• capítulo oito

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Rodrigo andava pelos corredores desejando ver Maria Júlia, mesmo não sabendo como seria a reação da moça quando o visse depois do que tinha feito alguns dias atrás.

Depois de praticamente ter confessado que sentia desejo pela mulher e pior, que ainda pensava nela quando estava trasando com outras, o zagueiro se arrependeu um pouco de ter sido tão sincero. Sabia que a moça usaria tudo o que foi dito e feito contra ele, na primeira oportunidade que tivesse.

Com o arrependimento, veio também um pouco de satisfação. Ele havia percebido como Maria tinha reagido ao seu toque: rosto avermelhado, pele arrepiada e respiração um pouco ofegante. Rodrigo sabia que ela também o desejava.

Em seus pensamentos, tentava entender o porquê de tanta implicância entre os dois, nesse vasto tempo de convivência. Ele não gostava do jeito certinho da fisioterapeuta, e nem do quanto ela era mandona. Mas mesmo com todos os defeitos enumerados a ela, o jogador escondia uma admiração pela mesma desde quando a viu pela primeira vez.

Além de ser uma exímia profissional, Maria Júlia era séria. Impunha respeito por onde passava, não gostava de gracinhas dos atletas atirados e aceitava brincadeiras vindas apenas de seus amigos. Sendo uma mulher muito bonita, com curvas e um cabelo de invejar, a moça era seletiva ao escolher homens pra se relacionar, tendo em vista seu último namoro.

Diferente de Rodrigo, que não parava em casa em nenhum final de semana e a cada dia estava com uma mulher diferente. O jogador amava se sentir desejado, e ter todas as mulheres bonitas aos seus pés no primeiro olhar.

Só foi diferente com uma: Maria Júlia. No começo, ela resistia a todos os seus encantos e desarmava suas cantadas de maneira engraçada, e às vezes até grossa. Isso intrigou Rodrigo de uma forma esquisita. Foi quando ele decidiu ficar apenas provocando e implicando com ela, até que ela cedeu e entrou na brincadeira, quando ainda era estagiária.

Seus amigos riam da capacidade de insistência dele, e de como os dois implicavam em qualquer fala que o outro proferia. Era engraçado e irritante ao mesmo tempo pro resto da pessoas, que entendiam claramente a química que eles tinham.

O jogador foi tirado dos seus pensamentos quando ouviu alguns passos no corredor. Olhando pra frente, percebeu que Maria Júlia caminhava até ele, com a expressão fechada.

— Rodrigo, você é sonso? Por que ainda não está em campo pro aquecimento? A partida começa em trinta minutos! — A moça estava vermelha e com os braços cruzados. O mais velho correu seus olhos rapidamente pelo corpo da mulher em sua frente.

— Eu estava indo pra lá, acabei perdendo a hora. — Rodrigo respondeu simples. Ele estava interessado em observar Maria: estava trajada num manto estilizado, que deixava um pouco de seu abdômen a vista e um shorts preto curto. Ela com certeza não tinha vindo para trabalhar hoje, pensou ele. Como sempre, seus cabelos estavam soltos e diferente dos outros dias, ela usava seus óculos.

— Aperta o passo, Gabriel não para de me mandar mensagem preocupado. Tive que sair do VIP pra vir ver sua cara feia. — O jogador deu um sorriso, que morreu quando ela mexeu em seus cabelos.

Ele notou uma manchinha em seu pescoço. Sua mente foi para o vizinho mal encarado, e ele deduziu que eles tinham ficado. Os dois começaram a andar em silêncio pelos corredores do Maracanã. Rodrigo queria saber se aquilo que tinha visto era um chupão, ou só miragem de sua cabeça.

Caminhou mais perto da moça, e tirou o cabelo da frente do pescoço dela. Maju repreendeu o rapaz.

— Que foi, Rodrigo?

— Só vendo isso no seu pescoço. — Passou sua mão de leve pelo hematoma, já vendo um pouco da maquiagem sujar seu dedo. — Tão bonito pra estar marcado. — A cara de pau do homem era demais, tanto, que deixava Maju sem palavras.

intensité | rodrigo caio.Onde histórias criam vida. Descubra agora