S02E01

32 3 0
                                    

Narrador onn*

  Com flanelas de pano umidecidas em alvejante, partes do carro como maçanetas, travas, painel, banco, cinto e janelas eram limpadas freneticamente na intenção de que qualquer digital ou rastro fosse apagado para sempre.
  Com a ajuda duma luz negra improvisada por um aplicativo baixado às pressas, detalhes eram cuidadosamente analisados pelos três adolescentes que, naquela marcante noite, haviam se envolvido em algo que não tem volta, ato de impossível redenção. Ou pelo menos era o que pensavam.
  Alguns fios de cabelo loiro foram retirados do assento passageiro que Chloe estava, enquanto a mesma se encontra agora em estado de choque porém vigilante do lado externo do automóvel.

Zara: Não tem mais nada que possamos fazer, precisamos sair daqui agora mesmo, porra! - Sussurra em tom desesperado.

Darius: Tá, beleza! Leva a Chloe daqui, ela precisa se lavar. - Dá uma pausa na frase sussurrada e pega algo que estava do seu lado.

Zara: Vai fazer o que com isso? - Pergunta encarando a garrafa de vidro cheia de sangue na mão do seu irmão.

Darius: Fala sério, é a arma do crime com digitais que vão trazer a polícia até nós! Não dá para simplesmente deixar aqui!

Zara: Tanto faz, vamos sair daqui, mano! Não dá pra ficar dando bobeira na cena do crime, caralho! - Diz sem paciência.

  Com pressa e cuidado, os irmãos saem de dentro do carro que cheira à sangue e bebida alcoólica, agarrando os braços de Chloe, estagnada num lugar específico no asfalto frio enquanto encara o nada.
  Evitando a luz de postes o máximo que podem, andam em passos lentos e culpados até o jardim de casa, indo em direção da porta de entrada rapidamente.

Darius: Ei, olha pra mim! Me escuta! - Balança a loira tentando traze-la de volta para a cruel realidade.

Chloe: Eu matei ela... Porra, eu...

Darius: Ei, foi legítima defesa, tá legal? E você não está sozinha nessa. - Segura o ombro dela, olhando em seus olhos e dando todo o apoio possível.

Chloe: Obrigada... De verdade, obrigada... - Diz com voz chorosa e assustada.

Darius: Vai se lavar e jogar essa roupa na máquina, rápido.

  Sem questionar, a jovem ensanguentada corre para a pia branca do banheiro, aonde se banha com pressa e desajeito na água gelada da torneira, encarando o espelho e vendo que as manchas de sangue seco estão saindo, mas com bastante dificuldade.
  Na cozinha de casa, Darius enrola em uma toalha de mesa estampada com tulipas, o estilhaço de vidro feito a partir da garrafa de Whisky, ainda sujo com fluído vital e com um cheiro fortíssimo.
  Usando luvas ele envolve e amarra o item, para que ninguém se corte ou toque no mesmo.

Zara: Ela está bem. A Betty, os cortes não foram tão profundos e se recusa a ir até um hospital. - Surge do nada, de braços cruzados e com olheiras preocupantes.

Darius: Contou o que aconteceu aqui? - Encara sua irmã, com medo da resposta.

Zara: Não... Ela me perguntou o motivo de eu estar trêmula, então disse que foi por causa do susto que tomei com o acidente e tals. - Suspira, se vira para o armário de madeira branca e pega uma caixa plástica com itens médicos dentro. - Betty não está bem para aguentar algo desse tipo agora, então vou poupa-la.

Darius: Tem mesmo certeza?  Digo, acha que é a melhor opção? - Pega a trouxinha de pano.

Zara: Sim, eu tenho. E mais uma coisa, precisamos chamar a polícia...

Darius: O que? É claro que não, Zara! Você ficou louca? - Fala quase gritando devido ao que acabara de ouvir.

Zara: Shhhh! Pensa direito, os culpados jamais denunciariam o próprio assassinato, mas vizinhos inocentes que ouviram barulhos suspeitos no final de uma rua sem saída completamente escura, sim.

LOS TRESOnde histórias criam vida. Descubra agora