A polícia chegou cerca de 10 minutos após Rogério ter ligado. Todos conseguiram ver um suspiro de tensão sendo exalado assim que notou a viatura.
Toda vizinhança estava atenta aos próximos passos, depois dos gritos desesperados praticamente todos os homens da rua estavam preparados para suprir a ausência do resgate, embora as vestimentas de dormir não auxiliassem muito na sua própria segurança.
Os policiais não falaram com Rogério, preferiram ir direto aos bombeiros, aqueles infames bombeiros, Rogério pensará. Estavam a quase 40 minutos ali e não resolviam como proceder. O despreparo era nítido.
_Rogério, não foi um tanto precipitado ter chamado a polícia? _ perguntou seu Fagundes que enrolado em seu robby.
_ Você viu o que ela fez? Viu o risco em que se colocou!? _ disse indiganado_ uma estupidez seria se eu não chamasse!
Seu Fagundes deu dois tapinhas no ombro de Rogério, o qual recebeu aquilo muito mais como uma ofensa do que como cuidado.
_Com licença, _ disse um policial_ o senhor está ferido? _ O sangue jorrava para todo canto nos braços de Rogério, ele olhou a si, conferindo embora ainda sentisse exatamente onde a dor era pior. _ deveria acompanhar os bombeiros até o hospital pra que possam tratar de você.
_Só saio se ela sair._ foi a palavra final. Não poderia deixa-la ali, naquela situação.
_Bem, nesse caso é melhor que o senhor se acalme.
Ele tentou. Mas logo estava andando em círculos e não demorou muito para mais uma vez exigir que a salvassem.
A medida que a noite avançava os vizinhos desistiam de dar suporte. Mas Rogério não se mexia. Sua esperança era o que o mantinha ali .
_ Conseguimos! Conseguimos!
Rogério correu para ver, e a abraçou.
_ Nunca mais vou te deixar! Muito obrigado por me socorrer!
_É uma linda gata, mas deveria ir ao médico tomar uma injeção...
_Jane nao tem raiva! Ela é uma dama!
Os olhos dos policiais reviraram. Era a quinta vez no mês que a gata fugia para uma árvore da vizinhança e ele sempre ligava pra pedir socorro porque os bombeiros eram brutos demais para retirar a gata de dentro da fenda das árvores. Devíamos ignorar pessoas com ele pensou, mas se ele não chamasse a vizinhança chamaria pelo escândalo que ele instaurava. A gata parecia arisca no colo de Rogério, talvez se sentira sufocada ou nem era a gata dele, a de semana passada parecia ter menos manchas pretas. Deveríamos ajudá-la a fugir, coxixou o bombeiro. Mas era notável a devoção com que ele se apegava a aquele animal indiferente a ele. Os poucos vizinhos que restaram voltaram para suas casas chegando a conclusão que não haveria mais incômodos durante a noite, mas conscientes que em breve teriam que chamar os bombeiros novamente, ou talvez fosse melhor chamar os polícias de primeira.