Olá, meus queridos. Tudo bem? Espero que sim!
Começando 2022 com muito conhecimento, hoje vamos conversar sobre as figuras de linguagem. "Ah, William! Lá vem você com esses assuntos horríveis de português. Eu não entendo nada dessas coisas!". Fica tranquilo, meu jovem. Assim como o assunto da crase, vou te conduzir por esse assunto com muita calma e de um jeito bem simples. Vamos?
Pegue minha mão. Pegou? Então vamos lá!
Antes de tudo, vamos entender o que são essas desgraçadas. As figuras de linguagem são meio que "fugas" da linguagem literal, a norma culta. O seu uso cria um efeito diferente do que geraria se determinada frase fosse dita em termos literais.
Entendeu peste de nada, né? Certo! Vou simplificar com um exemplo. Quando eu digo: "Gabriel morreu!" você percebe que é uma linguagem padrão. Literalmente Gabriel morreu. Mas e se eu quisesse não ser tão rude com as palavras? Eu poderia dizer: "Gabriel nos deixou" ou "Gabriel está com Deus agora". Essa é uma das figuras de linguagem que vou mostrar.
Daí você me pergunta: quais são as principais figuras de linguagem (as essenciais para um escritor)? Pois muito que bem. Vamos começar bem suave.
1) IRONIA: essa aqui eu duvido que você não conheça. A ironia acontece quando se diz o oposto do que realmente queria dizer. Por exemplo: "Sair? Nesse temporal? É claro! Vou lá ficar na beira da praia esperando cair granizo na minha cabeça!". Nesse caso, os falante quis dizer o oposto do que pensava. Fácil, não?
2) SARCASMO: as pessoas confundem muito a ironia com o sarcasmo, até porque essas figuras de linguagem são muito próximas. A ironia tem um tom mais leve, frases que se contradizem e geralmente é levada com bom humor. O sarcasmo é mais pesado e tem o intuito de zombar/ofender alguém. Por exemplo: "Você tá linda, amiga. Nem parece aquele dragão de minutos atrás!". Percebeu como o sarcasmo é mais ácido em relação a ironia? Se não sabia dessa, anota aí!
3) PLEONASMO: acontece quando a gente usa um termo equivalente duas ou mais vezes, deixando a frase redundante. Quando eu digo: "Entre já para dentro, Júlia!", eu estou sendo redundante, pois "entrar" meio que já é autoexplicativo (a não ser que você saiba um jeito de entrar pra fora kkkk). O pleonasmo nem sempre é um vício de linguagem inútil. Você pode deixá-lo interessante usando-o para intensificar uma ideia. Exemplo: "Devemos nos amar como se fosse o último dia. Sim, devemos nos amar!" Nessa frase há a repetição de um termo para dar ênfase. Isso é o pleonasmo quando bem usado.
4) AMBIGUIDADE: dessa vocês vão gostar. Ambiguidade é quando você deixa um duplo sentido na frase. Ela pode ser mal ou bem usada. É um erro quando não é pensada, mas pode ser interessante quando empregada corretamente. Por exemplo, se eu digo: "Pulei na mesa e quebrei a perna", não fica claro qual perna se quebrou, pois popularmente conhecemos a base de madeira que sustenta as mesas como pernas. Há um diálogo na série Supernatural que é recheado de falas ambíguas. Na ocasião, dois personagens, o Crowley e um demônio em um corpo feminino, falam sobre o Cajado de Moisés, guardado por Crowley há anos. Quando o personagem abre a caixa onde o artefato estava, a mulher demônio observa e diz "Eu posso tocá-lo?". Crowley, então, responde: "Com todo respeito, querida, mas não acho que aguente meu cajado.". Nem é preciso explicar mais, não é?
5) METÁFORA: acho que todos já ouvimos falar dessa aqui, mas talvez não tenhamos entendido bem o que ela significa na prática. A metáfora é como se eu usasse um termo referente a uma coisa no lugar da característica em si. Entendeu porra de nada, né? Pois bem! Esqueça o que eu disse. A metáfora, na prática, é a comparação, mas sem usar os termos "como", "tal como/qual", etc. Se eu disser "Mamãe é um anjo comigo!", a gente sabe que eu não quis dizer que ela é literalmente um anjo, mas sim que ela é uma pessoa bondosa.
6) HIPÉRBOLE: sem explicações gramaticais, a hipérbole é o exagero nos termos. Quando eu digo: "Estou morrendo de fome!", todos sabem que eu não estou literalmente morrendo, mas sim com muita fome.
7) EUFEMISMO: é o oposto da Hipérbole. Aqui, a ideia é suavizar a expressão. Quando dizemos "Ela descansa em paz", ao invés de "Ela morreu", estamos usando eufemismo.
8) ELIPSE: acontece quando eu omito termos sem que a frase perca o sentido original. Por exemplo, na expressão: "Eu caí na rua enquanto estava vendo o desfile" eu poderia omitir termos sem que ela perdesse o sentido: "(Eu) Caí na rua (enquanto estava) vendo o desfile". Outro exemplo: "Hoje choveu e (eu) não pude sair para caminhar".
9) ZEUGMA: diferente da Elipse, o Zeugma acontece quando eu omito um termo QUE JÁ FOI CITADO antes. Por exemplo: "Estava no bosque, enquanto mamãe, na praia". Eu não quis repetir a palavra "Estava". Nesse caso, a vírgula sempre vai indicar a omissão do termo.
10) HIPÉRBATO: nome esquisito, né? Essa aqui ocorre quando você inverte os termos da oração. Ela é muito útil pra dar um diferencial na nossa escrita. Exemplo: quando eu digo: "Acordou esbaforida a jovem", vocês notam que o sujeito (a jovem) não veio no início, mas sim no final. Ficou fácil, né?
BONUS) POLISSÍNDETO E ASSÍNDETO: o Polissíndeto acontece quando nós repetimos várias vezes os conectivos. É muito presente na Bíblia, inclusive.
Ex.: "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." — Olavo Bilac. Percebeu quantos "e" estão destacados? Isso é o Polissíndeto.
Já o Assíndeto é o não uso de conectivos. Eu já dei várias vezes a sugestão de omitir os conectivos às vezes. Dá um ar diferente ao texto. Ex.: "Chegamos no hotel, comemos, bebemos, nos divertimos, dormimos, acordamos, fomos para casa." Viu? Nenhum conectivo.
É isso, galera. Espero que eu tenha os ajudado pelo menos um pouco. Até o próximo capítulo!
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Dicas Para Escritores | Vol. 2
FanficTenho certeza de que você já deve tá exausto de tanto rodar a Internet em busca de dicas de escrita que realmente funcionam. Enrolação, vídeos nada objetivos ou pouco claros, conteúdos complexos demais... esqueça tudo isso! Seja muito bem vindo ao l...