Eu só podia estar louco, beijei aquele garoto de novo e fugi (de novo). Em minha defesa, não podia perder o ônibus para a escola, mas pensando bem, eu já ia me atrasar.
Parei de correr e dei meia volta, não me perdoaria se não tivesse mais daquilo que tive com Renato. Eu só podia estar enlouquecendo, o que era isso que eu estava sentindo?
Eu corri, mas parece que foi em vão, aquele bobão não se encontrava mais ali e achá-lo naquele mar de gentes ia ser impossível.
Eu o havia perdido e para completar o ônibus também. Nada disso ia me desanimar, eu podia estar indo para um internato, mas estava em uma nova cidade e alguma coisa me dizia que aqui eu me divertiria bastante.
Me sentei no meio fio da calçada, tirei meus tênis e revirei a minha mala atrás de meus patins. Dei uma última conferida no google maps e memorizei boa parte do percurso que faria.
O Rio de Janeiro pode até ser conhecido como a cidade maravilhosa, mas confesso que estar aqui em Joinville fazia toda a beleza do RJ parecer pouca. Eu observava atentamente cada detalhe deste lugar, e garantia também que não me perderia.
Era quase cinco horas da tarde e o sol já me abandonara, ao cruzar ppt uma avenida pude ter a certeza de que já passara por ela antes. Aquilo foi o suficiente para parar e dar uma conferida no celular, mas parece que o destino não estava lá de bem comigo e fez com que meu celular morresse.
Deixa eu ver se entendi:
Eu estava sujo;
Perdido;
Sem celular;
E agora com fome. Meu dia estava PERFEITO.Deus abençoe quem inventou o cartão de débito, achar um caixa eletrônico não foi tarefa fácil, mas agora que eu estava alimentado (e com dinheiro) podia pensar melhor.
Agora o vento parecia estar soprando ao meu favor, não precisei andar muito para encontrar um hostel limpo e aconchegante.
Depois de um longo banho e uma refeição quentinha, agora só o que eu precisava era de uma boa noite de sono, meu celular ficaria carregando e no dia seguinte eu estaria pronto para a nova escola.
Era uma manhã nublada e o relógio marcava oito horas. Arrumei todas as minhas coisas, fechei a conta e dessa vez iria de táxi.
O percurso do hostel até o colégio foi bem rápido e a corrida não saiu tão cara. Agora eu me encontrava diante de um portão enorme e de aparência assustadora.
Havia uma campainha, mas antes mesmo de pensar em tocá-la o portão se abriu.Eu tive que cruzar uma trilha enorme até poder passar pela porta principal e me apresentar na recepção. Uma recepcionista de cabelos de fogo e cara de poucos amigos falava ao celular e pouco deu atenção a minha presença ali.
Eu fingi tossir, estalei os dedos, mas nada conseguia chamar sua atenção. Depois de alguns minutos (que pareceram eternos) ela largou o celular, me encarou e se apresentou.
- Bom dia, me chamo Ana. Em que posso te ajudar? - agora ela sorria.
- Bom dia, eu sou o Pablo Vasconselos, vim transferido. - retribuí o seu sorriso.- Ah sim, estávamos te esperando... ontem.
- Eu meio que me perdi. - mantive o sorriso.
- Como sua mãe já preencheu todos os formulários, você só precisa pegar seus materiais, manual do aluno e aguardar ali - apontou para um banco de madeira envernizado - que seu guardião vai vir e te mostrará seu quarto e o resto da escola.
-Minha mãe esteve aqui? - perguntei cuspindo.
- Claro que não garoto, ela mandou tudo por email. - respondeu como se fosse a resposta mais óbvia.
- Então vou esperar. - era óbvio que a Dra. Não viria do Rio até aqui, agora eu certamente me sentia estúpido.Estive em pé por uns minutos preso em devaneios até perceber que a recepcionista me observava, ela piscou os olhos depressa e sinalizou para eu sentar no banco de espera.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Academia Quentin (EM CONSTRUÇÃO)
RomancePablo estava em apuros, depois da última que ele tinha aprontando não teria mais volta, seria mandado para um colégio interno. Acompanhe o cotidiano de Pablo na Academia Quentin, um lugar onde ele se encontrou e se apaixonou.