Capítulo 5 - Lar Novo Lar

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Eu só podia estar louco, beijei aquele garoto de novo e fugi (de novo). Em minha defesa, não podia perder o ônibus para a escola, mas pensando bem, eu já ia me atrasar.

Parei de correr e dei meia volta, não me perdoaria se não tivesse mais daquilo que tive com Renato. Eu só podia estar enlouquecendo, o que era isso que eu estava sentindo?

Eu corri, mas parece que foi em vão, aquele bobão não se encontrava mais ali e achá-lo naquele mar de gentes ia ser impossível.

Eu o havia perdido e para completar o ônibus também. Nada disso ia me desanimar, eu podia estar indo para um internato, mas estava em uma nova cidade e alguma coisa me dizia que aqui eu me divertiria bastante.

Me sentei no meio fio da calçada, tirei meus tênis e revirei a minha mala atrás de meus patins. Dei uma última conferida no google maps e memorizei boa parte do percurso que faria.

O Rio de Janeiro pode até ser conhecido como a cidade maravilhosa, mas confesso que estar aqui em Joinville fazia toda a beleza do RJ parecer pouca. Eu observava atentamente cada detalhe deste lugar, e garantia também que não me perderia.

Era quase cinco horas da tarde e o sol já me abandonara, ao cruzar ppt uma avenida pude ter a certeza de que já passara por ela antes. Aquilo foi o suficiente para parar e dar uma conferida no celular, mas parece que o destino não estava lá de bem comigo e fez com que meu celular morresse.

Deixa eu ver se entendi:
Eu estava sujo;
Perdido;
Sem celular;
E agora com fome. Meu dia estava PERFEITO.

Deus abençoe quem inventou o cartão de débito, achar um caixa eletrônico não foi tarefa fácil, mas agora que eu estava alimentado (e com dinheiro) podia pensar melhor.

Agora o vento parecia estar soprando ao meu favor, não precisei andar muito para encontrar um hostel limpo e aconchegante.

Depois de um longo banho e uma refeição quentinha, agora só o que eu precisava era de uma boa noite de sono, meu celular ficaria carregando e no dia seguinte eu estaria pronto para a nova escola.

Era uma manhã nublada e o relógio marcava oito horas. Arrumei todas as minhas coisas, fechei a conta e dessa vez iria de táxi.

O percurso do hostel até o colégio foi bem rápido e a corrida não saiu tão cara. Agora eu me encontrava diante de um portão enorme e de aparência assustadora.
Havia uma campainha, mas antes mesmo de pensar em tocá-la o portão se abriu.

Eu tive que cruzar uma trilha enorme até poder passar pela porta principal e me apresentar na recepção. Uma recepcionista de cabelos de fogo e cara de poucos amigos falava ao celular e pouco deu atenção a minha presença ali.

Eu fingi tossir, estalei os dedos, mas nada conseguia chamar sua atenção. Depois de alguns minutos (que pareceram eternos) ela largou o celular, me encarou e se apresentou.

- Bom dia, me chamo Ana. Em que posso te ajudar? - agora ela sorria.
- Bom dia, eu sou o Pablo Vasconselos, vim transferido. - retribuí o seu sorriso.

- Ah sim, estávamos te esperando... ontem.
- Eu meio que me perdi. - mantive o sorriso.
- Como sua mãe já preencheu todos os formulários, você só precisa pegar seus materiais, manual do aluno e aguardar ali - apontou para um banco de madeira envernizado - que seu guardião vai vir e te mostrará seu quarto e o resto da escola.
-Minha mãe esteve aqui? - perguntei cuspindo.
- Claro que não garoto, ela mandou tudo por email. - respondeu como se fosse a resposta mais óbvia.
- Então vou esperar. - era óbvio que a Dra. Não viria do Rio até aqui, agora eu certamente me sentia estúpido.

Estive em pé por uns minutos preso em devaneios até perceber que a recepcionista me observava, ela piscou os olhos depressa e sinalizou para eu sentar no banco de espera.

Academia Quentin (EM CONSTRUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora