intensité | rodrigo caio.

• capítulo dez

Acordei cedinho e comecei a arrumar meu apartamento. Estava tentando pensar em algo que não fosse meu encontro com Rodrigo. Como tinha a amanhã de folga, limpei minha casa, adiantei relatórios e passei no meu escritório pra ver como andava as vendas das peças da minha marca.

Almocei com Yuri no shopping,e lá aproveitamos pra fazer uma chamada de vídeo com Mariana e Rafael, e prometemos ir pra São Paulo qualquer dia desses para visitá-los.

Falei também com Reinier, que viria ao Brasil para a despedida do Thuler. Por falar nisso, o empréstimo estava mais que acertado. Ceni nem relacionava o zagueiro pros jogos, ele ia e ficava assistindo do VIP.

Sentia Matheus triste por deixar Ana Clara, mas feliz por iniciar uma fase tão importante, e realizar um de seus sonhos que era morar fora.

A fotógrafa chorava quase todos os dias. Thuler chegou a chamá-la pra ir morar junto com ele em Paris, e depois de muito pensar, ela acabou recusando. Muitas coisas prendiam Ana Clara: sua família, seus amigos e seu emprego. Não podia deixar sua carreira no Brasil e arriscar morar fora.

Num consenso, os dois decidiram que manteriam esse relacionamento a distância, e nas folgas, revezariam as visitas. Com muito esforço, eles fariam dar certo.

Mesmo com muitas especulações, os dois aindam não tinham se assumido oficialmente. Escondido de Ana Clara, nós estávamos combinando o pedido de namoro surpresa, que aconteceria no dia da festa de despedida.

Ainda sobre os relacionamentos dos meus amigos, Pedro e Yasmin terminaram o namoro a algumas semanas atrás. O casal vinha brigando bastante, e acho que isso acabou desgastando a relação deles.

Pelo que ele me contou, os dois tinham decidido que continuariam sendo amigos apesar de tudo. Tentei ao máximo não ficar no meio da situação, já que era amiga de ambos, mas Yasmin sabia que se eu precisasse tomar um lado, sempre seria o de Pedro.

Já Gabriel e Carol estavam indo bem. Desde de um pouquinho antes do ano novo juntos, os pombinhos já tinham até apresentado as famílias. O que faltava era assumir publicamente, coisa que Carol dizia não estar preparada no momento.

Gerson também estava com oportunidades de venda, e pelo que fiquei sabendo se despediria logo de nós. Estava aproveitando cada momento com os meninos, sem tentar pensar muito no futuro.

(...)

Depois de almoçar com Yuri, segui pra o CT. Precisava fazer algumas avaliações e mandar alguns dos meninos pra exames mais específicos. Já tinha atendido Arrasca, Pedro e Noga. Faltava Rodrigo e Gabriel. Enquanto esperava ele, comecei a organizar algumas coisas.

Não demorou muito para minha porta ser aberta. Me cumprimentou e eu mandei que ele sentasse na maca. Comecei alguns testes básicos e ele resolveu puxar assunto.

— Tem algo te incomodando? — Olhei rapidamente pra ele e voltei ao que estava fazendo.

— Aqui dói? — Fiz pressão na parte superior do joelho e ouvi um grunhido.

— Um pouquinho só. Acha que é mais uma lesão?

— Tenho certeza que não. É a dor da pancada. Precisa se recuperar até dia onze, então não quero que você faça loucuras nos treinos. Promete? — Ele ficou quieto. — Promete logo, Rodrigo!

— Eu não vou fazer nenhuma loucura nos treinos, molequinha. — Revirou os olhos. — E você não me respondeu ainda, tem algo te incomodando? — Ele olhava atentamente para meu rosto.

— Não. Tem algo incomodando você? — Devolvi a pergunta.

— Tirando o fato de que você é a mulher mais mandona que já conheci em vinte e sete anos de vida, não. — Ri. — Só esse seu jeito que está estranho. Isso tudo é ansiedade pra me ver a noite?