Eu vou morrer

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Engasgo com a minha própria saliva quando a reconheço. Porém, a pesar disso, ela ainda é uma invasora.

- O que raios uma princesa estava fazendo na minha casa? - pergunto, mas para mim do que realmente para ela.

- Eu posso explicar...

Ela tenta se mexer e eu levanto novamente a arma.

- Parada aí! - Exclamo automaticamente. Que se dane a realeza! Esse território é meu!

- É claro que vou estar parada... - resmungou baixo. - Você me prendeu totalmente!

Em resposta, apenas arqueio a sobrancelha.

- Olha, a senhorita me tira daqui e eu prometo que-

Seu discurso é interrompido por um rugido assustador vindo de longe . Reconheço facilmente o animal e já posiciono minha arma. Diferentemente da princesa, que grita feito uma orca, fazendo com que o animal corresse para nossa direção.

- Cala a droga da boca! É um urso-cego, ele identifica as presas pelo som. - Falo baixo impacientemente, enquanto tampo a sua boca e a desprendo das cordas. - Agora, corre pra dentro da casa e espere quieta se não quiser morrer.

Ela me olha assustada, o que não julgo, e obedece o conselho.

Finalmente, me viro totalmente para o transgênico que, dessa vez, muito mais próximo graças a nossa querida alteza. Concentro totalmente em acabar com esse animal e torço para que ele não tenha trago amigos.

Atiro em suas pernas, mas mesmo ao cair, o animal se levanta novamente. Droga! Ele está cada vez mais perto! Miro em sua cabeça, mas ainda assim não é suficiente.

Quando noto a gravidade da situação, saio da varanda da minha casa e me preparo para um possível combate corporal.

As balas por mim atiradas fazem cócegas ao monstro e noto que eu realmente precisaria das minhas balas mais modernas.

Quando o animal chega próximo de mim, desisto da munição e utilizo a arma como taco contra o urso, que ruge novamente. Pego meu canivete em um bolso da minha calça e finco em seu pescoço e torço para que tenha atingido a artéria.

Em reação à meu ataque, ele vira-se rapidamente e suas garras me atingem em cheio, me jogando ao chão. Caída, vejo uma pedra grande e acerto o animal, que se mostra indiferente e se inclina sobre meu corpo.

"Eu vou morrer" Rio enquanto esse pensamento passa pela minha cabeça.

Surpreendentemente, o animal vira para trás e, assim, vejo minha espada fincada em suas costas. De relance, olho uma princesa desajeitada correndo desesperada de volta a casa.

O que ela acabou de fazer aqui?

Ela é doida?

Antes de maiores pensamentos, puxo a espada novamente e subo nos ombros do animal, que se debate. Me prendo ao urso com minha espada serrando seu pescoço e mesmo que esteja cortando minha mão, me esforço ainda mais. Quando finalmente ouço o barulho do pescoço quebrando e sinto meu corpo caindo junto ao dele no chão, é um alívio absurdo.

Levanto rapidamente e antes de qualquer coisa, cravo minha espada em seu peito. Mesmo que morto, dou uns chutes no seu corpo. Nunca se sabe, né?

Pego meu canivete, que ainda estava cravado em seu corpo, e sinto repulsa quando o sangue escuro esguincha por onde estava faca.

Minha vontade era de deitar na grama de tamanha exaustão, mas ainda tenho negócios pendentes a resolver. Assim, puxo minha espada do corpo do urso e vou rumo ao meu lar doce lar.

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