• capítulo dois

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Rio de Janeiro, dezembro de dois mil e vinte.

Quase um ano havia se passado do dia em que eu entrei pelas portas do ninho. Assim como Roberto tinha dito, nossas vidas mudariam da água pro vinho e muita coisa aconteceria nesse último ano de faculdade.

Ao olhar pra trás e fazer uma retrospectiva, era impossível não ficar feliz com todas as conquistas e mudanças que esse período - que julgo estar sendo o melhor da minha vida - tem me proporcionado.

Os primeiros meses já trouxeram mudanças: sai da casa dos meus pais, terminei meu namoro e fechei contrato com algumas marcas. Estava no auge da minha independência financeira e aprendi muito sobre ser sozinha e gostar disso.

Meu TCC foi estressante do começo ao fim, mas com a companhia dos meus amigos tudo ficou mais leve. No início desse mês apresentamos e passamos com nota máxima. As fotos de preto ficaram lindas, e eternizaram momentos perfeitos do nosso quarteto.

A formatura tinha sido maravilhosa, e eu curti como nunca. Ver meus pais que me acompanharam a cada passo chorarem de emoção por mais uma conquista, deixava meu coração quentinho. Meu irmão veio da Alemanha de surpresa, o que deixou o momento muito mais especial.

Nessa festa eu bebi, chorei, dancei e aproveitei os últimos momentos do meu quarteto reunido nesse ano. Isso porque cada um tomaria um rumo diferente depois da faculdade.

Mariana e Rafa descobriram o grande amor que ultrapassava os limites da amizade e começaram a namorar. Junto com o namoro, os dois tomaram a decisão de abrir uma clínica em sociedade em São Paulo. Uma semana depois da nossa formatura, eles resolveram partir pra capital Paulista afim de organizar as papeladas do apartamento e do consultório.

Yuri foi contratado pelo hospital que fez estágio, e já começaria a trabalhar no mês de janeiro. Com a carga horária de nossos respectivos trabalhos, ficaria difícil de nos vermos com frequência.

Eu fui chamada pra trabalhar no Flamengo. Esse assunto já estava sendo debatido desde agosto com a diretoria e Tannure. O médico havia gostado e confiado muito no meu trabalho. De início, fiquei chocada. Pra mim era um sonho poder trabalhar oficialmente no Flamengo, sem falar nos benefícios que isso traria pra minha carreira a longo prazo.

Apesar de toda a felicidade que senti depois de saber da proposta, a insegurança e a ansiedade tomaram conta dos meus dias. Saber que agora minha responsabilidade seria mil vezes maior, e que eu seria muito mais visada pela mídia me causava arrepios.

Mesmo trabalhando com o Instagram e já ser considerada como "figura pública", meu medo de não agradar os torcedores era terrível. Eu não queria ter minha capacidade julgada por conta da minha idade, e muito menos ter meu trabalho diminuído por nenhuma outra questão.

Esses motivos atrasaram um pouco a minha escolha, mas depois de pensar muito acabei aceitando. Sabia que seria a oportunidade da minha vida. O Flamengo é minha casa.

(...)

Depois de receber uma ligação de Marília me lembrando do encontro que teríamos mais tarde, decidi me arrumar. Tomei um banho relaxante, lavei minha juba e vesti um vestidinho florido. Fiz uma maquiagem leve e calcei meus tênis favoritos.

Mandei uma mensagem pra Ana Clara dizendo que estava pronta, já que eu iria de carona com ela. Desde quando pisei no ninho do urubu, gostei da fotógrafa. Os meses foram passando e a nossa amizade criada já no primeiro dia, foi se fortalecendo numa velocidade incrível.

O mesmo aconteceu com todos os meninos. Até com Rodrigo Caio, que tinha me dado uma péssima impressão no primeiro dia.

Apesar de ser marrento e as vezes irritante, o jogador foi se soltando aos poucos em minha presença. Ele insistia em me atormentar o dia todo, e nossa relação era baseada em provocações e briguinhas sem sentido. Rodrigo vivia falando da minha idade e me colocando apelidos que eu odiava.

intensité | rodrigo caio.Onde histórias criam vida. Descubra agora