S01E03

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Vyctor onn*

  Minha mãe sempre soube cozinhar como ninguém, e desde que comecei minha transição para o vegetarianismo ela me apoiou, criando pratos cem por cento naturais, sem nada de origem animal, tipo carne, leite, ovos e mel.
  Foi realmente difícil no começo, pois inventei de fazer isso sem passar com um nutricionista e, não sabendo quais vegetais incluir na dieta, tive então alguns problemas.
  Mas agora está tudo indo bem, pretendo até mesmo, mais para frente, me tornar um vegano, ou seja, além de não consumir alimentos de origem animal, também não utilizarei itens e produtos que venham dessa mesma origem.
  O café da manhã hoje está uma delícia, é suco de melão,  bananas no prato com aveia, morango e uva passa.

Bree: Não vai querer kiwi hoje, filho? - Pergunta enquanto segura uma das frutinhas redondas e peludas na mão.

Vyctor: Sabe mãe, acho que eu não gosto de kiwis. Tenho preferência por morangos.

  Só após dizer essa frase pude perceber o significado oculto que pode ser analisado nela. Viro o rosto para minha mãe, tornecendo para que ela não tenha achado aquilo tão estranho quanto eu.
  Mas para minha sorte, ela apenas colocou a fruta de volta na geladeira e foi servir um copo de suco para si mesma. Como sempre, não me sinto pronto para falar de coisas assim.

  "Ufa, eu deveria comer mais e falar menos!"

  Meu celular não para de vibrar, já chegaram duas mensagens de bom dia do Jeff, e mais três do Darius. Continuo sem entender qual é a deles.

Darius onn*

  Não sei não, mas acho que o Vyctor deve estar achando muito estranho o fato de que o rapaz mais popular da escola de repente passou a lhe mandar mensagens. Talvez essa não esteja sendo a minha melhor estratégia, preciso pensar em algo melhor caso realmente queira tirar uma com ele.
  Ah, quem eu quero enganar? Acho que só estou digitando para esse garoto nesse momento para fugir da minha atual realidade, que nada mais é do que a mesa do café da manhã sendo dividida entre eu, minha irmã e meus pais, após meses.
   Zara cutuca as suas panquecas e come bem devagarinho, enquanto minha mãe parece estar colocando melado nas dela já a algum tempo.
  Meu pai, por outro lado, deve estar no terceiro prato, ele realmente adora café da manhã. Diz que sempre acorda com muita fome, e que isso é resultado dos anos de trabalho duro que teve quando mais novo.

Zara: As panquecas estão ótimas, mãe! - Diz suavemente, quebrando o silêncio até então estabelecido entre nós.

Mirian: Fico feliz que tenha gostado, querida! - Sorri.

Caul: No reformatório não haviam panquecas assim, eu aposto! - Retruca, cortando a massa com uma faca de serra.

Darius: Pai!

  Ele me olha, e parece ter entendido o que eu quis dizer ao chama-lo.

Caul: Não vou me calar, não na minha casa! Caso ela se sinta ofendida, então que não volte mais aqui! - Murmura com grosseria.

  Minha mãe volta a colocar melado nas panquecas dela, formando uma verdadeira poça de grude no prato enquanto olha fixamente para a jarra derramando o líquido viscoso e doce.

Zara: Viu só, Darius?

Darius: Zara, não...

Zara: É exatamente por atitudes assim que eu assaltei aquela merda meses atrás! - Responde com raiva.

Caul: ZARA!

Zara: Por que fui adotada, enquanto eles pensavam que não poderiam ter um filho biológico, até que você nasceu e eu, uma criança, passei a ter um tratamento completamente diferente!

LOS TRESOnde histórias criam vida. Descubra agora