Drei

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Os olhos de Hoseok tremiam por baixo das pálpebras fechadas. Ele estava preso em um pesadelo durante longas horas da madrugada e por mais que quisesse, não conseguia se despertar.

Pela janela entrava um leve sopro de ar fresco que balançava um pouco a cortina, mas nada que chegasse a atrapalhar o sono de Yoongi, que apenas se mexia minimamente aninhando-se por baixo do travesseiro.

A diferença entre eles era gritante.

O investigador despertou no horário de sempre, desligou o despertador e enquanto tentava por seus pensamentos no lugar, encarava as costas pálidas do parceiro. O quarto ainda estava sendo iluminado graças a luz de um poste na frente da janela. Devido ao horário as ruas ainda estavam um pouco escuras, ainda levaria longos minutos para que o tom do céu mudasse.

Quando Min despertou não encontrou ninguém no quarto, e a primeira coisa que fez foi pegar o telefone e ir às discagens rápidas, aproximou o telefone do ouvido e escutou a linha chamar por três vezes antes da voz sonolenta do outro lado se fazer presente.

Seu coração se aqueceu e um sorriso gengival tomou conta dos lábios finos e ressecados.

- Prometo tentar...também sinto sua falta. – Sentou-se na cama quando ouviu as passadas no corredor e a chave sendo encaixada na tranca. – Preciso ir agora, amo você.

Encarou a tela do celular ao encerrar a ligação.

- Bom dia, Bom dia. – Animadamente Hobi disse, tirou os tênis de corrida e os colocou debaixo da cômoda.

- Dia.

O mais velho ergueu o olhar para ver as ações que o outro loiro fazia, parecia agitado, bem agitado na verdade. Não quis comentar nada, temia que qualquer coisa que dissesse poderia afetar o comportamento do companheiro.

- Preciso de um tempo essa tarde, tudo bem por você? – finalmente o silencio se quebrou, Jung saiu da bolha de desatenção que havia criado e concordou com a cabeça.

- Eu mandei o que conseguimos para a análise. Kim Taehyung ficou de analisar e repassar com Namjoon as filmagens da joalheria. Devemos terminar as coisas aqui hoje, então, acho que teremos algumas horas livres.

Após concordar com a cabeça, o loirinho se levantou e dirigiu-se ao banheiro para fazer as higienes matinais.

Jung sozinho no quarto soltou um ar dos pulmões que sequer sabia que estava prendendo, abaixou a cabeça entre os joelhos e se encolheu sentado tentando manter a cabeça o mais longe possível das obsessões.

Conforme ele pensava em ficar longe de tudo, mais perto ele parecia estar. As paredes pareciam se fechar e em um pulo se levantou do colchão e se direcionou até a janela puxando as cortinas, abriu o máximo que era permitido.

Os dedos raspavam o couro cabeludo com certa força que chegava a sentir o ardor da raiz sendo forçada para fora e sua respiração descompassada tomava conta de si.

Ele tentou se concentrar no barulho do chuveiro ligado, água o lembrava clareza, clareza o lembrava casa, e casa era onde ele se sentia seguro. Seguro o fazia se sentir sozinho, e a solidão o tornava ainda mais agitado.

As batidas fortes na porta o fizeram girar nos calcanhares descalço e se direcionar para a porta. Segurou a maçaneta com a mão esquerda e logo antes de abrir trocou as mãos ali e puxou a porta com a direita.

Atrás da porta de madeira, o detetive se surpreendeu com um homem poucos centímetros mais baixos que ele. O rosto era magro com o queixo fino e pontudo, traços bem delicados que se tornavam ainda mais perfeitos com o cabelo castanho claro com alguns fios cobrindo a testa pequena.

Spilled Blood - sopeOnde histórias criam vida. Descubra agora