O que todo mundo sabe que eu não sei?

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Passo a minha primeira hora pensando no que fazer.

Dois dias se passaram desde a última reunião e agora eu tenho menos tempo ainda para convencer, no mínimo, mais duas pessoas de que a ideia do Leonardo, de criar um terceiro reino para desencantados, não presta. Aí seriamos metade-metade, mas ele precisa ser maioria pra seguir em frente com o plano dele.

Olho pra minha prancheta com o nome de todos os chefes que estão de acordo e vejo que o meu primeiro alvo só pode ser a Leidiane. Ela é a menos proxima daquele burguês safado, e mais facilmente mudará de opinião.

Saio da minha sala e vou até a sala dela. Bato na minha porta e não tenho respostas, tento espiar pela janela, mas a cortina me impossibilita de ver se tem gente. Por fim, tento abrir a porta, mas está trancada.

Suspiro... Ela é reservada, não é muito próxima de nenhum dos chefes. Quem poderia saber sobre ela?

Em um pulo, desço até a recepção do prédio.

— Aline! Aline!– Chamo a secretária pelo nome. – Você viu a Leidiane hoje?

— Não vi, não. – Ela diz sem sequer tirar os olhos dos seus papéis.

Droga! O que eu faço? Eu tenho que encontra-la hoje!

Continuo olhando Aline até que ela finalmente olha pra mim de volta e diz:

— Mais alguma coisa?

— Sabe aonde ela possa estar?- pergunto e ela começa a pensar e até retira os óculos do seu rosto.

— É temporada pós colheita, ela deve estar ajudando a família a vender milho na feira da cidade encantada.

Isso! Já sei o que fazer!

— Obrigada! Muito obrigada-

— Tá, tá, agora me dá licença que eu tô extremamente ocupada. – Aline fala enquanto volta a se concentrar nos seus papéis. Eu nem ligo com a resposta, estou tão grata que a abraçaria se ela não fosse tão... fria.

Por um segundo, me lembro de alguém que é exatamente seu contrário, e um sorriso aparece no meu rosto involuntariamente.

Passo a mão pela minha cabeça, vamos lá, eu tô sem tempo pra isso.

Subo de volta para minha sala, aonde arrumo minhas coisas e me preparo para pegar um cavalo emprestado da OID e ir até a feira da cidade encantada.

Volto à recepção pra falar com a rabugenta.

— Aline...– falo e ela suspira. – Tem algum cavalo disponível?

A organização independente de desencantados têm cerca de 4 cavalos que chefes podem usar quando precisarem. Não é muito, mas quebra um galho enorme.

— Não tem, não. Dois estão sendo usados e o restante estão para lavagem que aliás, você nunca se voluntaria pra realizar, né.

— Deixa pra próxima. – respondo sorrindo amarelo.

— Próxima semana? Fechado, semana que vem você fica responsável por lavar os dois cavalos restantes.

— Não foi isso que eu quis dizer-

— Foi sim, agora vai atrás de um cavalo,vai. – Ela me interrompe e eu fico sem palavras. – O gusta do financeiro veio a cavalo, ele pode te emprestar.

— Não tem a possibilidade de eu me livrar da lavagem, tem? – pergunto e ela nega com a cabeça. – Então, obrigada pela informação...

Olho pela janela e vejo o sol brilhando forte no céu. Melhor correr atrás de quem quer que seja Gusta.

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