"Capítulo III" - Deveres dos Pais

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Uma constelação familiar é constituída por espíritos afins, seja pelas realizações nobilitantes do amor ou através dos graves compromissos perturbadores a que se vincularam em outras existências. Igualmente pode organizar-se com alguns outros espíritos que se candidatam à afetividade, em ensaio para a ampliação dos sentimentos afetivos em torno da sociedade em geral, compondo a sociedade universal. Consultados os mapas das responsabilidades pessoais, são-lhes apresentados pelos Guias espirituais aqueles que deverão constituir-lhes a prole, em cuja convivência desenvolverão os sentimentos de amor e proporão as pautas para o processo de crescimento espiritual, no qual todos deverão atingir as metas que perseguem. Preparados, portanto, antecipadamente, esses futuros genitores delineiam os programas de auto iluminação, de responsabilidade perante a vida, exercitando a paciência e o amor para o êxito do empreendimento, conscientizando-se das altas responsabilidades que irão assumir. Reencarnados, avançam, às vezes, por caminhos diferentes até o momento do reencontro, quando se identificam afetuosamente, vinculando-se e providenciando a união conjugal indispensável à organização da família. 

Nem sempre, porém, os planos cuidadosamente elaborados conseguem desenvolver-se conforme seria ideal, dentro da programação estabelecida, em face da precipitação emocional e do desajuste psicológico, como decorrência da precipitação e imaturidade sexual, que invariavelmente se transforma em conflito tanto quanto em insatisfação. Compreensivelmente, sabe-se que muitos espíritos que renascem no mesmo lar nem sempre são credores da mesma afetividade, no entanto, essa é a oportunidade de união e de reparação, harmonizando os sentimentos num mesmo tom vibratório de afetividade .Os pais assumem desde antes do berço com aqueles que receberão na condição de filhos compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, também, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a Cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados. Diante dele, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um espírito comprometido com a retaguarda, que recomeça a experiência a penates, e que muito depende de ti. 

Os filhos — esse patrimônio superior que a Divindade concede por empréstimo —, através dos liames que a consanguinidade enseja, facultam o reajustamento emocional de espíritos antipáticos entre si, a sublimação de afeições entre os que já se amam, o caldeamento de experiências e o delinear de programas de difícil estruturação evolutiva, pelo que merecem todo um investimento de amor, de vigilância e de sacrifício por parte dos genitores. Desafetos graves mergulham nas vestes carnais, a fim de recomeçar a experiência evolutiva, nos braços e na ternura dos seus antigos algozes ou de suas vítimas desditosas, experienciando vivências de reparação, mediante a compaixão e a ternura, que propiciam encantamento, renovação e paz. (...) A convivência entre filhos e pais é recurso psicoterapêutico valioso, trabalhando o inconsciente de ambos, de maneira a serem superadas as reminiscências negativas que possam ressumar. Programando a reconciliação e o bem-estar através do amor incessante, delineador da felicidade do grupo. 

A criança é argila moldável, aguardando as mãos do diligente oleiro que lhe dará forma e conteúdo. Os instintos que caracterizam o ser infantil devem ser orientados desde os primeiros momentos após a vida intrauterina, trabalhando-os e disciplinando-os de forma que não se sobreponham aos sentimentos de amor e de respeito que devem viger na constelação familiar. É certo que, no corpo infantil encontra-se, normalmente, um espírito com alta carga de vivências, nem sempre dignificantes, merecendo, por isso mesmo, salutar orientação desde muito cedo e de equilíbrio direcionador para as ações saudáveis.

Desde o seu renascimento o espírito reflete na infância as características que lhe são próprias, através do comportamento espontâneo, caprichoso ou não, reflexivo ou automático. São-lhe insculpidos, nessa oportunidade, os hábitos, a ordem, a arrumação ou os desequilíbrios que irão formar a sua personalidade harmônica ou indisciplinada, tornando-se difícil reparar quaisquer danos posteriormente, porque os hábitos são uma segunda natureza em a natureza de cada qual. Ao invés de coibir-se a criança nas suas manifestações no lar, em nome da educação, deve-se estimulá-la a ser autêntica, evitando-se a dissimulação e a hipocrisia, por cujos mecanismos psicológicos agrada aos adultos, ocultando a sua realidade, a sua sensibilidade. 

Pai e Mãe, Filhos - Na visão EspíritaOnde histórias criam vida. Descubra agora