Prisioneiro

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Jimin estava com ambas as mãos presas atrás da haste de madeira que sustentava a extensa lona da tenda do general daquele exército que o capturara: seus joelhos dobrados sobre o solo ardiam, suas asas às costas tremendo em espasmos involuntários, uma dor lancinante vinda dali, de onde uma flecha a perfurara; o sangue roxo pingando no chão coberto de tapetes claros.

— Ah... aí está ele. — Levantou os olhos: um homem alto entrando na tenda, afastando o tecido da entrada com as costas da mão num gesto delicado. — Já disse pelo menos o nome? — Perguntou a um dos soldados postados do lado de dentro, que lhe respondeu negativamente. — Hu... isso é ruim... — Então veio se aproximando, a passos lentos: as correntes douradas ornando o couro das botas de cano longo tilintando. — Como vamos nos comunicar desse jeito?

Parou à sua frente: seu rosto a uma altura pouco acima dos joelhos das longas pernas, cobertas numa larga calça escura de camurça. Subiu um pouco mais as vistas, discretamente. Duas camadas de robe lhe cobriam o torso, fino na cintura e largo perto dos ombros, onde estavam encaixadas duas únicas peças de armadura: ombreiras de ouro belamente ornadas com espinhos, prendendo uma capa escura, porém forrada de vermelho, que caía até os calcanhares. Uma presença forte, de fato, uma aura de líder incrivelmente intimidante, e assustadora quando combinada com o rosto de traços à perfeição, coroado com belos cabelos lisos cortados médios, cor de mel, numa harmoniosa combinação com a pele caramelada num único tom.

— E então? — Ele maneou a cabeça para um lado, depois de deixar que o observasse por um tempo considerável. — Não vai falar? — Começou a andar em torno dele. — Você entende a língua, sei de ver seu rosto que sabe o que está escutando.

Ainda assim, sem resposta. Aqueles fartos e avermelhados lábios seguiam firmemente fechados como se houvesse cera entre eles, mas seus olhos azul marinho, esses não, esses continuavam bem abertos, atentos: apesar da pústula no gracioso par de asas quase translúcidas, nenhuma curva no seu belo rosto demonstrava dor, ou sequer contrariedade. Aquela criatura, o que quer que fosse, estava séria, mas serena, e seu silêncio era resoluto. Taehyung olhou bem para os braços nus atrás das costas expostas até o final da coluna, e suspirou: um respingo de líquido roxo escuro na pele clara como o marfim mais puro.

— Sabe que eu posso mandar torturar você, não sabe? — Levantou-lhe o rosto, segurando-o pelo queixo firmemente: os cabelos no mesmo tom das íris escorrendo como água pela testa lisa, revelando sobrancelhas retas e finas, que não se moveram uma única polegada. — Hu... — Riu. — Seria inútil, não é? Você não tem medo. — Levantou o polegar, escorregando-o sobre os lábios vermelhos, superficialmente. — É porque tem coragem... ou porque sua espécie não sabe o que é temer?

Respirou fundo, tentando não estremecer com o toque. Malditos humanos, não sabem o quanto lábios são sensíveis?!

— Devo chamar o algoz, general? — Um dos soldados na tenda perguntou, de pronto.

— Melhor... — Taehyung respondeu, erguendo a mão depois de um tempo pensando. — Chame o doutor. — Dispensou-o com um gesto leve, ao que foi obedecido imediatamente. Logo o médico do exército estava ali.

— Fascinante. — Tinha posto Jimin de pé e amarrado seus pulsos à frente do torso. — Parece delicado, mas é forte... — Se agachava e se levantava com frequência, erguendo-lhe o tecido leve do vestido para analisar suas pernas, mesmo que elas já fossem bem visíveis através das aberturas ao longo das laterais de ambas as coxas. — Um desenvolvimento perfeito. — E puxava-lhe as asas, analisando a envergadura, impressionado com o fluido roxo escorrendo das veias magenta ramificadas pela lâmina azul água. — É uma pena que eu não possa dissecá-lo.

— Você pode adivinhar o que tem dentro vendo de fora, Namjoon. — O general, que estivera a alguma distância, chegou mais perto. — Sei que é talentoso o suficiente para isso.

Fairy Tale - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora