Eu partira em disparada para lugar nenhum, não era uma fuga, era uma pausa de todos que escolheram me ignorar. Eu estava veloz e o vento agitava o meu cabelo, fui escolher logo aquele dia para não levar comigo o capacete.
Eu estava fora de controle, carros buzinavam e alguns motoristas me xingavam, eu não os ouvia, na verdade não ouvia nada, estava completamente aéreo e foi por estar distraído que eu não o vi.
Era tarde de mais para parar, eu gritei, mas seus hadfones bloquearam sua atenção. Não tinha mais como impedir, fechei meus olhos, pus os braços em torno da cabeça e deixe que meu corpo fosse de encontro ao seu.
Acredito que se eu não estivesse de calça teria doído mais, meus braços estavam ralados e para minha sorte meu rosto estava intacto. Me pus de pé e com a palma das mãos fui tirando a sujeira da minha calça. Quando terminei me dei conta que eu tinha esquecido do garoto que ainda se encontrava no chão.
Eu me aproximei e tentei tocá-lo, mas ele se afastada e gritava:
- Não toque em mim seu louco.
- Louco é você que cruzou a minha direção. - eu também gritava.
- Se você não fosse bonitinho eu arrebentava a sua cara. - me ameaçou.
- Você tá me zoando? Eu vou meter meu punho na sua cara! - quem ele pensa que é para me ameaçar?
Meu sangue tava fervendo, ele tinha conseguido me estressar. Não pensei duas vezes quando tirei os meus patins e parti pra cima dele (de novo).
Ele acertou meu rosto com um soco, e e eu o acertei no diafragma deixando-o sem ar. Ele caiu no chão e eu me aproximei para ajudar (não queria matar o menino). Extendi a minha mão para ajudá-lo a levantar e a agarrou e com força me puxou para o chão.
Me levantei rápido e já me preparava para o próximo round. Ele me encarou e começou a gargalhar. Não era uma gargalhada de desdém ou provocativa, ele estava realmente achando graça de toda aquela situação. Eu parei, analisei o nosso estado (sujo e sangrento) e também ri. Nos sentamos em um banco da praça ele pôs seu skate perto dos meus patins e me encarou.
- Me chamo Renato. - estendeu sua mão. Ele era negro, sua cabeça era raspada, seu sorriso era radiante, seus olhos castanhos e seu corpo...
Despertei do meu devaneio retribuí o gesto e respondi:
- Meu nome é Carlos. - não diria de deixo nenhum meu nome verdadeiro para esse doido, não importa o quão bonito ele seja (no que eu estava pensando?)
- Desculpa pelo soco, e tão pelo incidente. - ele sorriu.
- Peço desculpas também. Você não é daqui né? - perguntei enfim dando conta do sotaque dele.
- Não sou, eu nasci em Teresina e me mudei para o Sul. - ele agora me fitava de cima a baixo, como se estivesse me analisando.
- O que você faz aqui no Rio? Não devia estar na escola? - estava curioso.
- Isso é o que se ganha quando descobre que seu pai tem um caso, ele estava tran...
- Informação de mais! - interrompi.
Já estávamos alguns minutos em silêncio e eu já calçava meus patins quando reparei que ele me fitava de cima a baixo.
- Perdeu alguma coisa? - perguntei seco.
- Posso ter acabado de encontrar. - ele sorria.
Eu não conseguia disfarçar, aquele sorriso sonso, o olhar penetrante. Meu coração estava acelerado, minhas bochechas fervendo. Eu não fazia idéia do que estava acontecendo comigo.
Agora os nossos olhares estavam sintonizados, como se disputássemos quem desviaria primeiro. Ele agora se aproximou e eu não pensei duas vezes e o beijei.
Eu nunca tinha feito aquilo antes (beijar um garoto é claro), seu beijo era quente e convidativo. Eu mais e mais me envolvia naquele beijo, meus braços enlaçaram seu pescoço, enquanto os dele contornavam a minha a cintura.
O beijo se intensificava e cada vez eu me envolvia. Aquilo era a melhor coisa que estava me acontecendo, eu não estava acreditando que era real. Foi preciso um cachorro latir para me despertar.
Eu o afastei depressa e tentava processar o que havia acontecido. Ele ainda me olhava e quando se aproximou, eu fugi.
Espero que gostem do capítulo e não esqueçam de favoritar e comentar.
Trilha do capítulo: a-ha - Take on Me
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Academia Quentin (EM CONSTRUÇÃO)
RomancePablo estava em apuros, depois da última que ele tinha aprontando não teria mais volta, seria mandado para um colégio interno. Acompanhe o cotidiano de Pablo na Academia Quentin, um lugar onde ele se encontrou e se apaixonou.