Capítulo XII:

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                O despertador tocou e foi Kurt quem apertou para desligar. Ele então rolou em direção a Blaine e começou a beijar seu pescoço:

- Acorde, meu amor.

Blaine gemeu:

- Por que tão cedo?

- Não está cedo; é a hora em que a gente sempre acorda.

- Então por que eu me sinto tão cansado?

- Porque tomar conta do Adrian é uma tarefa difícil. E você só fez isso por mais ou menos duas horas ontem de noite para que eu pudesse terminar meus desenhos para o "Moulin Rouge". Imagina quanto eu fiquei cansado tomando conta dele o tempo inteiro na semana passada...

- Você conseguiu pelo menos terminar seus desenhos para a reunião de hoje?

- Quase. Eu vou ter que terminar mais tarde. De qualquer maneira, eles devem pedir por muitas mudanças hoje. Eu devo passar os próximos dias desenhando para caramba.

Eles se levantaram. Kurt se ofereceu para acordar o Ady, mas Blaine o interrompeu:

- Eu faço isso quando eu acabar de preparar o café da manhã dele. Eu não consigo tomar conta dele e cozinhar como você faz. Além do que, se ele vir você, ele não vai deixar você sair a tempo.

Kurt o beijou:

- Obrigado. Eu nunca conseguiria sem você.

- Eu acho que é o contrário. Vem cá, vamos pelo menos tomar café juntos. Parece que ultimamente esse é todo o tempo que consigo sozinho com você.

Blaine estava arrastando Kurt para a cozinha, mas Kurt o parou:

- Amor, eu sei que as coisas estão difíceis nesses últimos dias, mas você sabe o quanto esse emprego é importante para mim.

Blaine segurou o rosto de Kurt com as duas mãos:

- Desculpe se eu estou sendo um pouco ranzinza. Eu só quero tempo com você; nossas vidas agora se resumem a tomar conta de criança, trabalho e telefonemas sobre a diretora do jardim de infância. Eu nem posso levar você para sair porque nossa babá tem trabalhado além da hora para ter alguém para tomar conta do Ade nas tardes. Eu sinto falta de você.

Kurt olhou para baixo, suspirou e então olhou nos olhos de Blaine:

- Vai melhorar. A gente só precisa aguentar por mais alguns dias.

- Quantos?

- Eu não sei.

Kurt começou a chorar. Blaine ficou assustado e o abraçou com força:

- Não faz isso, por favor não. Me desculpe, me desculpe. Eu amo você, por favor não chore.

Kurt começou a falar entre soluços:

-Não, Blee, eu que peço desculpas. Eu não devia estar chorando. Eu só estou tão cansado.

Blaine o apertou mais para perto e o beijou. Lágrimas começaram a correr pelo seu rosto também. Eles acabaram abraçados no corredor, nenhum dos dois querendo largar.

Blaien estava tendo um dia difícil. Ele não conseguia lidar com a excitação de Adrian. O menino tinha quebrado um copo enquanto tentava ajudar o pai a cozinhar. Blaine desistiu e saiu para almoçar com o menino. Kurt ligou durante seu intervalo para dizer que, como ele previra, ele teria que refazer quase todos os desenhos de seus figurinos. Blaine percebeu que era hora de esquecer os planos que ele tinha para uma sessão da meia-noite com Kurt no sofá.

A tarde não ficou mais calma de maneira nenhuma. E só piorou quando o telefone tocou:

- Alô?

- Blaine? É a Harriet Green.

- Oi, Harriet, alguma notícia sobre a senhora Bane?

- Sim, mas não são muito boas.

- Tudo o que eu precisava... Diga...

- Ela não concordou em nos encontrar. Ela não disse nada ofensivo, então não temos jeito de forçá-la a isso. Nós tentamos entrar em contato com o dono da escola, mas ele disse que confiava na senhora Bane e que as decisões dela eram absolutas.

- E aí, o que fazemos agora?

- Daniel está consultando alguns amigos advogados para ver se alguém tem alguma ideia. A senhora Bane reivindica que o Adrian não é mais aluno e que então ela não tem obrigação de atender aos nossos pedidos. Porém, o que nós estamos pesquisando é saber se o Ade não é mesmo mais um aluno, desde que ele não foi desligado oficialmente da escola.

- Obrigado pelo aviso, Harriet, mas pelo que você está me contando, nós não temos para onde ir daqui, certo?

- Vou tentar ligar para as outras famílias. Ver se mais gente quer se juntar a mim e tentar marcar outra reunião com a senhora Bane. Nós somos os pais dos alunos, afinal. Eu também vou tentar falar com as professoras e ver se alguém pode provar que ela foi racista e homofóbica.

- Eu acho que nós nunca vamos poder agradecer você e sua família o suficiente pelo que vocês estão fazendo por nós, mas eu acho que é hora de Kurt e eu começarmos a procurar outro jardim de infância para o Ade.

- De nada. Eu entendo a sua posição, mas eu não perderia as esperanças.

Blaine estava com um estado de espírito ainda pior do que ele tinha estado a tarde inteira: como ele iria contar isso ao Kurt?

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