Capítulo 17

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Arquia ainda estava tentando entender como uma raposa vermelha tinha virado sua montaria. Estava dando uma olhada e ajustando sua roupa no corpo, sentada em um caixote no estábulo improvisado já vazio. Enquanto se lembrava o que tinha acontecido mais cedo.

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Uma raposa vermelha com olhos verdes, um pouco maior do um gato adulto tinha acabado de falar para a morena que seria sua montaria. Arquia riria se não estivesse em uma situação seria.

- Não leve isso para o lado pessoal – a morena andou em volta do espirito franzindo o cenho com um olhar descrente e parou a frente da criatura com a mão na cintura - Mas você não seria o que eu chamaria de uma montaria – a morena falou apontando para o espirito como dedo indicador.

A raposa riu – Humanos são sempre tão apegados aos seus preconceitos?! – Uma pergunta que poderia ser confundida com uma afirmação.

Assim que o espirito terminou de falar um pequeno redemoinho se formou a sua volta, e foi crescendo de tamanho. Arquia, Nefera e qualquer um que estivesse por perto foram obrigados a se afastar. Quando a rajada de vento se dissipou o que estava à frente deles era algo um pouco difícil de acreditar. Uma raposa do tamanho de um cavalo, seu pescoço era vermelho com um colar de esferas de pau-ferro, suas noves caudas tinham as pontas vermelhas e havia círculos de fogos em suas patas, o resto da pelagem era branca lhe dando um degradê quase rosado. Seus olhos brilhavam verde claro em desafio para a humana a sua frente. Arquia arranhou a garganta.

- Parece que eu estava enganada – Deu um passo à frente do espirito e o encarou com o seu sorriso felino habitual - Meu nome é Arquia. E o seu espirito?

- Ester. A atual soberana dos espíritos.

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Enquanto apertava as manoplas escutou passos, não se deu o trabalho de levantar o olhar, o aroma doce e florado já tinha lhe dedurado quem era.

- Ocupada? – A loira perguntou parando à sua frente

- Não, só olhando se tudo estar certo – pegou a loira de surpresa a puxando, a encaixou no meio das pernas, envolveu a cintura da outra com os braços, em troca teve seu pescoço envolvido. Arquia tinha uma dúvida, encarou a mais velha por um tempo.

- O que te incomoda meu amor? – Perguntou a loira enquanto fazia um leve carinho a sua face. Com um sorriso brincando em seus lábios Arquia fechou os olhos e aproveitou por um tempo aquele gesto e saboreou a palavra "Amor" sendo referido a ela.

- Não pense que desconfio de você ou algo do tipo, só estou um pouco curiosa. Como sabia que ela era um espirito? – Não havia necessidade de dizer a quem estava se referindo. A loira sorriu e não parou com seu carinho na outra.

- Antes dos crools chegarem só duas criaturas falavam e pensavam. O homem e os espíritos. Mas até mesmo na nossa época eles eram lendas, só houve um contato real entre nós quando o Senhor das Trevas atacou, no começo até chegamos a pensar que fossem inimigos, mas quando tudo se esclareceu eles se tornaram nossos maiores aliados, e estiveram conosco até o final e isso lhes custaram muito dos seus. Na verdade, fiquei surpresa e feliz de saber que eles ainda existem depois de tanto tempo.

- Entendo... – foi tudo que a morena conseguiu dizer, muita coisa ainda rondava sua cabeça. Nefera colocou a mão no seu queixo levantando sua cabeça e a forçando a encarar.

- Não se preocupe demais, vamos seguir o plano de Joshua e tudo dará certo – a morena pegou a mão da outra e levou a sua face apertando com a sua própria mão. Um gesto felino. Olhou para aquele mar azul e cristalino que eram os olhos da loira e sorriu, sem avisar avançou e tomou os lábios da outra. Voracidade, desejo e certa urgência de mais contato com a pele da loira – Espera, espera... – Nefera a afastou sem sair de seus braços. Arfando.

Mito - (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora