Conto de Néos - Paídi: A espada e a pedra

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"A fé é intrínseca ao homem, quando forte o defende, quando dissuadida da verdade o destrói, quando em firme fundamento muda mundos."

A espada foi enfincando-se na terra, criando uma fenda entre Paidí de Písti, ela assustou-se. Precisava de Písti. O pensamento que guardará a assaltou, mas antes que não pudesse mais agir, Písti puxou a espada do chão e a abraçou. Paidí quis chorar no ombro do pequeno amigo. Estava cansada. Mesmo tendo-o ali sentia-se só. Deveria voltar a caminhar, disse-lhe Písti. Ela o atendeu, mas sem a mesma energia de outrora.

Sua espada estava suja, Písti sugeriu limpar, mas a altura que estavam, ela não cria que isto faria diferença. No entanto, a terra que se encrustou na espada a deixava mais pesada. Incomodando Paidí, ela decidiu limpar. Para sua surpresa fora atacada por um monstro, enquanto desprevenida. Písti a socorreu e ela já não achava desnecessário uma espada limpa.

Paidí ouvia os ecos. Chorava escondido de Písti. Estava a passos mais lentos do que quando começaram. Na realidade ela estava. Písti sempre estava um pouco mais a frente, voltando sempre que percebia a sua condição. A voz de Enfánisi era a mais forte agora. Era constante. Mas nem sempre gritava como os outros. As vezes parecia conversar com Paidí.

Paidí sempre dizia para Písti que estava cansada. Mas ambos sabiam que não era isso. Ela estava o deixando ir. Sua espada parecia estar levemente tricada. Pensava ter sido quando a terra fendeu. Písti perguntou apenas se havia algo de errado em sua mente. Ela sempre dissera o mesmo. Não era intenção de Paídi desistir, porém lhe faltavam bravura e verdade para crer em si.

Pediu para que parassem um pouco. Eles pararam, e ela dormiu admirando o caminho a sua frente. Em seu sonho, ela já não ouvia aquelas vozes. Ela já não as abraçava como sua verdade. Em seu sonho ela corria e chegava ao braço de seu pai e ao colo de sua mãe. Em seu sonho ela seguia para um futuro desconhecidamente bom que a afastava do medo.

Ao acordar foi sincera com Písti. Que a ajudou a reparar sua espada. Logo que voltaram a caminhar encontraram Apófasi. Era exatamente como Písti dissera. E o capacete recebido fez as vozes diminuírem a quase nada. Apófasi não seguiu com eles, preferiu ficar para trás. Quando Paídi tropessava, e se virava para trás frustrada podia ver a moça que a lembrará como era chegar até ali e seguia.

Estavam a plena claridade agora. E apesar de perto de rever a pior cena de sua vida, Paídi sentia-se em paz. Chegaram a uma colina. Paídi lembrará dali. Písti não subiria antes que Paidí mostrasse o caminho. Era o lugar. Começou a subir, começou a tremer e duvidar se conseguiria. Olhar para baixo a dava mais medo ainda, agarrou a alça da espada e seguiu sem pensar muito. Era o certo, ela sabia. Ao chegar onde os corpos estavam, nada havia, se não uma pedra, a pedra onde estavam deitados. O vento trouxe o som do uivo baixo dos demônios. Estava no lugar certo. Písti subiu e indicou a Paidí a sua espada.

Paídi o abraçou, com lágrimas de gratidão nos olhos. Ela seguiriam separados a partir dali. O que a aguardava era desconhecido para os dois. Mas, pelo sorriso nos olhos de Písti ela não deveria temer. Infincou a espada na pedra e um clarão varreu o lugar, tirando todo os pontos escuros do horizonte.

Paidí sorriu, ao ver tudo em volta se transformar em um jardim. Ela já sonhara com ele, no entanto talvez fora uma lembrança. Para sua surpresa, seus progenitores estavam nessa paisagem. Vivos, a aguardando. Ela correu para aqueles que sempre a cuidariam. Sua alma estava com saudade. Uma saudade imensa, que somente a eternidade preencheria por inteiro.

A pedra estava ali. A espada, ela já não podia ver, mas sua convicção estava forjada assim como o aço com que se defendera de seus inimigos. Era momento de seguir os passos de seus pais, no monte do qual um dia havia fugido.

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