Saiu de casa cedo, precisava de mais espaço para ser quem era, queria liberdade
Conheceu um alguém especial, se jogou por inteiro, sem medo de se permitir, esse alguém lhe deu mais confiança, mas precisava de mais liberdade, então deixou esse alguém, e seguiu experimentando o sabor de se lançar de cabeça em todo alguém que lhe agradasse
Trabalhava, mas queria ser mais livre.
Estudava, mas queria ser mais livre.
Festejava, mas no fim lhe faltava liberdade.
Descobriu formas de potencializar seu corpo, suas percepções, seus desejos e se embreagou livre e sem impedimentos, libertando sua mente, libertando seus sentidos um a um.
Seus amores, sempre lhe consumiam demais.
Seus prazeres, sempre custavam caro demais.
Mas não abriria mão deles, fora o que escolheu pra viver, pra ser livre.
A prisão sempre parecia existir, e sentia-se mal ao ouvir a tentativa de auxílio daqueles que presenciavam sua agonia. Sentia ódio dos que tentavam impulsionar seus passos para outra direção.
Eu sou livre assim, pensava. Eu sou livre assim, brigava. Mas, depois de um tempo, quando a vida não andou, culpou os que criticavam sua liberdade, dizia que eles cercavam o seu ser livre.
Tinha ódio daquele mundo, mas não havia para onde ir. sempre tivera atração pela morte, talvez devesse tentar, ou talvez calar aqueles que discordavam da sua liberdade.
Decidiu então se canonizar em vida, adorar a si e como meritíssimo de seu próprio tribunal condenava a quem julgava ferir a sua liberdade, e cada dia suas sentenças eram mais terríveis, seu julgamento depositava a culpa de todos os seus males no réu que tentará o ajudar.
Agora, como um deus, vivia sua liberdade. Usava sua divindade para usar das pessoas ao seu redor, usava a sua liberdade para sentenciar quem de si discordava.
Um deus orgulhoso, um deus pequeno, incapaz de sacrificar-se por si, incapaz de salvar-se da sua própria liberdade, incapaz de conviver com a frustração das próprias escolhas.
