Capítulo 25

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Assim que o nome ALEV saiu de seus lábios o mundo a sua volta parecia ter parado, a cena trágica a sua frente em pause, Arquia ainda no chão sem poder se mexer, mas a dor física já não existia, só a da alma, do seu coração, arfou, o alivio a invadia ao mesmo tempo que a tristeza.

- Você sabe que não tem mais volta, certo?! – Arquia olhou sobre o ombro para o dono da voz, estava atrás em pé, ela imitava a fisionomia humana, no entanto era coberta de chamas azuis, sem feições, os cabelos eram como uma vela, apontando para cima. Não estava realmente ali, naquele salão de pedra, só na sua mente, a morena era consciente disso. A informação entrava na sua cabeça como algo concreto vindo daquele ser etéreo.

- Eu sei – olhou de volta para cena a sua frente, as garras do Senhor das Trevas a centímetros do peito, do coração de Nefera – Faça o que tem que fazer, mas a mantenha a salvo.

- Não se preocupe Arquia, os Arcanjos sempre mantem suas promessas – as palavras vinham de trás de sua cabeça, fechou os olhos, já sentia aquela queimação nas pontas dos seus pés, não doía, era o calor de uma fogueira em um dia de frio, acolhedor. Se deixou ser tomada pela sensação. A nostalgia de mergulhar em um mar, e dessa vez não se afogar.

Ainda lembrava o que lhe foi dito naquela noite, em meio ao sonho, quando se uniu pela primeira e única vez com Nefera até então, naquela clareira.

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Depois do prazer carnal que havia experimentado com a outra, as caricias e carinhos, ela caiu em um sono febril, a sensação de mergulhar e ficar sem ar, como um abraço de tirar o folego, era conhecido. Quando seus olhos se abriram, olhando em volta, acima se encontrava um mar denso, não conseguia ver o fim, e onde estava sentada, o céu cristalino sem nuvens.

- Parece bem confortável! – a não pergunta veio de suas costas, se levantou enquanto recuava em guarda, e lá estava, o ser de puras chamas azuis a encarando – Não precisa ficar com medo – sua voz saiu como se estivesse contendo um sorriso.

- Quem é você? – Arquia perguntou endireitando as costas – O que é isso? – falou olhando em volta – Onde estou e por que? – as palavras saíram quase sem folego – Onde está Nefera? – Não a ver a deixava ansiosa, temendo o pior. Sem se importar em mostra suas ditas fraquezas, só queria ter certeza que a loira estava segura.

- Calma – a voz emanava a tranquilidade de um rio sem correnteza – Em primeiro lugar vamos deixa-la despreocupada, Nefera ainda dorme em seus braços, na clareira onde vocês duas desbravaram os corpos uma da outra – abriu os braços em demonstração do lugar, sem se importar com o quão constrangida Arquia poderia estar com suas últimas palavras – Isso é seu subconsciente. Nosso, para ser exato – apontou para baixo – O céu azul sem nuvens é seu, tudo o que faz você funcionar, corpo alma e etc – Apontou para cima – O mar sou eu, magia divina, pura, nas mãos erradas corruptas, nas mãos certas uma dadiva sagrada, nas nossas mãos – apontou para a morena a sua frente – o poder necessário para derrotar o Senhor das Trevas.

Arquia arfou, como se o ar faltasse de seus dois pulmões, recou, as estórias da loira vieram em sua mente, sobre o Cavaleiro das Chamas, a armadura. E mais perguntas sugiram.

- Não sei exatamente o que é você, mas está atrelado ao único herói que derrotou o Senhor das Trevas, certo? – Saiu rápido enquanto encarava os seus pés que pisavam o céu azul.

- Sim, eu e a armadura somos peças de um único quebra cabeça, pertencemos ao mesmo ser divino, ela foi feita de um único fio do cabelo de um Deus, entregue ao humano que era considerado um prodígio da forja, Vulcano, o criador da armadura, a única matéria nesse mundo capaz de suportar minhas chamas por completo–

Mito - (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora