Cap. 09 - Implacável como o Tempo

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Notas do Autor


Yooooooooooooo Que maravilha chegar a este final de história com vocês! Obrigada por terem acompanhado até aqui, e pelos comentários todos, sério, comentar faz uma enorme diferença!
Sem mais delongas..... bora lá.

 bora lá

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Kya

Já não tinha idade para sofrer por amor. Ou pelo menos era o que se dizia repetidas vezes, quase como um mantra. Às vezes se pegava absorta diante do espelho, encarando as marcas que Lin havia deixado em seu corpo, aqueles chupões e arranhões que não fizera questão alguma de usar sua dominação para remover. Levava as pontas dos dedos até os sinais no afã de reter o máximo possível dela em si... cada pequeno hematoma, cada linha avermelhada, cada ínfima declaração de posse fulgida em seu corpo.... lembranças deléveis do amor de uma vida, provas cabais de que não amara sozinha.

Conforme os dias se seguiam e as marcas iam devagar deixando sua tez no tom de moca habitual, experimentou diversas emoções e sentimentos. Nos primeiros dias apenas sentiu-se profundamente só, embora obviamente não estivesse, pois Izumi fez questão de trazê-la para o Palácio. A monarca fora busca-la pessoalmente em Ember depois que lhe telefonou no chalé e embora tivesse atendido e intencionasse falar com a amiga de infância, não conseguiu fazer nada além de chorar, engasgando-se entre as lágrimas por instantes que lhe pareceram uma vida e mortificaram a filha de Zuko de preocupação.

Mas eventualmente a fonte secara, e não sentia ter mais lágrimas para verter. Sempre que sua mente ameaçava mergulhar na escuridão agarrava entre os dedos aquele bilhete amassado que Beifong deixara para trás e tocava inconsciente o colar de compromisso em seu pescoço... "Nada neste mundo vai me impedir de encontrar o caminho de volta.". Aquelas palavras lhe traziam acalanto da alma e lhe permitiam sorrir mesmo em meio a tanta saudade.

Não demorou até que Bumi viesse. Sabia que Izumi o chamara e apreciava o cuidado e carinho que ambos tinham com ela, mas não aguentava mais as tentativas deles em socializar e fingirem alguma normalidade, ou a maneira como rodeavam o assunto tentando compreender o que de fato acontecera naquele chalé na praia. Mas o que poderia dizer-lhes que já não o havia dito? Apesar de sentir o coração em frangalhos pela distância, apoiava a decisão da esposa em buscar por um prumo antes de levar mais a frente a relação, sentia o cuidado dela em não manchar com nenhuma toxidade o que esperaram tanto tempo para viver e admirava o quanto ela se importava consigo. Tinha a mais inabalável convicção de que esse resguardo era para a mais nova tão difícil quanto para si.

A princípio achou que passado o choque inicial, as coisas se assentariam como sempre foram, afinal passou a maior parte de sua vida a certa distância de Lin. Mas a vida lhe parecia uma vadia sádica, posto que agora que de fato se relacionara com Beifong, e que sabia com toda a clareza exatamente quais eram os sentimentos que compartilhavam e o quão bem funcionavam juntas em todas as esferas, simplesmente não conseguia imaginar-se sem ela em sua vida. O tempo distante aonde tinham vidas separadas por um amor que parecia impossível agora lhe parecia tão absurdo e piegas, que sequer compreendia como vivera tanto tempo longe daqueles braços fortes e daqueles olhos esmeraldinos.

Água sobre PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora