Dívida Revisitada

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— Huh... vocês, humanos... — Yoongi disse finalmente, depois de minutos que passou em silêncio apenas lendo suas notas de medicina num caderno antigo — ...são realmente fascinantes — e soou impressionado, de uma forma legítima.

— A impressão é recíproca — Namjoon ajeitou os óculos no rosto, orgulhosos pelo elogio — Não à toa venho estudando de vocês o quanto posso...

— O quanto pode, hã?... — A fada fechou o caderno sonoramente: os aos de metal no seu cajado tilintando quando se moveu na sua direção — Você sabe que vai morrer daqui a poucas semanas, mas sua curiosidade é sobre criaturas aladas que a poucos anos você não fazia sequer ideia de que sequer existiam? — Devolve-lhe o caderno, então — Sua curiosidade é como a de uma criança... — Suspirou, movendo em negativo a cabeça — ...eu mal consigo entender.

— B-bom... — Pegou o caderno de sua mão, sentindo as bochechas avermelharem — É que eu realmente os acho fascinantes — Aquela reação da fada foi sem dúvida preocupação, e aquilo o deixou feliz e sem jeito como poucas coisas o havia deixado antes — E minha morte é inevitável, de qualquer forma, então...

— Inevitável?! — E de envergonhado, Namjoon passou pra assustado em um nanosegundo, ouvindo a voz de Seokjin atrás de si tão de repente — Como, inevitável?!

— Me-meu rei! — Se virou de uma vez — O-o senhor... de-desde quando...?

— Desde quando ele está nos ouvindo? — Yoongi descansou a mão no topo do cajado ao lado do corpo — Desde a metade da madrugada: o ouvi descendo as escadas.

— E-eu, hum... — Jin se empertigou nas roupas pomposas, escondendo o rosto levemente enrubescido pela vergonha de ter sido pego escutando uma conversa atrás do leque preto — Não queria interromper, mas... D-de que tipo de morte inevitável vocês estão falando?

— Da do seu médico, você ouviu bem — Yoongi falou, sem rodeios: Jin arregalou os olhos e Namjoon baixou a cabeça — Ele descobriu a própria doença faz um tempo, e previu a fase terminal acertadamente.

— Namjoon — Jin correu até o outro, consternado — É verdade? — Pegou nos ombros dele: Namjoon fez que sim com a cabeça — Po-por quê? — E então ele começou a chorar — Por que não me disse? Por que não me disse nada? Por que não me disse nada antes?! Por que não me disse imediatamente?!

— Ele não disse por que não achou que faria diferença — Yoongi falou, observando com certo interesse aquele nobre rei dos humanos bruscamente quebrar — Vocês homens... — Porque de fato, foi interessante — ...se demoram demais em demonstrar amor em detrimento de demonstrar orgulho.

— O que eu faço? — Jin apenas fechou o leque na mão, apertando-o com força, Namjoon o olhando com os lábios abertos mas sem dizer nada, ainda confuso: de fato não esperava que ficaria diferença que soubessem da sua enfermidade, da sua morte iminente, já que, naquela corte, ele era menos que um médico e mais como apenas um filho bastardo — Como meu aliado, príncipe dos delfins, me diga: o que eu faço? Por favor... — Mordeu o lábio: as lágrimas ainda rolando pela sua face — Por favor... o Namjoon... ele é meu primo — Namjoon gelou: era a primeira vez que Jin o chamava assim, pelo parentesco que tinham; e Yoongi registrou também aquela reação, com igual interesse — Eu farei de tudo pra que sua cura seja possível.

— Huh... — A fada riu, sem se importar com o quão bizarra era sua diversão naquele momento que pros dois humanos ali era sensível — Que você vai fazer o possível eu não duvido: vocês humanos são ambiciosos ao limite do criminoso, sempre... — Bateu no chão o cajado, descansando a outra mão na cintura despida pelo cós baixo da calça — Há muito, muito tempo atrás... pra curar exatamente essa doença incurável... — Então apontou pra Namjoon, com a ponta do cedro — ...um humano assassinou um delfin, e por isso foi feito o acordo dourado.

Naquela mesma tarde, o rei Kim convocou uma nova reunião entre o conselho dos homens e das fadas, na mesma sala do primeiro sínodo feito no dia anterior. Jimin se sentou apreensivo, sem saber o que esperar ao ver seu irmão mais velho em pé no centro da grande mesa em círculo e Taehyung sentado do outro lado: os dois tentando não se olhar nos olhos, ainda machucados pela discussão sem resolução que tiveram durante a noite.

— Eu creio que seja importante que chegue ao conhecimento dos homens o que nós, delfins, somos criados sabendo — Foi o que a fada herdeira do seu trono começou dizendo, com suas asas baixas, e o cedro reto à frente do corpo baixo, mas imponente — Um dos nossos uma vez teve seu sangue derramado por suas armas — Então dirigiu o olhar pro pequeno concelho dos homens: todos, exceto o rei e Namjoon, se mostraram atordoados — Nós não condenamos sua espécie, mas pedimos por um afastamento eterno, que foi o acordo dourado, acordo este que está sendo findado agora nesta nova aliança que estabelecemos — Olhou especificamente pra Taehyung — Ontem você, general humano, nos disse sobre uma confiança reconstruída cujas marcas de quebra não podem ser esquecidas, marcas essas que podem ser feias ou belas; pois eu lhe digo: façamos dessa marca uma obra prima, agradável a todas as vistas.

— Uma reparação, é isso? — Taehyung se levantou, num movimento de quem se voluntaria, e sem conseguir evitar um suspiro. Claro, um crime, já deveria ter adivinhado: por isso Jimin estava tão arredio, na verdade, desde o começo. Estava apaixonado, obviamente. Os dois estavam. Mas tinha percebido a fada num resguardo contínuo, como que sempre se lembrando a si mesma o quanto ele, um humano, era tão somente um perigo a ser afastado — É justíssimo, alteza... olho por olho, dente por dente, vida com vida... — E ser afastado por Jimin... — Tudo bem — Já não era algo com o qual achava ser capaz de lidar — Eu estou disposto a ser quem pague por isso.

— Não estou falando de sacrifício — Mas Yoongi bateu com seu cajado no chão antes que mais alguém pudesse dizer palavra: um clima extremamente desconfortável agora enchia o ar da sala, o deixando pesado e praticamente irrespirável — Um dos seus está à beira de uma morte precoce, e nós delfins estamos dispostos a salvá-lo.

O ar tornou-se leve de novo, com uma esperança pré-estabelecida mesmo antes de Yoongi dar a palavra por médico da corte dizer do que se tratava seu caso: foi a mesma doença que levou um dia um humano a matar uma fada pra conseguir um frasco do elixir da cura, com o sangue de suas asas, e então salvar a vida de uma pessoa que amava.

— O mesmo elixir pode ser produzido novamente, com a minha ajuda, e sem que nenhuma vida seja tomada — Yoongi voltou a falar — No entanto... — Voltou o olhar para os da sua espécie — O delfim que doar o fluido das suas asas... — Respirou fundo — Terá que abrir mão delas — Por parte dos humanos houve uma preocupação clara, mas entre as fadas o sentimento explícito em seus olhos foi outro, e Taehyung podia dizer com exatidão só de olhar pra elas: o significado de abrir mão das asas, pra elas o que aquilo era — Eu vou precisar de um voluntário.

Hoseok sentiu suas asas coçarem, e o sangue correr gelado em cada ramificação: olhar pra Jungkook, do outro lado da mesa, e pra Namjoon, no entanto, foi o que o fez ter vontade de se levantar. Mas a vontade de Jimin foi mais rápida que a sua.

— Eu posso doar minhas asas — O segundo príncipe das fadas disse, sem tremores ou receios na voz: Taehyung olhou pra ele, incrédulo, mas impressionado — Seria uma pena imensurável que esta casa perdesse tão talentoso médico... não é? — E o olhou de volta, surpreendendo-o — General Kim? 

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