeça de Hévora e a bebê balbucia animada.

- Pensei que você tinha ido embora. - chamo a atenção de Toni que se vira sorridente.

- Bom dia, linda. - me aproximo das duas e me surpreendo assim que Toni beija a minha testa - Seu celular despertou às sete avisando que era hora de alimentar Hévora, eu me dei ao luxo de levantar, dar banho nela, mexer na sua geladeira para ver se você estocava leite e alimentar ela.

- Você fez isso? - pergunto sem acreditar e ela afirma com a cabeça.

- Eu percebi que você estava cansada e merecia descansar. - olho em seus olhos e percebo que eles estavam tão claros e brilhantes que a sua cor beirava o cinza - Eu também fui a padaria e comprei algumas coisas para o seu café da manhã. - diz sorridente.

- Obrigada, Toni. - murmuro - E bom dia, meu amor! - olho para Hévora que me olhava atentamente - A tia Toni cuidou bem de você? - pergunto e Ellen sorri banguela.

- Tia Toni cuidou, mamãe. - Toni segura a mãozinha de Hévora e balança quanto usa o tom infantil e fofo para responder - Que tal você ir comer?

- Já estou indo. - sorrio tocando seu braço e o acaricio - Você já comeu?

- Sim, tomei algumas xícaras de café e comi um pão. - afirma com a cabeça.

- Eu acho que você não é real e sim uma invenção da minha cabeça.

- Vai comer, vai. - Toni diz risonha - Eu continuo entretendo a minha princesinha aqui.

- Sua princesinha? - levanto a sobrancelha fingindo estar enciumada.

- Claro! Descuida um pouquinho para ver se eu não roubo ela para mim. - abraça Hévora de forma protetora me fazendo rir e Hévora me acompanha mesmo sem entender.

- Quando ela estiver chorando sem parar, pode roubar. - sorrio de lado - Vou comer algo pois estou faminta.

- Boa refeição, a mesa está posta. - avisa e eu afirmo com a cabeça antes de sair do quarto de Hévora.

Entro na cozinha vendo que havia uma rosca com algumas fatias sobrando, uma garrafa de café, um saco de pão, mortadela em um tupperware e manteiga ao lado.

Não consigo conter um sorriso ao me deparar com as louças que havia deixado na pia de ontem estarem limpas e guardadas.

Eu parecia estar sonhando; acordando com a pia vazia, sem o choro estridente de Hévora, a mesa com diversas coisas para comer e ainda ter o privilégio de presenciar Toni cantando para Hévora.

Pego um pedaço de rosca, passo manteiga e coloco um pouco de café na xícara. Apoio meus cotovelos na mesa e então dou uma enorme mordida na rosca, em seguida dou um gole no café e suspiro ao perceber que o café estava delicioso.

Eu estava me sentindo renovada, fazia meses que eu não tinha mais de cinco horas de sono.

- O café está do seu agrado? - Toni pergunta adentrando a cozinha com Ellen em seus braços.

- No que você não é boa? - a olho e percebo sua expressão apreensiva se desfazer aos poucos.

- Que bom que gostou... Espero que não se incomode mas eu mexi nas gavetas da Hévora procurando o canguru para ir na padaria com ela mais cedo.

- Não, não me incomodo. - sorrio - Você não tinha que ir para o hospital? - pergunto preocupada com a idéia de estar a fazendo perder algumas horas de trabalho.

- Eu pedi para cobrirem algumas horas para mim, então vou entrar só depois do almoço. Não queria sair deixando Hévora sozinha, ou precisar te acordar, ou não estar aqui quando você acordasse. - sorri puxando a cadeira ao meu lado e se senta com Hévora no colo.

- Que inferno, para de ser perfeita. - finjo estar irritada e Toni ri - E você não me devolveu a minha tupperware. [N/a: Cheryl mãe das tupperware]

- Céus, eu me esqueci! Desculpa. - Toni pede rindo - Eu juro que a próxima vez que aparecer aqui eu a trago.

- Assim espero... - estreito meus olhos em direção a mulher - Comprei esse jogo de potes não tem nem cinco meses e não quero perder nenhum. - brinco e Toni fica me olhando com um sorriso de lado.

- Tenho medo de acabar esquecendo e você aparecer na minha casa às três da manhã falando que quer o seu tupperware. - tomba a cabeça para o lado rindo.

- Três da manhã não, às duas. - corrijo.

Quando olho em seus olhos, lá estavam eles novamente com a pupila dilatada e com um brilho excepcional. Toni estava tão linda naquela manhã que eu podia sentir todas as células do meu corpo reagirem apenas por meus olhos pararem sobre ela.

Naquele momento, com Toni sentada a mesa comigo, ora conversando com Hévora, ora me olhando com carinho me fez perceber que o que ela havia desestabilizado e depois derrubado sem dó ou piedade, foram as muralhas que eu havia criado em volta do meu coração.

Toni havia invadido e destruído as muralhas do meu coração e me deixou nua, exposta e vulnerável para ela.

Naquele momento eu sentia diversas coisas ao mesmo tempo, dentre elas era medo, felicidade, paz. Um sentimento que fazia meu coração disparar, tirava o fôlego, fazia eu me sentir uma adolescente inexperiente novamente.

Eu arregalo os olhos e encaro Toni espantada ao perceber o que eu estava sentindo novamente por um novo outro alguém. E esse novo outro alguém era Toni

Adorável Hévora - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora