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Any Gabrielly

Depois de repetir oito vezes que conseguiria andar sozinha, Josh me deixou entrar enquanto pegava as compras que o obriguei a fazer já que sua mãe chega em alguns dias e ainda falta certas coisas a serem compradas.

Quando me sento no sofá sinto minha cabeça girar levemente e fecho meus olhos, não sabia que isso parecia ser tão grave assim. Eu só fiquei em um lugar fechado, eu tenho que estar bem para sábado, Sabina me mataria se não fosse mesmo que tudo isso tenha sido culpa dela.

Não irei só por causa de Sabina mas por mim também, ficar pensando em Josh em casa não ajudaria em nada, pelo menos pensarei em Josh enchendo a cara, quando acordar no outro dia não lembrarei do que aconteceu mesmo. Não serei a responsável, Josh é bem grandinho e não precisa de mim para nada mesmo ele dizendo o contrario.

Ele está sendo fofo comigo e isso me preocupa, consigo lidar com seu jeito grosso e desajeitado mas não com seu lado fofo e carinhoso. Quando prometeu não me deixar sozinha meu coração bateu forte ao ouvir aquelas palavras, pois estou a cima de qualquer diversão dele mas isso me deixa para baixo pois o que sinto não é correspondido. Eu não sei se comemoro ou se choro, não quero estragar nossa amizade mas saber que não gosta de mim dói, eu sei, é complicado.

– Eu preciso ir em casa, pegar algumas coisas... – Anúncio.

– Eu passo e pego para você. – Se oferece e meus olhos se arregalam, ele não pode ir na minha casa sozinho, nem ferrando.

– E deixar você mexer nas minha gavetas com minhas roupas íntimas? Nem pensar!

– Você usa calcinha de vó?

– Não! Credo Joshua. É que eu preciso pegar algo e você não irá saber o que é.

– É coisa de mulher? – Assinto. – Ok, depois levo você, agora descanse. Quer comer algo?

– Um sanduíche está bom.

Josh não pode saber da existência de um certo quarto, não é algo errado mas é um negocio meu. Faço para libertar minha mente e passar para o papel minhas ideias e emoções, meus sentimentos transferidos para o papel, como não as conto para ninguém, as coloco lá, em formas diferentes de expressão mas todas simplificadas na ponta de um lápis.

– Sabina me mandou uma mensagem pedindo desculpas e quê se senti culpada. Ela só é meio maluquinha mas é uma boa pessoa.

– Meio maluquinha?! – Questiona da cozinha.

– Ok, ela é maluca mas é uma boa pessoa. Sempre quer ajudar os outros mas sempre com seu jeitinho atrapalhado. Talvez sem ela não teria conseguido o emprego na loja anos atrás, Sabina tem um jeitinho diferente de convencer as pessoas.

– Isso eu tenho que concordar com você. Nunca consigo dizer não a ela, a mesma sabe disso e se aproveita da situação.

– Isso é verdade. Mas me conte, você só foi ver se eu estava bem mesmo?

– Sim, não gostou? – Pelo contrário Josh.

– Não é isso, é que foi diferente. Não sou acostumada com você se preocupando comigo.

– É isso que os amigos fazem não? – Ainda bem que estou de costas pois minha reação às suas palavras fez minha expressão mudar drasticamente.

– É. Isso que os amigos fazem. – Sussurro para mim mesma.

– Prontinho, seus sanduíches e seu suco, que me obrigou a comprar.

– Você tem que parar de tomar refrigerante Josh, não faz bem.

– E a bebida? Bebo coisas piores que um mísero refrigerante Any, ele é o menor dos meus problemas...

– E como anda sua mãe?

– Bem,  na medida do possível. – Seu suspiro me deixa preocupada.

– O quê houve?

– Ela não quer fazer o tratamento. – Diz cansado encarando o carpete bege felpudo.

– Deixe comigo. Eu a convenço a fazer o tratamento, não deixarei sua mãe com dores incessantes por birra ou orgulho. Deixe comigo, eu resolvo.

Coloco minha mão sobre a sua que está em sua perna, como se houvesse uma conexão entre nós, sinto um leve choque em meus dedos, ele suspira e sorri levemente.

– Eu não saberia o que fazer sem você. Minha mãe e casca grossa e relutante demais.

– Filho de peixe, peixinho é.

– Isso você tem razão, sou igualzinho a minha mãe nesse requisito.

Comi o sanduíche que Josh fez sendo observada ou vigiada pelo mesmo, chame do que quiser. Não sei bem ao certo se tranquei a porta do tal quarto mas por via das dúvidas vou junto para sertificar que Josh não abrirá aquela porta ou tudo que escondi durante anos irá por água abaixo.

Minha casa tem três quartos e apenas uma chave que abre ambas as portas mas troquei a fechadura dessa porta em específico para guardar tudo a sete chaves em segredo. Uso a tela e o pincel como distrações e revelações. Apenas um quadro que está nesse quarto entrega o que escondo a anos, podemos dizer que fora isso tenho quadros meus, com minha silhueta que não gostaria que outras pessoas vissem. É como se eu alto me definisse, como eu me imagino no olhar de outra pessoa.

Josh me ajudou a levantar pois segundo ele, ficará mais tranquilo e menos chato amanhã, pois descansarei e estarei melhor mas hoje, ele será minha babá, era só o que me faltava.

– Eu não iria ver seus calcinhas. – Diz quebrando o silêncio que planava no veículo.

– Você poderia abrir sem querer.

– Verdade, você conhece minha casa até ao contrário e eu nem sei onde guarda os talheres.

– Pois é que besteira?! Parece que fico mais na sua casa do que na minha.

– Não sei por que não se mudou para lá ainda. – Diz regulando o volume do rádio. Isso me pegou de surpresa, lamento Josh, mas para o meu próprio bem não posso.

– Não seria estranho, você chegar com uma garota e me encontrar no seu sofá devorando um pote de sorvete?

– Eu não levo ninguém para minha casa além de você. E outra, não fico ninguém há meses. – Revela me deixando surpresa, eu sabia que não ficava com ninguém algum tempo mas não sabia que esse tempo era meses.

– O coitado, quer colinho? – Questiono fazendo biquínho.

– Um cafune seria bom...

– Folgado.

– Sério Any, não tenho interesse em me envolver com ninguém ultimamente. Estou em uma fase da minha vida onde me sinto livre sem ninguém.

– Solto como um passarinho mas sempre fazendo merda.

– Você tem que jogar na minha cara toda vez que tem oportunidade?

– Tenho! Para ver se entra na sua cabeça de minhoca.

– Você sabe que não funciona Any, eu sou assim. Você me conheceu em uma balada bêbado e desafiando um cara que nunca vi na vida. Você acha que eu vou mudar? Tire seu cavalinho da chuva. Sou quebrado Any, um caminho sem volta, já deveria ter visto isso.

– Você não é uma caminho perdido Josh, só é meio solto para a vida. Não se preocupa com o amanhã e vive solto mas não é quebrado, só é livre.

– Você me deixou menos inútil, obrigada. – Sorrio e Josh faz o mesmo ao me olhar.

[...]

Abro a porta de casa e me sinto estranha, como se nunca tivesse entrado aqui. Fico tanto tempo com Josh em sua casa que a minha parece mais uma casa de veraneio.

Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar.💕

Destiny [ Short fic ]Onde histórias criam vida. Descubra agora