Mendez onn*
Anoto em minha ficha o máximo de detalhes possíveis, tentando entender as palavras que a mulher em estado de choque pronuncia de forma enrolada e assustada. Já seu filho ao lado me parece distante, olhando fixamente para o nada enquanto rói as unhas sem um mísero minuto de pausa.
Mendez: Certo, já tenho tudo o que preciso, Sra. Bree. Peço que permaneçam a postos no caso de precisarmos de mais alguma coisa, mas por hora é só. - Me levanto, dando uma última olhada na enorme poça de sangue ao lado do sofá.
Vyctor: O que vai acontecer com o Joe? - Questiona em tom frio e direto.
Bree: Ele é um assassino, Vyctor! Obviamente será preso quando encontrado onde quer que esteja!
Vyctor: Mas ele estava me defendendo, de um alucinado que invadiu a nossa casa.
Mendez: Tomaremos as medidas necessárias, rapaz. Não se preocupe com isso.
Aceno com a cabeça uma última vez antes de sair andando em direção a porta, pisando no piso de madeira envernizado que agora fede sangue puro.
Independente dos relatos de abuso do jovem, uma vida foi tirada ali de forma brutal, com uma arma de provável porte ilegal, não posso simplesmente ignorar as irregularidades do caso e passar pano. Por mais que, no fundo, confesso achar que parte da justiça já foi feita.Chloe onn*
Minha visão começa a turvar, o cheiro de carne e do fluido vital que encharca minhas roupas faz meu estômago revirar por inteiro. Tento mexer minhas mãos na intenção de escapar e tampar a ferida antes que ocorra uma hemorragia, mas fui muito bem presa pela vingativa mulher.
Com mão vermelha sobre os lábios ela me olha abismada, tremendo e soluçando desesperada ao notar que se tornou uma pessoa tão cruel quanto sua irmã, mesmo que pelos motivos certos. Afinal, os fins não justificam os meios.Margot: Eu não queria isso... Eu... - Esbarra numa mesinha de madeira ao andar de ré pelo cômodo.
Chloe: Tudo... - Engulo o sangue que insiste em subir por minha garganta. - Tudo bem...
Margot: Darei um jeito nisso... Eu... Eu prometo... - Se vira com tudo, subindo as escadas desesperadamente.
Chloe: NÃO! NÃO! Me ajude!
Os ferimentos ainda estão sangrando bastante, e sem a ajuda de alguém para me soltar irei morrer lentamente.
Balanço meu corpo fraco de um lado para o outro, movendo-me poucos centímetros apenas. Tenho a idéia de pegar o máximo de impulso possível com os pés e me jogar para trás, e assim faço, quebrando a cadeira de madeira quando atinjo o chão com tudo.
Me desenrolo das cordas e estilhaços de pau, apoiando as mãos no assoalho que parece estar se mexendo para cima e para baixo. Sigo me arrastando apenas com a forças dos braços, pois minhas pernas não possuem a capacidade de se manterem em pé sozinhas.
Meus dedos tentam segurar firme por entre os vãos enquanto me impulsiono para frente, sentindo um rastro de sangue se formar a partir da minha barriga rasgada que se esfrega pelo chão.
Quando estou prestes a tocar o primeiro degrau da escada que leva para a saída, vejo a luz do Sol entrando pela porta aberta a poucos metros acima de mim e, enfim, tudo se apaga. A última coisa que consigo ver é o círculo vermelho que pouco a pouco se forma ao meu lado.
Era de se esperar que alguém como eu, no final, teria apenas o próprio sangue jorrado como companhia.Darius onn*
Chego em casa o mais rápido possível após minha mãe me ligar desesperada perguntando por Zara, que segundo ela simplesmente sumiu duma hora para a outra, não atende as ligações e nem responde mensagens já a um bom tempo. Me pergunto no que minha irmã se meteu dessa vez.

VOCÊ ESTÁ LENDO
LOS TRES
Teen FictionNada de interessante costuma acontecer na cidade de Orleo, mas tudo está prestes a mudar. Com o retorno do nosso protagonista Vyctor ao colégio Manshild após as férias de verão, acontecimentos que mudarão não somente a sua vida, mas também a de t...