Fairy Tale - Vmin

Espinhos

— Hoseok!

— Alteza?

Jimin correu para abraçá-lo. Ele estava com uma aparência horrível, aos seus olhos: os cabelos vermelhos opacos, o rosto cansado, marcas roxas no pescoço e pulsos, as asas sem brilho.

— Como...? O que está fazendo aqui? — Hoseok o abraçou de volta finalmente, depois de um momento em que apenas recebeu o abraço caloroso, sem acreditar.

— Como o que estou fazendo aqui? — Levantou o rosto do seu peito exposto, com os olhos marejados. — Vim te buscar!

Mas mesmo que Hoseok estivesse com uma aparência obviamente péssima pra Jimin, Taehyung estava encantado de vê-lo: o vermelho dos seus cabelos era tão intenso quanto o pigmento dos cabelos da outra fada, e as asas às suas costas eram de um laranja solar, mas o que mais chamou-lhe atenção, apesar de tudo, foi seu torso exposto, todo coberto de tatuagens: runas em negros traçados finos, escritas em círculos.

— Jimin, eu... — Pôde ver quando se afastou do outro, pegando suas mãos gentilmente: duas pedras escarlate em argolas de prata nos mamilos, e o mesmo piercing no umbigo. — Eu não posso voltar. — Ele suspirou. — E você sabe disso.

— Mas...

— Não pode voltar? — Jimin estava prestes a contestar quando Taehyung interrompeu, se aproximando cautelosamente. — Por que, exatamente?

— Não lhe diz respeito! — Mas mesmo com toda cautela Hoseok voltou a apertar Jimin nos braços imediatamente, o protegendo. Já tinha reparado na sua presença, e estava pronto pro pior.

— Né, Hope, tá tudo bem... ele... — Jimin o acalmou, lhe acariciando o peito discretamente. — Ele é amigável... — Hoseok afrouxou o aperto em torno dele. — Prometeu nos levar de volta.

— Como...? — Olhou dos olhos azuis do mais baixo para os castanhos do general, esperando com um sorriso simpático no rosto sereno. — Não, Jimin, ele não pode! — Se exaltou. Ele obviamente não tinha o autocontrole que Jimin demonstrou em todo aquele tempo, Taehyung não conseguiu deixar de observar. — Se fizer isso, estará deixando que ele esteja perto da fronteira como jamais estiveram!

— Hoseok... — Mas Jimin não se alarmou, soltando um suspiro, apenas. — Ele... eles... — Enfatizou. — Não se lembram mais da gente.

— Quê? — Hoseok franziu uma sobrancelha, incrédulo. — Como... — Voltou a alternar o olhar entre Jimin e Taehyung. — Como assim? Como assim não se lembram?

— Você não notou? — Perguntou, sinceramente. — Nos tratam como completos estranhos.

— Eu pensei... — Olhou pro próprio pulso machucado, certamente por algemas pesadas. — ...pensei que era...

— Se me permitem, aham... — Taehyung limpou a garganta, sentindo que era momento de se pronunciar de novo. — Está havendo um claro e sério problema de comunicação aqui, não? — Começou a caminhar, com uma mão às costas, a outra analisando uma peça de armadura do exército inimigo: uma entre as várias que pilharam depois da guerra. — Eu admito não fazer ideia do que vocês estão falando, e por isso mesmo não posso ignorar o assunto, além de que... — Jogou a ombreira de bronze junto com as outras peças sobre a mesa ali no centro da tenda. — Eu fiz a promessa de levá-los de volta, e pretendo cumpri-la, queiram ou não, portanto... — Parou, e então virou-se para as fadas num girar de calcanhar: a bela capa esvoaçando atrás das suas costas. — Deixem-me entrar nas terras do seu povo, e falar com vossos líderes: creio que uma conversa amigável seja indispensável.

— Entrar?! — A fada de cabelos vermelhos levantou as asas: as sobrancelhas juntas, uma fúria genuína no seu rosto. — É por vocês flertarem demais com a fronteira que eu fui banido, e agora você está pedindo pra entrar?!