Capítulo 11

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Nefera viu a morena ir embora, não conseguiu ir atrás dela. As palavras de Arquia doeram na loira, no entanto parecia doer mais ainda para a outra dize-las. A mais nova tinha um passado conturbado, isso claramente tinha um peso em suas decisões e ações. A Igreja e seu mestre com toda certeza tinham parte nisso. Só pelo que tinha visto ela entendia, e mesmo sabendo disso não conseguiu se conter. Ao ter a mais nova tão perto, se deixou levar, e só quando seus lábios se tocaram, com o calor invadindo seu corpo e se espalhando, foi que entendeu o que sentia pela morena. Que toda sua preocupação com o bem-estar de Arquia, a necessidade de vê-la e tocar em sua pele, era porque tinha começado a gostar dela.

Toda sua irritação pela outra está usando uma máscara para esconder aquilo que sentia, perto de Nefera, por perceber que quem tinha posse de sua vontade e de sua liberdade, era um tipo autoritário e claramente só a via como uma ferramenta. Tudo isso por que estava apaixonada por Arquia. Sorriu com essa conclusão. Tocou com as pontas dos dedos em seus lábios, sorrindo com a lembrança do beijo, do calor, do toque. Ainda podia sentir quente onde as mãos da morena haviam passado por seu corpo. Ela havia retribuindo o beijo. Ainda tinha esperança.

– Parece muito feliz para alguém que vai morrer! – Nefera virou subitamente. Pairando no ar estava um ser de forma humanoide – Deixe que me apresente – fez uma falsa reverencia – Sou Troter um dos nove Generais do Senhor das Trevas. E como senti uma presença forte vim dar uma olhada.

Armadura negra, cabelos longos de mesma cor e olhos escuros e profundos. Sorria de forma sanguinária. Então ele piscou olhando diretamente para o braço direito de Nefera onde o selo estava tatuado em preto, em sua mão, um círculo mágico com os emblemas dos cinco grandes reinos. A loira não se preocupou em cobrir o selo, não achou que seria necessário. Um erro. Usava uma blusa de mangas curtas cor bege, calças caramelo e botas escuras. Tinha apenas uma espada na cintura.

– Entendo – falou abrindo sua boca em um sorriso sobrenatural – Parece que você conseguiu escapar de sua prisão e ainda está viva. Nefera. A humana que selou nosso mestre por séculos! – as últimas palavras saíram quase em um grunhido – Vou arrancar seu braço, enquanto esmago sua cabeça – Pulou no solo levantando poeira a sua volta – A matarei da forma mais dolorosa possível - Ele avançou. Nefera colocou a espada a sua frente de forma defensiva. Não podia cair. Não ali.

Quando ele se aproximou, quase como um vulto. A loira levantou uma das mãos na direção dele. Algo surgiu rapidamente na direção dele, uma parede de gelo, o fazendo se esquivar. Nefera repetiu esse golpe algumas vezes, até que tudo a sua volta tivesse se tornando branco, paredes de gelo por todo lado, as árvores tinham sumido. E seu oponente também, ela olhava para todos os lados arfando, procurando o seu oponente.

– Tenho que admitir, sua magia é forte – a voz parecia vir de várias direções – Mas você a desperdiça. E estou começando a me sentir entediado. Vamos logo para a parti divertida. Onde você começa a gritar de dor e desespero! – Gargalhou de forma animalesca.

Sombras cortaram o ar em sua direção, Nefera desviou da maioria, enquanto revidava, mas estava claro quem tinha a vantagem, logo arranhões surgiram no corpo da loira. Desviar se tornou difícil, e ele não mostrava nenhuma abertura. Era muito rápido, com o passar do tempo a loira sentiu seu corpo cansar, pesando. No entanto não desistiu. Continuou desviando e criando as paredes de gelo. Sentia sua magia acabando, tinha que terminar logo com aquilo.

Umas das paredes de gelo foi quebrada chamando a sua atenção paras suas costas, quando se virou, sentiu um arrepio na nuca, olhou por cima do ombro, orbes negras a encaravam e os antes dentes tinham virado presas brancas, a centímetros de sua pele. Nefera estava a um segundo de sua morte. Presas perto do seu pescoço. Garras prontas para cravarem em seus braços e os rasga-los. Tinha que agir logo. Não havia mais tempo. A loira deixou a ponta da espada tocar o chão, e agora não só o ar, mas o chão fazia parte de seu domínio.

Mito - (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora