Tímida

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A princesa está tímida.

Desde que chegamos em casa, Mica não olha em meu rosto nem fala comigo. E quando eu puxo assunto, ela responde monossilabicamente.

A viagem é um pouco estranha, creio que meu padrinho notou algo, mas não disse nada.

Destranco a casa enquanto ela espera silenciosamente do meu lado. Abro a porta e indico com a mão para a princesa entrar, o que ela faz ligeiramente e em seguida se esconde no banheiro.

— Mica, você esqueceu sua roupa e a toalha. – falo e ela não responde. – Mica!

Quando a chamo pela segunda vez, ela abre a porta bem pouco e coloca seu braço fino pra fora.

— Mica? – pergunto e ela responde mexendo a mão de fora.

Pego uma toalha e uma peça de roupa e a entrego.

Suspiro enquanto tiro a armadura. Cheiro minha roupa.

Droga, eu tô fedendo.

Será por isso que a princesa está fugindo de mim?

Rio com a hipótese (que não é impossivel) e decido arrumar meu quarto enquanto a espero terminar o banho.

Limpo o chão e arrumo minhas roupas. Estão arrumando o armário quando Mica sai do banheiro.

— Tá com fome? – pergunto, a pesar da gente ter jantado na cidade desencantada. Ela nega com a cabeça e eu suspiro.

Pego uma toalha, uma roupa, e levo para o banheiro. Tomo meu banho rápido, ansiosa para ver a Mica. Mesmo ela não querendo me ver.

— Micaela? – saio procurando por ela. Anoiteceu e as velas iluminam pouco, mas logo a encontro deitada na nossa cama.

Ela não responde e vou até ela.

— Você está acordada? – pergunto e ela não responde. – Me desculpe.

Ela se vira e fica me encarando.

—Eu não queria te forçar a nada que você não estivesse preparada, eu achei que–

Sou interrompida por um ato que me pega desprevenida: Ela pega minha mão que estava na cama e a beija.

Fico sem palavras.

Ela, que antes estava deitada, se levanta e vai até a minha direção. Ela senta na minha frente e sinto suas mãos tirarem meu cabelo, ainda úmido do banho, do rosto.

Ela aproxima o rosto de mim e eu fecho os olhos. Nosso lábios se unem em um beijo calmo. Senti-la me traz de volta ao paraíso em que só ela é a chave de entrada. Quando abro os olhos, ela ainda está perto.

— Me desculpe por agir estranha. Você não fez nada de errado. – Ela diz e olha pra baixo.

— Aconteceu alguma coisa? – Levanto seu rosto com os dedos.

— Eu só... tenho medo, muito medo.

— De quê?

— Eu não sei. – Ela diz e eu rio. – Eu não quero estragar sua vida.

Fico pensativa e ela continua:

— Eu não quero estragar a chance de você conhecer  alguém realmente legal, que você ao menos possa sair e apresentar para o mundo sem medo de ser... morta.

Sabe quando você acha engraçado mas não o suficiente pra você rir então você só solta um arzinho pelo nariz? Foi o que eu fiz.

— Micaela, olha pra mim. – Digo segurando o seu rosto que insiste em abaixar. – Você é perfeita, no bom sentido.

— E existe mal sentido de perfeita? – Ela diz, agora sorrindo.

Lembro da Melissa, a namorada do meu irmão e respondo com a cabeça que sim.

Ainda com as mãos no seu rosto, me aproximo e beijo sua testa.

— Sempre que estiver com alguma insegurança pode falar comigo, tá bom? Não guarde pra ti.

— Tá bom. – Ela diz e entrelaça suas pernas no meu tronco, ficando mais perto ainda de mim.

—Você está... Er...– Começo mas no meio da frase me distraindo com Mica tirando seu robe, ficando apenas com seu vestido longo, que com suas pernas laçadas em mim, está na metade da coxa. – Confortável?

— Até demais.

Antes que eu possa pensar em responde-la, ela beija minha bochecha e vai descendo para o meu pescoço.

— Mica.

— Você quer que eu pare? – Ela pergunta e eu respondo imediatamente.

— Por favor, não.

— Por favor, não

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